A campainha toca.
- Já vou! - grito.
- Ta! - Matt responde do lado de fora do quarto de hotel.
Dei a última olhada no espelho e me senti incrivelmente confiante.
- Me deseje sorte, familía! - cruzei os dedos.- Oi. - abro a porta e encontro um Matt totalmente diferente daquele que conheci. Regata preta, jeans escuro, cabelo bagunçado e um ar praiano. - Da onde você veio? Hawaii? - fito todo seu corpo.
- Acabei de descer do avião. - riu. Malditas covinhas me faziam ter vontade de lamber cada uma delas.
- Tudo bem. Vamos fazer o quê? - sai e tranquei a porta. - Você aguenta 30cm? - olhou nos meus olhos.
- O QUÊ? - levantei a mão para lhe distribuir alguns tapas, mas ele me segurou e riu.
- Então te compro um subway de 15cm. - pegou minha mão e me levou até o elevador. Descemos em silêncio, Matt me olhava de canto às vezes e sorria, cada vez que ele fazia isso meu rosto ardia, maldito elevador, desça logo.
Chegamos e saímos do hotel, corremos até o carro, algumas gotas de chuva começavam a cair e arrepiavam os pêlos de todo meu corpo.
- Está chovendo. - Matt colocou o cinto de segurança. - E agora?
- Que eu saiba no Subway tem teto, ai não chove, sabe? - porque eu sempre falava sem pensar?
- Hm, sua inteligência é inacreditável. - consegui ver vestígios de um futuro sorriso que se abriria se não fosse minha boca grande.
Ele ligou o carro e saiu. A estrada até o centro era longa e nos permitia uma conversa e um conhecimento melhor um do outro.
- Posso colocar alguma música? - pedi.
- Claro.
Apertei alguns botões até achar algo do meu interesse.
- Então você gosta de A Great Big World? - cantava um pedaço da música.
- Sim. - sorri, eu amava aquela música e na voz dele ficava ainda melhor.
- Da onde você é?
- Seattle e você? - olhei pela janela, não havia mais nenhum carro na estrada.
- Sou daqui mesmo. Me conte sobre você, sua familía, tem irmãos? - virou uma curva extensa e me olhou em seguida.
- Eu te conto mais tarde. - eu não queria dizer nada, e muito menos remoer meu passado agora. Agora não. - Gosta de viajar?
- Adoro, já fui para muitos lugares e você?
- Viajava quando pequena, agora não mais. - tossi. - Qual seu lugar preferido?
- Brisbane, Austrália. - sorriu. - Amo aquele lugar. Pronto, já estamos quase lá. - o brilho do centro da cidade de Portland era belo e me lembrava parques de diversões. Matt estacionou e saiu do carro, girou a chave nos dedos e a guardou no bolso.
- Pronto! - abriu a porta do carro para mim.
Desci e agradeci. Entramos na enorme fila do estabelecimento, enquanto aguardava a chance de fazer os pedidos nós resolvemos brincar de lutinha com os polegares. Ele era muito bom.
Pedimos o lanche e ao olharmos para as mesas.
- Oh my God. - abri a boca. Não havia lugar e não se via chances de que sentaríamos logo por ali. Matt olhou pra mim e sorriu e então eu entendi.- Essa praça é legal. - mordi um pedaço grande do lanche e sujei metade do rosto com o molho barbecue.
- Sim. - mordeu seu lanche e não sujou nem um milimetro do seu belo rosto.
- Como consegue? - o empurrei com o ombro.
- O quê? - riu e me empurrou também.
Continuamos a comer o lanche. A noite estava fria e sabíamos que logo voltaria a chover. Sentados em um banco da praça mais vazia do centro e comendo um jantar nada saudável eu soube, soube que estava me apaixonando por ele.Quando terminamos o delicioso jantar, Matt colocou Kodaline para tocar em seu smartphone.
- Essa música, como se chama? - ela parecia penetrar meu corpo e me causava uma paz maravilhosa.
- All I Want. - aumentou o volume. - Eu amo essa música.
Olhei para ele e vi a brisa tocar cada fio de seus cabelos, seus olhos estavam fechados e ele sorria. Eu me sentia assim agora, leve.Depois de conhecer mais sobre ele, nos dirigimos até a sorveteria que ficava a dois quarteirões dali. Resolvemos que seria melhor ir a pé, Matt me apresentou a cidade, as grandes boates, os restaurantes mais caros e os mais populares, conheci a loja de discos que Matt adorava, caminhamos até a tal sorveteria e ao entrar no local dei de cara com Kate. Kate era aquela loira magrela da balada que Kyle me levou no primeiro dia, por sorte ela não me reconheceu. Kate era garçonete.
- O que desejam? - disse ela olhando provocantemente para Matt que nem deu bola.
- Desejo um pingo de vergonha nessa sua cara e um sorvete de morango. - sorri e a vi ficar sem graça.
- Chocolate, por favor. - disse ele enquanto ela anotava os pedidos e mordiscava a ponta da caneta algumas vezes. Maldita loira.
- Você não foi um pouco má com ela? - disse ele após a loira de 1,75 de altura dar as costas.
- Não! - levantei o cardápio impedindo que ele me olhasse.
- Você não me falou muito sobre você hoje. - retirou o cardápio da minha mão e o colocou no canto da mesa.
- Eu não sei o que falar. - menti, eu sabia tudo o que poderia ter dito, mas não queria traumatiza-lo.
- Impossível. - olhou para mim seriamente.
- Os sorvetes. - Kate pousou os dois pedidos na mesa e saiu rebolando até o balcão.
- Vamos terminar o sorvete e eu te conto na hora de ir pra casa. - peguei uma colher de sorvete e a levei até a boca.
- Tudo bem. - fez o mesmo. - Tem uma espinha na sua testa. - riu.
- MENTIRA, NÃO ACREDITO! - passei os dedos por todo rosto procurando algum indicio de espinha.
- Brincadeira, bobona. - gargalhou.
- Matthew. - fiz uma careta.
- Duh! - lá vem essas covinhas maravilhosas.
Terminamos os sorvetes e ele fez questão de pagar tudo, eu odiava depender financeiramente de alguém e odiava mais ainda não conseguir pagar quando eu tinha dinheiro disponível.
Voltamos até o carro, Matt me ofereceu seu casaco e eu aceitei, faziam exatos 14° e eu tremia feito louca.
- Ouço o som dos seus dentes batendo. - passou o braço pelas minhas costas e me fez ficar mais perto dele.
Entramos no carro e ele esperou alguns minutos com o motor desligado. O que será que ele pretende?
- Anna. - virou-se pra mim.
- Não sou eu. - minhas pernas tremiam.
- Eu gostei muito de sair com você. - sorriu.
Ufa.
- Espero que você saia comigo mais vezes. - abriu um largo sorriso. Quase faleci.
- Claro. - pisquei algumas vezes nervosa.
Ele me olhou mais um pouco e eu o fitei com um medo desgraçado de fazer merda e estragar tudo. Matt colocou a mão na minha nuca e levou seus lábios até os meus, senti o seu gosto pela primeira vez, senti sua saliva quente e úmida no céu da minha boca, senti uma de suas mãos percorrendo meu corpo e senti que algo estava acontecendo dentro da minha calcinha. Meu Deus do céu.
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Appear - Livro único
RomanceAos 17 anos, Anna Smith presenciou o assassinato de sua família e desde então se tornou uma garota fria e infeliz. Dois anos depois durante uma viagem para uma cidade vizinha com seus dois melhores amigos, Anna conhece Matt e descobre pela primeira...