Capítulo I - Jon

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A neve afundava sob seus passos, suas botas deixando marcas profundas na manta branca que encobria Winterfell. Ele levantou a cabeça pesarosamente e viu que todos já estavam em seus lugares aguardando por seu lorde, esperando por ele.

Conteve um suspiro e continuou andando. Isso não é para mim, pensou pragmático ao posicionar-se na mesma linha que Sansa e Arya, onde vira seu pai esperar inúmeras vezes, ao lado de Lady Catelyn, para receber visitantes. Ele costumava olhar para as costas de Lorde Eddard desejando estar ali, ao lado de Robb sendo reconhecido com um Stark, e não ficando sempre atrás, escondido e indesejado como uma doença.

Hoje ele aceitaria o lugar mais afastado de bom grado, seria capaz de matar para estar em qualquer lugar diferente daquele; no centro, afrente de todos e ao lado de suas irmãs.

Primas. Elas são suas primas, repreendeu-se olhando com o canto da visão Arya se remexer para ajustar a gola de seu vestido que, segundo ela, "pinicava mais do que lã de ovelha suja."

A menina se recusara terminantemente a usar aquele tipo de roupa, para tal, haviam sido necessárias três semanas de suborno da parte da irmã para fazê-la aceitar. — Ela me prometeu muitas coisas. — Disse no desjejum daquela manhã com um sorriso mais do que misterioso.

Sansa também havia influenciado na escolha de sua vestimenta. — O Lorde de Winterfell não pode aparecer para a Rainha como se houvesse pedido roupas emprestadas ao filho do cavalariço. — Ela reclamou franzindo a testa de uma forma engraçada para o gibão cinza dele.

Ele não via nada de errado com o usava, mas não discutiu muito — em realidade não disse mais do que duas palavras. Achava que ela entendia melhor sobre como vestir-se perto da rainha do que ele jamais sonharia em fazer.

A rainha.

Quando recebera a mensagem apressada de Porto Real, imediatamente começara a se perguntar o que de fato significaria a vinda de Vossa Graça para o coração do Norte. Nas poucas linhas havia apenas um curto e rústico "estreitar relações com o país" que o deixava extremamente confuso.

Ele não confiava nela. Tinham se visto pela última vez em um dia nublado e cinzento em todas as formas quando ela lhe dera o título e um nome, e por mais que tivessem lutado lado a lado muitas vezes durante a guerra da Longa Noite, ainda não confiava nela.

Mas o que ele poderia fazer? Trancar os portões, convocar os vassalos e dizer que Winterfell e o Norte estavam fechados para a Mãe dos Dragões? Não, isso seria perigosamente inadequado. Então respondeu mais sucintamente ainda, oferecendo com a humildade necessária Winterfell para a estada da rainha e toda a corte que a seguia. Se ela trouxer os dragões, não sei onde vamos colocá-los.

Sentiu uma baforada de ar quente em seus dedos, mesmo que usasse luvas de couro, e um corpo grande se recostando em sua perna e quadril. Não baixou os olhos enquanto levava a mão até os pelos ásperos de Fantasma, sentindo o lobo sentar-se sobre as patas traseiras. Com o lobo ali, parte de seu nervosismo desapareceu e ele pode encarar o pedaço da estrada do rei que estava preenchido pela comitiva mais tranquilamente.

A trombeta soou anunciando os que chegavam, em um alento longo e contínuo, mesmo que todos já pudessem ver o estandarte real despontando na última curva; negro com um dragão de três cabeças vermelho no centro, garras e dentes propositalmente amostra em uma ameaça velada. Fogo e Sangue. Apropriado.

Ele observou com interesse os cavalos robustos e musculosos da guarda real entrarem carregando seus cavaleiros com imponência pelo portão, crinas aparadas e pelos minunciosamente escovados, mas não pode deixar de desviar o olhar quando viu o relance do cabelo prateado da rainha. Claro que ela veio montada, ainda pensa em si mesma como uma Khaleesi.

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