Capítulo 4

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Edward acordou quando Victoria, sua gerente, bateu de leve na porta do seu escritório, já tarde da manhã seguinte.

— Victória. Você é a visão encantadora, como sempre, mas espero que sua beleza venha acompanhada de boas notícias esta manhã. Estou precisando.

A mulher de cabelos ruivos deu risada. – Eles ensinam charme para homens franceses da mesma forma que ensinam a dizer por favor e obrigado?

— Você não sabe que faz parte da nossa genética? Ele levantou uma sobrancelha, ansioso, enquanto Victoria ria. Ela percebeu e se aquietou.

—Não se preocupe, o chef que você contratou acaba de chegar. Estamos salvos, ela disse.

— Deus te abençõe, disse Edward, sentimental. Deu o último gole do café com leite que segurava e ficou de pé, pronto para os negócios.

Embora fosse relativamente novo em Chicago, conseguira criar uma rede de contatos profissionais na indústria dos restaurantes. Um amigo informara que um chef qualificado tinha sido recentemente demitido do Chez Pierre. Como já tinha experimentado a comida de Jacob, Edward não quis perder a chance, apesar do aviso que acompanhou a indicação: " Jacob Black é um chef excepcional, mas muito temperamental", o amigo dissera.

— Existe algum chef que não seja?, Edward respondeu ironicamente.

Tinha acordado cedo e iniciado a tarefa de contatar Jacob, que se mostrou arredio, tanto no sentido prático, como no físico. Ficara insultado perante a proposta de contrato provisório, com a renovação dependente dos resultados. Afinal, o restaurante era conhecido pela mistura da culinária francesa com a marroquina, e nem todos os chefs se sentiam à vontade com as sutilezas da combinação. O chef de origem espanhola tinha sido irritantemente vago no compromisso de aparecer pela manhã, por isso o enorme alívio de Edward com a notícia de Victoria. Já sabia que Jacob era uma aposta no estilo ou tudo ou nada.

—Você pode pedir a ele que venha ao meu escritório para cuidarmos do contrato?, pediu.

—Ele?

Edward tirou os olhos do ato de pegar o contrato sobre a mesa. Sua pele se arrepiou com cautela quando viu uma expressão perplexa de Victoria.

— É ela?, ele perguntou lentamente, chegando a conclusões com relutância.

— Bem...sim. Fiquei surpresa por ela ser tão jovem, mas já colocou Tyler e Sam sob comando, respondeu Victoria, se referindo aos dois assistentes da cozinha. – Com certeza ela tem o dom de mandar. Victoria estudou Edward com ansiedade quando ele largou os papéis e deu a volta na mesa. – Edward? Você estava esperando outra pessoa em vez da srta. Swan?

— Sim. Como sou idiota, ele murmurou com uma raiva mal contida. Aquela diabinha tem mais coragem do que um peão de rodeio bêbado. Como ela ousa desafiá-lo? Victoria se recostou à parede, parecendo levemente alarmada, quando Edward passou voando por ela.

Com o sangue fervendo, ele espiou pela janela da cozinha, avaliando a situação e tentando se acalmar antes de entrar. Bella estava de pé atrás de uma mesa de metal com uma caçarola na mão, conversando animada, sorrindo. Por alguns segundos, ele ficou parado, observando-a fascinado apesar de tudo. Ela era como uma chama acesa.

Voltara, mesmo com o aviso. Ele teria de lidar com essa maldita atração que sentia por ela. Não seria derrotado. Esperava ao menos conseguir controlá-la. Tinha sido covarde ao mandá-la embora. Sim, ela dava trabalho, mas algumas coisas eram inevitáveis. Assim como Bella fizera ao desafiá-lo voltando para a vida dele.

— Picar não é tão ruim, ele ouviu Bella dizer por uma fresta na porta. – Eu tinha um joguinho que sempre me divertia quando o monsieur Eratat...ele era o professor mais bravo e cruel do La Cuisine. Me mandava moer. Eu fingia ser um barbeiro e me imaginava cortando o bigodinho ridículo dele até ficar rente ao nariz gordo. Claro que eu fazia fatiazinhas bem minúsculas e perfeitas para prolongar a tortura. A gargalhada brilhante de Bella se misturou às risadinhas masculinas. – Até o monsieur Eratat admitia para a classe que ninguém picava tão fininho quanto eu, acrescentou com um sorriso na voz.

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