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Dedico este cap. à OceanoEditorial :)


Eu vou fugir daqui, pensei. Planejei mentalmente sair sem que me vissem, abandonar Matt em Portland, chegar em casa e pegar minhas coisas, contar para Hazel a verdade e comprar uma passagem para a última linha de ônibus Portland-Seattle. Era o melhor a se fazer agora.
- Vou no banheiro! - avisei para Matt que colocava os pratos na mesa de mármore cinza.
- Tudo bem. - sorriu. - Não demore muito.
- Isso, você pode brincar conosco. - uma das crianças falou animada.
- Posso sim. - sorri e olhei para Matt pela última vez. - Eu amo você. - sussurrei. Atravessei o corredor principal da casa e entrei em um dos quartos, não havia ninguém e eu escutava perfeitamente a voz rouca do homem que há tempos destruíu minha família. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Hazel, pedi para que me buscasse e deixei claro que se tratava de uma emergência.
Ecoou do corredor o som quase inaudível de passos no piso de madeira antiga. Eram passos leves, calculados para que eu não os escutasse. Era ele. Eu precisava sair dali.
Me levantei e corri para trás da porta, coloquei o celular na bolsa e segurei a respiração. Ele entrou no quarto e ficou imóvel perto da cama de casal, observou cada detalhe e sorriu.
- Eu sei que está ai. - disse sem emoção. - Sei que está me ouvindo e sei que o destino me trouxe uma bela surpresa esta noite, não? - deu dois passos para frente e parou. - A única que Harry me pediu para poupar, sabe por quê? - riu. Eu escutava cada palavra e as recebia como um soco no estômago. - Porque ele é um psicopata e se apaixonou pela irmã. Porque ele a queria para ele apenas e sabia que se a família estivesse ali estragaria tudo. Harry lhe odiava, mas também sentia necessidade de conhecer cada parte desse seu maravilhoso corpo. - aquele discurso parecia estar sendo feito pelo meu irmão, aquilo se tornou tão doloroso e insuportável que lágrimas escorreram livremente pelo meu rosto. Eu soluçava tentando manter o silêncio que aos poucos era quase que impossível. - Anna, você jamais correspondeu o amor que seu irmão sentia por você. Então ele me telefonou e pediu para que acabasse com todos, até a pequena e inocente Clary. Você se lembra dela? - caminhou um pouco mais até parar centímetros de onde eu estava. - Ele conseguiu o que ele queria.
- Pai. - Matt entrou no quarto. - Aconteceu algo? Já acabei de por as coisas na mesa.
- Não, nada. Resolvi fechar as janelas dos quartos, seus irmãos andam reclamando muito do frio. - segurou a maçaneta e a puxou, fechando a porta e me deixando sozinha naquele quarto escuro. Senti meus joelhos perderem a força e desabarem.


A última coisa que viu foi seu irmão sorrindo ao lado do homem que desconhecia. E então ele o dispensou, lhe entregou mais um bolo de notas de cem e uma garrafa de Vodka.
Anna estava no chão, imóvel e desprotegida. Harry a olhava faminto, como se ela fosse sua presa, ele a desejava, era tão incesto seus pensamentos que ele mesmo não tinha noção. O cheiro de sangue fresco no quarto, as pernas dela à mostra, um convite provocante para uma brincadeira rápida.
Ele a queria. Conseguiu depois de tanto tempo um momento a sós, para ele era incrível ter como platéia a mãe, morta. Em sua mente tudo era perfeito e lhe causava grandiosa alegria.
Se abaixou na frente do corpo da irmã levantando suas pernas e as prendendo em sua cintura. Anna era linda e aquilo o excitava. Deixou com que seus dedos caminhassem por cima de sua calcinha, beijou seus lábios gelados e acariciou todo seu corpo, quando finalmente se sentiu satisfeito, arrancou toda a roupa de Anna, abriu o zíper de sua calça jeans e penetrou seu membro violentamente nela, como se dependesse daquilo para sobreviver, como se aquilo fosse a última coisa na qual faria.
Minutos depois ouviu o som da sirene de uma viatura policial, se levantou e a abandonou ali. Ao chegarem no local encontraram todos mortos e Anna inconsciente, sabiam que aparentemente ela havia sofrido abuso sexual, mas isso não se tornaria uma memória. Sua tia pediu para que não contassem a verdade e esconderam até das redes de televisão, psicólogos, familiares e amigos. Ela jamais soube.

Appear - Livro únicoOnde histórias criam vida. Descubra agora