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Fiquei esperando Kyle dentro do carro, meus olhos percorriam todo o terreno e me fazia parecer descontrolada. Ele estava demorando. De algum jeito Harry estava ali, sei que Kyle não era seu amigo e que se o visse faria questão de lhe dar uma surra.
- Anna. - meu coração se quebrou em mil pedaços ao ouvir aquela voz. Me virei e vi Harry do outro lado do carro olhando pela janela. Não expressei reação. - Sou eu, Harry. Um amigo me chamou pra vir à festa e eu me surpreendi ao ver que era da minha irmãzinha. - riu.
Meus olhos se encheram de lágrimas, como ele podia ser tão insensível e hipócrita? Por que estava acontecendo isso justo no meu aniversário.
- Não vai me cumprimentar? A mamãe não nos ensinou isso. - riu novamente. Eu estava me irritando com ele.
- A mamãe também não nos ensinou a trair a familía. - murmurei.
- Disse algo? Venha, deixe eu lhe dar um abraço. - tentou abrir a porta do carro, mas felizmente não teve sucesso.
- Sai daqui, eu não quero abraço, quero que suma da minha vida. - abri a porta e desci do carro, ele continuava com aquele sorriso sujo no rosto.
- Poxa, não seja tão boba. - começou a caminhar até onde eu estava.
- SAI DE PERTO DE MIM. - o empurrei e corri, acabei esbarrando em Kyle que me olhou assustado e então me abraçou. Harry se aproximou de nós e estendeu a mão para Kyle que recusou o cumprimentar.
- Quanto tempo, Kyle Reed!
- O que você está fazendo na minha casa? - Kyle parecia furioso.
- Um amigo me chamou, aliás, que casa ein, eu sabia que a vadia da sua mãe havia se casado com seu pai por dinheiro. - riu forçadamente.
- Olha aqui, não fale da minha mãe... - Kyle me soltou e tentou agredir Harry que se esquivou e começou a gargalhar. - ASSASSINO, VOCÊ É COMO ELE. - gritou para Harry que não mudou sua feição de divertimento.
- Kyle, deixe ele ai, vamos embora. - tentei pedir, mas minha voz pareceu não existir. Segurei o braço de Kyle e o puxei para perto de mim. Atrás de nós ninguém se quer desconfiava que ali ocorria uma discussão.
- Suma da minha casa, agora!
- Tudo bem. Me permita me despedir de Anna. - tentou se aproximar, mas recebeu um soco no olho esquerdo e tapou o rosto com uma das mãos, eu chorei ao ver como aquele ser era vazio e o pior era saber que o mesmo sangue percorria suas veias. Harry riu, nos olhou com raiva e saiu andando. Ele se foi.
- Eu... - eu não sabia o que seria de mim, cai sobre os joelhos e chorei, foi a única coisa que consegui fazer.
- Anna. - se abaixou na minha frente e me abraçou, senti suas lágrimas molharem minha pele, Kyle estava chorando também. - Me perdoe, Anna. - beijou minha face. - Eu não tinha ideia de que esse idiota estava aqui.
- Você não tem culpa...
- O que aconteceu? - vi Hazel e o rapaz moreno da pista de dança se aproximarem rapidamente de nós. Ela se jogou do meu lado e me abraçou, mesmo sem saber o porquê de minhas lágrimas.
- Harry. - disse baixinho e ela apenas confirmou com a cabeça que havia entendido. Todos, incluindo o rapaz moreno que acompanhava Hazel me levaram até o hotel e perguntaram se eu preferia ficar sozinha, eu disse que seria melhor e então os vi sair pela porta. Esse foi o segundo pior dia da minha vida. Me joguei na cama e abracei o travesseiro, não haviam mais lágrimas, no entanto minha mente insistia em me sufocar com toda aquela cena. Eu odiava Harry.

- Anna, anna, acorde. - minha tia me olhava com desespero e a sirene de uma ambulância iluminava o local. - Anna, meu amor. - eu estava tonta e aqueles sons ecoavam em minha cabeça. Vi Clary deitada em uma maca, pálida e morta. Na sua juvenil face não se encontrava o belo sorriso de todas as manhãs, não havia vida ali. Minha tia voltava a gritar comigo, desesperada, desamparada e eu a ouvia claramente agora. - Você está viva. - disse com alívio.
- Tia. Onde está Harry? - me levantei bruscamente.
- Cuidado, Anna. Seu irmão não estava em casa, vocês sofreram um assalto e seus pais e Clary acabaram morrendo por reagirem. - disse em prantos.
- MENTIRA! - gritei e corri até um dos policiais. - Senhor, isso não foi um assalto. - tentei contar a real versão.
- Tirem-na daqui. - levantou a mão dando a ordem e me levaram para dentro da viatura policial.


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