Mudança

361 27 17
                                    

A vida em São Francisco é meio estranha, considerando o fato de meu pai ser um policial de alto cargo e trabalhar longas horas, ficar em casa sem ninguém para conversar se torna muito tedioso. Eu não tinha o movimento das pernas até ano passado graças a um acidente que sofri quando pequeno. Foi quando meu pai teve a brilhante ideia de tentar um jeito alternativo de tratamento.

Senhorita Morrel, é o nome da mulher que me ajudava todos os dias em casa com ervas e plantas das quais eu nunca tinha ouvido falar, era maravilhoso ver o trabalho dela. Em poucas semanas eu já estava andando com muletas e logo em seguida correndo e jogando bola como se nunca tivesse tido problemas com isso.

Acho que a senhorita Morrel percebeu que eu estava interessado demais em seu trabalho, porque todos os dias ela me trazia mais e mais livros, tanto sobre medicina natural quanto sobre mitologia. Eu não entendia ao certo o porque ela achar tão importante me contar sobre o que diziam as lendas sobre lobisomens e kitsunes, mesmo assim era o máximo ficar ali, a escutando por horas.

Ainda estou digerindo algo que aconteceu comigo semana passada. Estava colhendo acônito na floresta, eu gostava do aroma da planta, quando perdi a noção do tempo, voltando pra casa à noite comecei a sentir um frio na espinha.

Olho para cima vendo a Lua totalmente cheia reluzindo naquele céu escuro, pouco antes que eu chegasse em casa algo me jogou contra a parede de um beco, demorei a entender o que estava acontecendo. Quando consegui focar a visão eu a vi, a figura monstrusa, suas garras afiadas tilintavam no metal dos postes, antes que eu pudesse ao menos levantar a coisa me agarrou pelo pescoço.

O lobo enorme caminhava em minha direção, seus olhos totalmente azuis me encaravam intensamente. Em questão de segundos ele aproximou-se do meu rosto tendo prazer em sentir meu desespero. Queria gritar por ajuda mas o ar faltava em meus pulmões. Foi quando eu a vi chegar, a senhorita Morrel conseguiu afasta-lo usando o acônito que eu havia colhido mais cedo.

Nessa hora eu comecei a entender o que estava acontecendo, passei a enxergar o mundo de maneira diferente, haviam mais coisas que se escondiam nas sombras do que podíamos imaginar. Meu pai vendo o estado em que eu me encontrava teve a conclusão de que eu nao estava me adaptando bem á vida com ele.

Após passarmos horas discutindo acabo cedendo à ele, subo ao quarto e bato a porta com força, deitado na cama fixo meu olhar para o teto, observando atentamente as estrelas pintadas nele. Eu costumava ficar contando elas quando o sono não chegava, agora eu teria que deixar tudo aqui e voltar para Beacon Hills.

Faço minha mala relutante, jogando todo o conteúdo do meu armário dentro dela, entrar no carro com meu pai parecia uma boa ideia de apelar para seu bom senso enquanto seguíamos caminho. Após eu aceitar que ele não desgrudaria do telefone, cruzo os braços olhando pela janela pensando em me arremessar dela. Meu pai dirigia em direção a rodoviária a toda velocidade sem trocar ao menos uma palavra, parecia que ele estava com pressa de algo

-Vou te visitar sempre filho - Dizia ele com um sorriso no rosto após finalmente largar o celular

Antes que eu pudesse me despedir, sua atenção voltou ao rádio onde uma voz não parava de exclamar: "agente McCall!", era uma voz extremamente irritante, reviro os olhos descendo do  carro

-Até mais pai.

Suspiro chateado quando ele não responde devido ao fato de estar distraído falando com a central, me esforço para bater a porta com o máximo de força possível, tomara que ele escute isso pelo menos. Entro no ônibus ignorando todos aqueles olhares de "não é muito novo para viajar sozinho?" e sento em um canto isolado, colocando meus fones. Tomara que motorista não demore para partir.

Emissário do caos - Teen WolfOnde histórias criam vida. Descubra agora