capitulo 15: "perdição"

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Depois daquele momento constrangedor, consegui desviar o olhar para a janela.
Não vi o que ele fez depois, apenas pude escutar ele caminhando até o fundo com passos apressados e fortes, como se estivesse com raiva.
Ele estava querendo me matar?
Porque fez isso?
Porque me olhou assim?
Estava com a horrível sensação de querer parar esse ônibus e sair correndo!, mas eu tinha um trabalho a fazer.

Por que ele veio?...

–o que ta rolando aqui?-Jessyka perguntou com uma expressão que eu não sabia decifrar, pois eu nunca a tinha visto assim.

–como assim?- perguntei

–o que aconteceu agora!, esse olhar entre você e o Roy! O que foi isso?!...- seus olhos imploravam por uma resposta.

Por que ela agia dessa maneira?, o que ela tinha? Eu não estava reconhecendo.

–nada Jessyka!, não tem nada!, você sabe como a gente não se suporta, ele deve ter ficado encomodado tanto quanto eu de estar viajando no mesmo ônibus, só isso!- me virei para a janela um pouco encomoda.

Ela pareceu se conformar com a resposta, se calou por um tempo, mas logo já estava de joelhos no banco e começou a cantar cool for the summer de uma das cantoras preferidas dela.

O professor já revirou os olhos, sabia que Jessyka era um poço de energia imparável.
As pessoas que sabiam acompanhavam.
E alguns garotos faziam sons com os bancos e a boca.

Ela conseguiu arrancar um sorriso de mim no meio daquilo tudo.

Tirei algumas fotos dos alunos, de onde estava mesmo, não queria levantar e arriscar encontrar os olhos de Roy em algum canto.
Do meu ângulo ele era invisível, o que me dava a sensação de que ele não estava aí.

Depois de um tempo Jessyka se cansou, sentou novamente e amarrou seus cabelos, agora em um degradê de roxos, num coque.
Colocou seus fones e seus óculos escuros.
Vasculhou algo na sua mochila.
Um refrigerante.
Colocou o canudinho e começou a tomar, quieta como uma criança e sua mamadeira.
Ela sabia que eu não bebia refrigerante, fazia isso para me "provocar".

–não adianta Jessyka, eu não vou tomar, nem se estiver morrendo de sede!

Ela aumentou o volume dos fones.

Revirei os olhos e voltei minha atenção à paisagem verde pela janela.
Chegariamos daqui a 3 horas.



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3 horas depois...

Acordei do meu cochilo depois de sentir o ônibus parar.
Olhei pela janela, tinhamos chegado.
Senti uma dor na testa, por ter dormido encostada no vidro da janela.
Jessyka estava encostada em meu ombro, com a boca aberta e os óculos tortos.

–Jessyka! Acorda, chegamos!

Ela acordou assustada e os óculos cairam no chão.

–o que?! Como!? Quando!?- olhou ao redor parecendo se lembrar aos poucos  onde estava.

–você é confortável Angel, achei que estivesse deitada na minha almofada com plumas de ganso...-falou preguiçosa esfregando os olhos.

–bom por você que não tem uma bolha na testa...

–hun? Porque?

–então galerinha!! Chegamos!! É aqui que vocês vão passar os melhores dois dias que ninguém nunca vai oferecer novamente!

Garoto InfernalOnde histórias criam vida. Descubra agora