Capítulo 7

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Desde que cheguei ao país, eu falava sempre que podia com meus pais. No início, as ligações eram mais constantes. Não era sempre que eu podia telefonar para o Brasil. Naquela manhã, eu passei um bom tempo no telefone com eles, e pude ouvir minha mãe chorar de saudades. Nós sempre fomos muito unidas, e, desde que o casamento dela com meu pai esfriou, eu era sua única companhia. E agora, imagino que ela estaria se sentindo sozinha, o que me parte o coração só de pensar.

Era sábado e, para minha infelicidade, Leah estava em casa. Eu estava na cozinha ajudando as crianças com o almoço, enquanto ela arrumava os armários sem nem me olhar. O que eu não fazia questão nenhuma. Nate não parava de brincar com a comida e eu pude prever o acontecimento seguinte, quando ele derrubou tudo no chão.

— Eu limpo! — falei imediatamente quando Leah olhou de rabo de olho para o que o filho havia feito.

— Claro. — ela disse estupidamente e eu bufei. Ty adentrou no local e parou ao olhar para mim e para Leah. Sem dúvidas, tendo o acontecimento de ontem de volta na cabeça.

— Pai, aonde você vai? — North perguntou de boca cheia, fofa como sempre.

— Vou visitar a vovó! — o pai da menina se explicou.

— Ah, também quero. — ela falou, já se levantando.

Tyler rapidamente deu um jeito de enrolar a pequena, dizendo que combinaria de ir noutra semana, deixando North aos prantos, apenas de birra. Ty não trocou uma palavra sequer com Leah, e, ao me olhar, apenas sorriu. Um sorriso simples, que me passou a confiança de que estava tudo bem.

Passei a tarde inteira com as crianças. A maioria do tempo, dentro do quarto, para que eu não precisasse aturar Leah. Já era mais de seis da tarde e eu estava em meu horário vago. Recebi a ligação de Perrie dizendo que ela e Kim sairiam e queriam que eu fosse junto. Elas fariam algo que desde que cheguei eu não fiz, e não via a hora: compras!

— Um selinho? — Kim disse, fazendo careta. — Achei que o Jeremy fosse mais esperto. — ela falou e eu dei um empurrão em seu braço.

— Palhaça! — falei rindo. — Não é isso... — expliquei-me enquanto me distraía com mais uma loja pela qual nós passávamos. — Eu só não dei liberdade, e ele percebeu isso. — expliquei.

— Qual é seu problema, Izzy? — Perrie me olhou assustada e eu a encarei, confusa. — Até eu daria liberdade para ele... Não só liberdade, daria tudo que ele quisesse. — Perrie disparou e eu e Kim gargalhamos com o comentário da mesma. Instantaneamente, a cena do beijo entre Ty e eu me veio a cabeça. E, talvez, aquele fosse o motivo de eu não ter dado liberdade para Jeremy.

— Mas vão ter outras oportunidades... — Kim piscou o olho e sorriu um tanto quanto pervertida.

Eu rolei os olhos ao ver aquilo. As duas disseram que passariam o final de semana em Nova Iorque, e eu mal pude acreditar quando elas me convidaram para ir. Se eu viesse aos Estados Unidos e não conhecesse Nova Iorque, seria meu fim.

Depois de muitas compras... Eu disse muitas? Milhões. Acho que eu havia comprado tudo o que eu queria e não consegui desde que cheguei. Nós paramos em frente a um salão de beleza, e Perrie estava quase nos obrigando a entrar.

— Meninas, por favor! — ela pedia. — Por favorzinho! — ela insistia e, por um momento, eu vi North ali, já que a mesma parecia uma criança pidona.

Não que eu não goste de me arrumar, mas nós estávamos cerca de três horas fazendo compras. A única coisa que eu queria era comer e ir para casa. Porém, nada feito. Perrie realmente nos convenceu e, quando dei por mim, já estávamos lá, fazendo tudo o que temos direito. Dando uma repaginada no visual.

— O que vocês acham de eu pintar de roxo? — Perrie perguntava e eu arregalei meus olhos com a pergunta da minha amiga. — Cansei do cinza. — ela falava.

— Acho que vai ficar demais! — Kim disse animada enquanto o cabeleireiro cortava seu cabelo.

