17 (Part. Hazel)

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  - Tem certeza, Hazel? - olhei-a nos olhos e percebi que ainda existia vestigios de dúvida ali.
- Não fiz teste. Na verdade eu fiz um de fármacia, mas deu negativo e eu achei que talvez fosse algo que eu tivesse comido, mas faz quase três dias que me sinto assim.
- Vamos marcar o teste médico e tirar essa dúvida.- sorri, eu precisava apoiá-la porque sabia que ela sempre estaria ali para mim. - O teste de gravidez é confiável, mas um médico é bem mais.
- Ta bem, Anna. - me abraçou e logo se virou para vomitar. Ela está grávida, pensei.
O telefone toca e eu corro para atendê-lo. A voz me é familiar, mas o fato da pessoa estar chorando me deixou um pouco em dúvida de quem seria.

- Coloque em um modo que Hazel escute. - disse.

- Quem é? - me certifiquei de que não fosse Harry.

- Kyle.

- Ah, ta bem. - coloquei o celular no alto falante e deixei sobre a mesa. - Pronto!

- Tenho que conversar com vocês duas. - tossiu.

- Hazel, venha aqui. - gritei.
- Já vou! - ouvi a descarga e um gemido. Ela estava vomitando novamente.

- Então. Eu quero pedir perdão pela maneira que tratei as duas nos últimos dias. - Kyle parecia rouco.

- Tudo bem. - eu odiava conversas sérias.

- Não, eu fui um babaca por causa de um homem que eu amei no passado e achei que ainda amasse, mas tudo não passou de uma ilusão. Fui cego, idiota e quase perdi Hazel. - suas palavras pareciam verdadeiras, aliás, eu conhecia Kyle. - Deixei de curtir com minhas amigas para ficar ao lado de um cara que... Sinceramente, não merecia nem um minuto. Me drogou uma noite dessas e agora está envolvido com o tráfico de drogas da cidade. Misturou algo na minha bebida, me fez acreditar que valia a pena e me usou. Sinto nojo dele e mais ainda de mim por ter sido para vocês um cara horrível como ele. - ouvi seu suspiro e nós ficamos em silêncio. Hazel chegou e se sentou ao meu lado.

- Quem é? - se aproximou da tela do celular e checou o número.

- Sou eu, o amigo de vocês e estou dizendo para Anna que terminei com Nathan.

- Que bom! - Hazel parecia não ter dado importância.

- Mas quero pedir perdão por tudo e agora que meu pai piorou, agora... - eu não o via, no entanto tinha certeza de que estava chorando. - Agora eu só posso manter da melhor forma nossa amizade, sem vocês eu sou apenas o Kyle sem vida.

- Tudo bem, nós não estamos bravas com você. - tentei deixá-lo melhor.

- Estamos sim, muito. Tipo, eu pelo menos estou. - Hazel se levantou e saiu andando até o banheiro.

- Me desculpe, Haz.

- Ela já foi. Acho que está grávida. - comentei.

- De quem? - parecia assustado.

- Mike.

- O cara moreno da festa?

- Exato! - ri.

- Entendo. Eu não fui recíproco para ela e ela encontrou alguém capaz de fazê-la feliz.

- Sim, você é idiota. Preciso desligar. Fique bem e melhoras ao seu pai. Qualquer coisa estou aqui! - encerrei a ligação antes que ele pudesse se despedir.

Nós ainda não sabíamos muito bem, mas o pai dele havia sofrido um acidente, Kyle disse que nos levaria para casa quando ele se recuperasse e o Sr. Reed piorou. Hoje era nosso último dia em Portland e eu não sabia como contar isso à Matt. Nathan o suposto namorado de Kyle era usuário e fornecedor de drogas na região e isso o afastou. Hazel suspeitava de uma possível gravidez e eu ainda sim pensava no perigo que corria ali perto de Harry. Tinha uma possibilidade de que Haz e eu ficássemos ali até Jhon ficar bem e isso me assustava, para ela seria ótimo estar perto do pai de seu filho e para mim de certa forma significaria conhecer a familia de Matt. Um verdadeiro pesadelo.
Liguei para um médico da região e marquei uma consulta rápida para que Hazel tirasse logo essa dúvida. Mais tarde resolvi ligar para Matt e perguntar quando me levaria para conhecer sua doce família. Daqui a um dia e meio - meu Deus, eu não estou pronta - e está foi a resposta dele.

Hazel e eu nos vestimos e Mike nos levou até o hospital. Ele não sabia o real motivo, achou que estavámos indo para um exame normal de rotina que fazíamos em Seattle, mas não. Durante toda a viagem, Haz bombardeou Mike de perguntas, como consequência nós tivemos que aguentar outras mil perguntas dele. Algo estava errado.
Descemos do carro e Haz se despediu de Mike com um caloroso beijo. Demorou alguns minutos até o Dr. Ben nos chamar e finalmente começar os processos. Hazel odiava agulhas e ter que tirar sangue era como matá-la, a mesma já fingiu um desmaio, mas a enfermeira não se convenceu e continuou a retirar seu sangue.
Ben era alto e tinha um corpo musculoso, cabelos castanhos claros e olhos amendoados, ele era bonito, mas Matt era bem mais.
- Teste de gravidez de fármacia? - foi a primeira coisa que ele disse.
- Sim, mas deu negativo. - Haz parecia nervosa.
- Você sabe que existe o falso negativo e o positivo também, não é? - fitava Hazel com seriedade.
- Eu não sabia.
- Náuseas? - pegou sua caneta pronto para anotar a resposta.
- Sim e vomitei também.
- Bastante! - conclui.
Nos levantamos e Haz acompanhou o Dr. Ben para o exame de sangue. Aguardei do lado de fora, sentia uma ansiedade incomum e irritante. Finalmente ela saiu, um pequeno sorriso estampado no rosto e um papel nas mãos. Ela estava grávida.

Hazel

  Suas mãos tremiam e causavam um efeito no papel que segurava com força. Hazel chorava e sorria, não acreditava que um ser estava crescendo dentro dela. Seu filho.
Mike desceu do carro e olhou para as duas, ambas com um sorriso no rosto.
- O que houve?
- Olha. - entregou-lhe o papel.
Mike fitou o papel e se calou. Hazel ficou nervosa e agarrou a mão de Anna. Mike abriu um sorriso e se aproximou de Hazel para que pudesse abraça-la. Ela nunca se sentiu tão feliz.

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