Au Pair | Elizabeth Olsen & Sebastian Stan

Capítulo 4

O sol estava gigante e lindo do lado de fora da janela, assim como quase todos os dias daquele mês. Era sábado e eu estava no quarto das crianças sendo esmagada por North em sua cama enquanto éramos observadas com gargalhadas por Nate de seu berço.

— Socorro! Eu preciso de ar! — disse em meio a risadas enquanto North não parava de pular em cima de mim.

— Se você continuar fazendo isso, vai ficar sem babá, North. — Ty havia entrado no quarto e, depois de suas palavras, North finalmente me deixou livre, fazendo com que eu tentasse respirar normalmente.

— Obrigada. — agradeci com a voz baixa a Ty, que estava encostado no batente da porta do quarto de seus filhos com os braços cruzados sorrindo, parecia admirar a cena.

— Você pode me ajudar a arrumá-los, Izzy? — ele falava, indo em direção ao berço e pegando o bebê. — Pensei em levá-los ao parque e depois a gente podia almoçar fora. — ele completou.

— Obaaa! Parque! — North pulava feito uma maluca na cama. — Parque! Parque! — repetia as palavras.

— Acho que alguém gostou da ideia. — disse, sorrindo, sendo acompanhada de Ty.

Depois de arrumar North, fui me arrumar, já que Ty havia ficado encarregado de arrumar Nate. Vesti um short curto azul, e uma camiseta branca, com sapatilhas. Meus cabelos estavam soltos e meio liso.

— Chega, papai. — ouvi a voz de North ao descer a escada e encontrei a garotinha mais branca do que já era, já que seu pai estava praticamente dando um banho de protetor solar na criança. — Izzy, pede pra ele parar. — ela disse emburrada.

Fiz um pequeno discurso sobre como o sol estava quente e ela rapidamente deixou seu pai terminar de passar o protetor solar. Sem dúvidas, North não aguentaria cinco minutos no Rio de Janeiro. Depois de eu fazer o mesmo com o bebê, já estávamos prontos para irmos.

— Onde está Leah? — perguntei a Ty, curiosa, antes de entrar no carro.

— Foi passar o final de semana na casa dos pais dela. — disse, dando de ombros. E, como eu já havia dito, era claro que eles não estavam bem. Que pessoa em sã consciência perde um sábado em família com um dia lindo desses?

Assim que chegamos ao parque, North já foi correndo para alguns brinquedos que ali tinham. Ty e eu caminhávamos com Nate e minha garganta estava coçando para puxar assunto sobre Leah, eu precisava saber o que estava acontecendo.

— Sabe, Izzy... — não foi preciso. Ty logo tocou no assunto. — Eu acho que eles sentem falta dela. — ele disse e, antes mesmo que eu pudesse responder, afastou-se, indo em direção a um banco que tinha ali perto de uma árvore, fazendo com que ficássemos na sombra por causa do bebê, mas, ainda assim, de olho em North.

— Sem dúvidas... — soltei, sentando-me ao seu lado e cruzando as pernas.

— Leah e eu começamos tudo muito cedo, e olha como estamos agora. — a voz dele parecia triste. Aparentemente, Ty não estava feliz pelo que estava acontecendo.

— O que houve entre vocês? Digo, o que há? — disparei a pergunta que eu queria fazer há muito tempo. — Desde que eu cheguei, eu reparei um clima muito estranho... — eu não queria ser indelicada. E não estava sendo. Eu morava com eles, já existia uma intimidade muito grande entre todos nós.

— Quando a gente namorava na escola, era exatamente como você vê nos filmes daqui... — ele começava o assunto. — Eu era capitão do time! — Ty disse e, por um momento, vi seu peito se encher de orgulho. — E Leah era líder de torcida... Irônico, não? — ele me olhou e eu ri, abaixando a cabeça e analisando minhas mãos. — Nós namorávamos e tenho que admitir que ela fazia jus a uma líder de torcida. — ele apoiou suas mãos para trás, jogando seu corpo e sentindo a sombra daquele dia quente. — Mas eu não ligava... Eu era novo e só queria ter a garota mais bonita comigo. — ele continuou contando sua história e disse que, quando Leah engravidou, ele entrou em desespero.

Disse que, por um momento, pensou em fazê-la abortar, mas que hoje olha para North e agradece muito por não ter feito isso. Ty contou que logo que a menina nasceu, eles foram morar juntos, já que a família de ambos tinham uma ótima condição financeira e não foi difícil ganhar uma casa mobilhada.

— No início, foi foda... — ele contava e eu apenas o escutava atentamente. — Eu não dava atenção nem para ela nem para North. Saía direto com os caras, chegava bêbado, ficava com outras meninas...

— Paaaaai! — North vinha correndo ao encontro de Ty, interrompendo-o. — Caiu areia. — ela dizia com um olho fechado, fazendo bico. Ty riu e rapidamente molhou o olho da pequena com um pouco d'água que havíamos comprado minutos atrás. Não durou muito e logo ela já estava de volta, brincando.

— Ou seja, você era um canalha. — falei sincera e Ty bufou. Mas não em contentamento, e sim concordando. Ele disse que, depois de um tempo, ele começou a reparar no que ele tinha, que era uma família. E, como um susto, ele mudou da água para o vinho.

— Mas a Leah sempre foi muito difícil de lidar, nunca nada é suficiente, nunca nada tá bom... Ah, e outra... — ele dizia levantando seu corpo. — Ela me culpa todos os dias por ter perdido a juventude dela, como se tivesse sido só minha culpa. — ele falou e eu balancei a cabeça, em sinal de negação. Não era justo ela fazer isso. Foi um erro dos dois.

— Isso não é certo, ela não tem o direito de fazer isso... — eu disse e ele concordou.

— Com o tempo, eu fui perdendo o interesse por ela, sabe. — ele disse dando de ombros e eu mal pude acreditar no que ele havia me dito.

— Nossa... — falei, processando toda informação que eu havia recebido. — Eu a acho tão linda...

— E ela é! — ele me interrompeu. — Eu sei disso... Quando eu namorava com ela, costumava dizer que ela era a mais sexy que eu já havia comido. — ele soltou e, por um momento, travou. Olhei para Ty, que estava com os olhos arregalados. — Desculpa, eu... Eu não quis... Dizer comido. — ele falou nervoso e eu gargalhei.

— Tyler, por favor, eu não sou a North! — falei parando de rir e ele suspirou aliviado.

— Concluindo... Não adianta absolutamente nada ela ser linda, ou sexy... — ele continuava com seu olhar vago. — Ela não tem conteúdo, e eu já aturo isso há muitos anos, chega uma hora que cansa. — ele falou, olhando seus filhos e eu pude ter certeza de que Ty estava com Leah até hoje apenas por causa das crianças. — Um corpo sexy pode me dar prazer por uma noite... Mas uma mente sexy vai me dar prazer pelo resto da minha vida e eu ainda não encontrei alguém assim. — ele falou por fim virando seu rosto me encarando. — E esse alguém definitivamente não é ela. — finalizou.

Eu preferi não opinar sobre a atual situação de Ty. Não queria dar palpite na vida alheia. E tinha certeza de que essa conversa serviu muito mais do que para matar minha curiosidade... Serviu para que Tyler desabafasse. E, no momento, se ele estava se sentindo bem, eu também me sentia bem.