capitulo 17: sorria mais por favor

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Todas as meninas estavam no quarto trocando de roupa, iriamos ir na plantação de ervilhas.
Vera fez um almoço delicioso, e eu estava amando essa sensação de casa acolhedora, não via a hora de acampar.
Como já estava pronta, fui esperar na sala.
O que eu estava achando estranho era o sumiço do professor Raphael e do Roy, não os vi mais depois do almoço.

Corri os olhos nas paredes repletas de fotografias.
O professor estava na maioria delas, montando em um cavalo, tocando instrumentos, em  meio à plantação, em meio às galinhas, no colo da mãe, com o pai na floresta cortando lenha, com vários gatos, com seus amigos, seu aniversário, com seu diploma, em viagens pelo mundo, com Meg e Zack, com os alunos que já trouxe...

Eram tantas fotos!, tantos momentos, e ele era tão jovem, mas já tinha vivido muito.

Depois de um tempo divagando, a porta da sala se abriu e Roy entrou acompanhado do professor Raphael, estavam rindo  de alguma coisa, e o sorriso de Roy era tão grande e sincero, daqueles que criam rugas ao redor dos olhos por não poder sorrir mais que aquilo.
O observei,  epor primeira vez, ele parecia feliz de verdade, e aquilo me causou uma emoção estranha.
Não perceberam minha presença de primeira, pois eu estava encolhida no enorme sofá, mas o professor logo me notou.

–Angel!, já estão todos prontos?

–ahm..sim, só estavamos esperando por vocês, onde estavam?...- a curiosidade era grande.

–aaah..estava mostrando os cavalos para Roy.

Roy assentiu, como se também me devesse alguma resposta.

–cavalos? Mas nós acabamos de vê-los no campo...

Se entreolharam, o que estavam escondendo? Eu não estava acreditando em nada.

–Eu queria aprender a montar cavalos- Roy respondeu calmo - porque tão curiosa?

Aquilo soou mais como " porque tão metida"?

–nada, só estava preocupada com o sumiço...-Roy sorriu- ...com o sumiço do professor!, temos um trabalho a fazer.

Ele revirou os olhos sem parar de sorrir.

–bom, vou me trocar e pegar o que vamos precisar, e encontro todos lá fora, ok?- o professor falava enquanto ia para seu dormitório.

–Ed!- Roy falou e o professor o encarou

–sim

–obrigado.

O professor assentiu com o olhar, senti uma conexão entre eles, um companheirismo... E o que diabos era "ED"??!!

–Ed?- perguntei confusa para Roy com o professor fora de área

–você faz muitas perguntas Park...

–sou jornalista!, jornalistas fazem isso.

–não creio que minhas respostas vão te dar algum tipo de boa matéria jornalistica.

–e não vão!, fiz só uma pergunta como qualquer outra, custa responder em vez de enrolar?!

–estou sem vontade...-falou sereno e foi até o quarto dos garotos como se nada.

Eu estava cheia de perguntas sem resposta, e me deixar curiosa não era algo que se deve fazer.
Eu era uma jornalista, e eu ia descobrir a verdade.

°°°°



Estavamos exaustos sentados na grama depois de colher ervilhas lisas, rugosas, verdes e amarelas para estudar.
O sol tinha saido e estava fritando nossas cabeças.
Tinha acabado de tirar algumas fotos, e alguns alunos ajudavam o professor a plantar algumas plantas e rega-las, Jessyka era uma dessas pessoas.

Meg e Zack estavam correndo um atrás do outro como duas crianças.
Estava limpando a lente da minha camêra quando Roy se senta ao meu lado.

–Acha mesmo que vai se tornar jornalista algum dia?

O encarei

–sim, é o que eu quero.

–querer não é poder...- disse com seu sorrisinho de sempre.

–mas se eu tiver determinação, vou conseguir.

–obvio, é só que eu não acho que você seja para algo desse tipo, você tem mais potencial.

Ri seco

–você sempre faz sugestões do que seria melhor pra mim!, mas não sabe nada sobre mim.

–talvez eu saiba...

–como? Olhando minhas redes socias?!, aquilo não sou eu, ninguém é o que está nas redes sociais.

–não, eu apenas te observo- olhou nos meus olhos- dá para saber muito sobre uma pessoa olhando em seus olhos, são a janela da alma!

Que Roy poético era aquele?
Desviei o olhar, novamente ele estava causando em mim aquela sensação estranha da qual eu queria fugir.

–se você pensa que vou te dar mais atenção do que já dei, pode esquecer!, agora me da licença, vou tirar algumas fotos.

Me levantei e ele seguiu minha ação, levantando juntamente.

–como pretende tirar fotos?

–com a minha camêra...-falei como se fosse a resposta mais óbvia do mundo, porque era a resposta mais óbvia do mundo!

–que camêra?..

Ele já estava me estressando!

–com ess...

Coloquei minha mão na minha bolsa e não senti a camêra.

Olhei para ele que sorria.

–essa camêra?- falou ele tirando de trás das costas a camêra em sua mão.

–com..por..o que?!, me devolve- falei estendendo a mão

–acho que estou sem vontade- falou calmo andando alguns passos para trás

–Roy...., não me faça ir atrás de você!- falei sem paciência

Ele apenas caiu na gargalhada, e aquilo foi a gota d'água.
Comecei a ir até ele, mas ele começou a correr, não tive outra opção, a vontade de esgana-lo era maior.

Meg e Zack entraram no ritmo do Roy, começaram a correr atrás dele, e de vez em quando quase o derrubavam, não tive como não rir de Roy tropeçando, a imagem dele se esfarelando no chão era hilária.
Mas me dei conta que se ele caisse a camêra iria junto.
Ele também estava rindo, achando aquilo tudo muito divertido.

–me devolve, antes que você derrube!! Isso não é um brinquedo.

Consegui chegar perto dele, quando o segurei pelo casaco Zack se colocou na frente do Roy, e ele tropeçou...me levando junto!
Quando vi já estavamos rolando ladeira abaixo.

Tudo girou girou e girou.

Até que os dois conseguimos parar juntos, justo antes de cairmos no lago que estava ali.

Olhamos para o lago com o coração na mão, ele segurava forte meus braços e eu os seus.
E só ai percebi ele em cima de mim.

Nos encaramos, e a proximidade me deixou sem ar, ele me olhava com aqueles olhos... Que eu ...gostava que me olhasse.





E sem mais, ele me beijou.

E eu ousei corresponder por dois segundos.









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Capitulo 18 ainda hoje!

Aguardem.

Garoto InfernalOnde histórias criam vida. Descubra agora