Quem sou eu para falar algo. Ao contrário delas, não radicalizei. Apenas cortei o cabelo em camadas, sem tirar o comprimento, retoquei a cor e fiz uma escova, junto com uma hidratação. Mas, mesmo assim, deu uma mudada e, quando saímos do salão, eu estava me sentindo uma diva. Com o visual repaginado, cheia de compras. Isso sim era vida.

Depois de lanchar com as meninas, fui para casa. Havia passado uma noite maravilhosa com elas. Deixei o carro na garagem e adentrei ao local.

— Wow, Izzy! — fui recebida imediatamente por North, que estava deitada no sofá da sala com seu pai. — Que linda. — a pequena disse, abraçando-me e eu retribuí com um pouco de dificuldade pela quantidade de sacolas. Ty me olhou e sorriu.

— Eu queria conversar com você sobre minha folga, Ty. — falei, deixando minhas bolsas no chão. Eu tinha direito a uma folga por mês e, como havia surgido a viagem, queria aproveitar.

— Eu também quero. — ele falou sério. — North, já passou da hora de dormir. — ele puxou a mesma a abraçando. — Vai subindo que daqui a pouco eu passo no seu quarto. — Ty finalizou. A menina veio até mim, dando um beijo de boa noite, subindo e me deixando sozinha com Ty.

— Então... — falei, aproximando-se e sentando na poltrona em frente ao sofá em que ele estava. — Eu tenho uma viagem para Nova Iorque esse final de semana, e gostaria de saber se posso usar minha folga para ir. — Ty prontamente me respondeu, dizendo que eu poderia ir e falou que eu amaria Nova Iorque, o que me deixou mais animada ainda.

— Izzy... — ele se ajeitou no sofá, passando as mãos freneticamente em seus cabelos. — Eu queria falar com você sobre... — Ty parecia apreensivo. — Sobre o que aconteceu entre nós dois. — ele falou agora com o tom de voz mais baixo, já que Leah estava em casa. Engoli seco e encarei Ty. Ele apoiou seus cotovelos no joelho e juntou suas mãos.

— Ty...

— Foi errado e eu agi por impulso. — ele me interrompeu e eu senti uma pontada em meu peito. Eu sabia que aquilo havia sido errado. Só não queria escutar da boca dele. — Vamos esquecer isso e fingir que nunca aconteceu, ok? — falou, seco. Ty mantinha seu olhar no chão, ao contrário de mim, que o encarava.

— Ok! — respondi.

Ele estava certo.O que eu queria? Que depois do nosso beijo nós virássemos um casal? Isso era ridículo. Ty era casado, tinha uma família e estava apenas me acolhendo por causa do intercâmbio. E eu tinha que aceitar.

— Ai! Ai! — North reclamou com a voz chorosa assim que chegamos em casa. Eu tinha acabado de buscá-la na escola. Deixei o pequeno Nate no cercado e fui até a menina.

— O que foi, North? — perguntei preocupada, já que a mesma fazia careta de dor enquanto segurava sua barriga.

Ela me explicou que estava sentindo dores fortes na barriga. Depois de dar banho no bebê e ajudá-la no banho, dei o remédio necessário para North, que logo adormeceu no sofá da sala enquanto via um filme, junto com seu irmão. Fui arrumar a pequena bagunça que eu havia feito na cozinha e dei de cara com Leah chegando em casa. Nós não conversávamos mais, porém, era algo importante.

Avisei sobre o que havia acontecido com North e qual a medicação que eu havia dado. A loira apenas agradeceu. Aquele clima entre mim e Leah não era bom. E eu não queria que continuasse. Porém, não dependia só de mim. E Leah não dava abertura nenhuma para mudarmos isso.

Subi para o meu quarto e, após um banho relaxante, me joguei na cama de moletom com os cabelos molhados e entrei na internet para conversar com meus amigos. Senti meu celular vibrar e rapidamente o encontrei, vendo uma mensagem de um número não conhecido. Esbocei um sorriso bobo ao ver. Quando vou te ver? Era Jeremy.

Era claro que eu queria vê-lo novamente. Eu precisava me distrair e me divertir, ora. Eu estava vivendo o sonho da minha vida. Eu estava nos Estados Unidos. E nada me impedia de aproveitar meu tempo com um americano lindo.

Au Pair | Elizabeth Olsen & Sebastian StanOnde histórias criam vida. Descubra agora