Capítulo 5

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— Izzy! — ouvi uma voz longe me chamando, mas minha mente ainda estava adormecida. — Izzy! — rolei minha cabeça no travesseiro. Balbuciei algo indecifrável e só despertei com as batidas da porta do meu quarto, seguidas da voz de North.

— Já vou. — falei sonolenta, esfregando meus olhos e rolando da cama.

— Até que enfim! — a garotinha dizia com as mãos na cintura, parecendo estar emburrada. Sorri com a cena. — Tem sol e tá calor! — ela continuou. — Coloca um biquíni e vem. — falou como se desse um ordem.

Antes de eu falar algo, ela se virou e desceu as escadas. Ri sozinha e fui até a janela do meu quarto que dava direto para os fundos da casa. O céu estava azul. O calor que ela disse não é nada comparado ao que eu estava acostumada, o clima estava ameno. Vi Ty na piscina brincando com o bebê, logo se juntando a North, que já havia descido. Coloquei um dos biquínis que eu havia trazido e fui ao encontro da minha host family.

— Oba, Izzy. — North se soltou dos braços de seu pai e nadou até a beira da piscina. Ty estava de costas e, na mesma hora em que se virou, paralisou seu olhar em mim.

— Ai, que gelada! — disse assim que a garota saiu da piscina e me abraçou toda molhada.

Encarei Ty de novo e jurava ver um sorrisinho no canto de sua boca. Ou talvez fosse fruto da minha imaginação, já que cairia perfeitamente com a cena. O pequeno Nate boiava em uma enorme boia em forma de baleia, e, se fosse classificar por suas risadas, aquilo era a única coisa que ele precisava para ser feliz.

— Você passou protetor nas crianças? — perguntei a Ty, andando calmamente em volta da piscina.

— Quer me ensinar a ser pai, Izzy? — ele perguntou, nadando até a borda próxima, ficando exatamente de frente para onde eu estava. Ty juntou seus dois braços e apoiou na borda, pressionando seus músculos e fazendo-os ficarem maiores do que realmente eram. Seu olhar subiu desde meus pés, admirando minhas coxas, analisando minha barriga, passando por meus seios e finalmente me encarando. — E você, passou? — ele perguntou e, por um momento, imaginei as mãos de Ty passeando pelo meu corpo enquanto passava protetor. Arregalei os olhos com meu pensamento e respondi de imediato:

— Sim! — me joguei na piscina em seguida para tirar aquelas coisas absurdas da minha mente.

Passamos a manhã inteira na piscina. Ty se encarregou do almoço. Tem marido melhor do que esse? É uma pena Leah não dar valor e não aproveitar a família que tem. Falando nela, a mesma só voltou da casa de seus pais à noite. Estressada, teve uma pequena discussão com Tyler, o que já estava se tornando normal, e ainda brigou com as crianças por motivos bobos.

Muitas meninas que fazem intercâmbio de au pair têm problemas com sua host family. Comigo não era assim quando eu estava com Ty e as crianças, porém, era só Leah se aproximar, que o inferno começava. Conforme o tempo foi passando, Leah começou a mostrar suas garras. Ela não era um doce, como eu imaginei assim que a vi na porta de casa quando cheguei. Leah estava confundindo au pair com empregada.

Eu tinha sim que ajudar na casa e cuidar das crianças, porém, o programa tem um horário para isso. E ela não estava respeitando. Eu não ligava de ficar com North e Nate em meus horários vagos, até porque, graças a Deus, eu não peguei aquelas crianças americanas mimadas e conturbadas, os dois eram uns anjinhos. Porém, Leah não pedia com educação, ou simpatia, ela era sempre estúpida comigo.

Quando ela estava em casa, eu ficava o máximo longe da mesma e evitava conversar com ela. Com Ty, já era ao contrário. Ele não me tratava como empregada ou algo parecido, para ele, eu era uma amiga da família, e, segundo o mesmo, estávamos nos tornando cada vez mais íntimos. A cada dia que passa, eu reparava mais em Ty. Não tinha como não reparar. Eu até andava saindo com Kim e Perrie, mas, desde que cheguei, não conheci nenhum cara que me atraísse.

Infelizmente, o único americano por quem eu me sentia atraída morava na mesma casa que eu, tinha filhos e era casado. E até podia ser loucura minha, mas talvez, Ty também me achava atraente, e eu tive certeza disso depois da conversa que escutei com seu melhor amigo.

Era quinta feira a noite, Leah não estava em casa — como sempre –, e Ty estava na sala, assistindo a um jogo de basquete com seu amigo, Josh. Ty já havia me falado de seu amigo. Eles se conheceram no colegial, e, desde então, eram melhores amigos. Os dois também tinham um outro amigo, chamado Scott. E eram como três mulheres, jamais se desgrudavam. Josh foi padrinho do casamento de Ty e Leah, e também era padrinho de North. Era uma amizade importante para Ty e ele já havia deixado isso claro para mim.

Eu estava com as crianças no quarto, brincando de teatro. North era uma princesa e eu era a bruxa. Exatamente. A bruxa. North me maquiou e me colocou roupas terríveis, e eu realmente parecia uma bruxa. Nate era nosso telespectador, e, apesar de não entender nada, ria sem parar. North já havia reclamado de fome pela terceira vez e eu resolvi descer e ir até a cozinha para que pudesse pegar algo para enganar seu estômago até a hora do jantar.

Descendo a escada, eu já podia ouvir as vozes de Ty e seu amigo junto com o barulho do jogo na televisão.

— Onde essa au pair se esconde que eu nunca a vejo? — a voz do amigo de Ty se pronunciou e eu parei na escada antes que pudesse completar os degraus. — Quero ver se ela é realmente gostosa como você disse. — Josh completou e, na mesma hora, eu arqueei minha sobrancelha e levei minha mão até minha cintura. Eu realmente tinha ouvido aquilo?

— Cala a boca, Josh. — Ty falava rindo. — Daqui a pouco a Leah chega e ouve você dizendo isso. — ele terminou. Segurei-me no corrimão e forcei meus olhos para ver os dois que estavam jogados no sofá.

— Só estou repetindo suas palavras. — Josh falou, bebendo sua cerveja e Ty deu o dedo do meio para ele.

— Ela deve estar com as crianças... É foda conviver com ela todos os dias e lembrar que só tem vinte um anos. — eu escutava cada palavra da conversa dos dois e ainda não acreditava que o assunto era ninguém mais e ninguém menos do que eu. — Sem falar que tem a Leah, né... — e o assunto foi interrompido por um ponto que o jogador havia feito e ambos começaram a comemorar.

Recuei imediatamente, voltando para o quarto das crianças. Então, era verídico... Ty realmente se sentia atraído por mim. Eu mal podia acreditar.

— Não trouxe nada, Izzy? — North fez um carinha triste e só então eu me lembrei do meu objetivo em ter descido.

— Erm... — eu voltava ao meu foco. — O jantar já está quase pronto, então achei melhor esperar. — menti. A pequena reclamou um pouco, mas logo depois voltamos a encenar e finalmente a princesa conseguiu roubar o veneno que a bruxa havia preparado, e assim foi o resto da minha noite.

Au Pair | Elizabeth Olsen & Sebastian StanOnde histórias criam vida. Descubra agora