três

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"I know you want to"

Remexia-me na cama, sem conseguir voltar a adormecer.

Eram quase duas da tarde, há meia hora que estava acordada, a pensar na melhor mentira para justificar o facto de ter faltado ao almoço, sabendo que o meu pai exigia a família reunida ao Sábado.

Espreguicei-me, acabando por levantar os lençóis. Dirigi-me à casa de banho do quarto, onde tomei um duche rápido.

Enquanto descia as escadas, preparava-me mentalmente para ouvir o meu pai.

Adentrei na sala de jantar, onde os meus pais estavam. Ian, assim que a minha voz invadiu o espaço, olhou-me meio preocupado.

Nesse instante, o meu pai também me olhou, o que me levou a crer que não fui tão discreta quanto precisava ser na noite anterior. Aliás, ás quatro da manhã, hora que havia chegado da festa.

Sentei-me de frente para Ian, sem tirar os olhos da tigela que agora enchia com leite e cereais.

- Vou perguntar-te uma única vez, espero que sejas inteligente e penses duas vezes antes de responder.

Encarei o meu pai, desistindo de criar mil e uma mentiras na cabeça.

- Estive com a Alexis. - Murmurei, mesmo antes de ter oportunidade de fazer a pergunta. - Ela não se estava a sentir bem e eu sabia que não me ias deixar sair.

Ocultar um pouco, modificar algumas coisas, pois não tencionava mencionar a festa.

Assim, talvez o castigo não fosse tão mau quanto poderia ser.

- Não tem os pais para a ajudar?

- Se fosse nesse aspeto sim, mas não era. A Alexis precisava de conversar e eu decidi ir ter com ela.

- Sem pedir autorização? A chegar ás quatro da manhã? Pelo menos uma mentira mais bem formulada, não Ivy?

- Peço desculpa. - Voltei a olhar para a tigela com os cereais. - Não vai voltar a acontecer.

- Posso saber como saíste de casa?

- Pela porta. - Respondi o óbvio, mesmo sendo mentira.

Os meus pais entreolharam-se e a discussão passou para a minha mãe, que se mantinha em silêncio.

A minha mãe sabia o quão controlador o meu pai conseguia ser.

Chegava até ir contra a sua palavra, pois não concordava com a maneira de agir perante a família. Explicava-lhe inúmeras vezes que não estava no trabalho e que não éramos criminosos para estar presos em casa.

No entanto, o meu pai não dava o braço a torcer e arranjava forma de ter a razão do seu lado.

Muitas vezes, a minha mãe apenas silenciava, sabendo que não adiantava continuar a apresentar argumentos para mudar a sua maneira de ver as coisas.

Era simplesmente impossível.

Estranhei o facto de não ter mencionado qualquer castigo, pedindo apenas que fosse para o meu quarto estudar.

IVY  ➛  JUSTIN BIEBER Onde histórias criam vida. Descubra agora