Ela apertou o cabo do punhal, imaginando o quão satisfatório seria torcer com a mesma brutalidade o pescoço da maldita Rainha de Westeros. Sentiria o sangue parar de correr nas veias e quem sabe faria alguns tendões se distenderem. Não a mataria, apenas deixaria danos sérios o suficiente para que ele entendesse que quando acontecesse algo daquele tipo, ela deveria avisar a garota imediatamente.
— Duas semanas. Ela esperou duas malditas semanas para me avisar que meu irmão havia sido sequestrado. – Arya arranhou o mogno escuro da mesa. A pequena lâmina afiada rasgou a madeira, sangrando o material em lascas amareladas. – Contando o tempo que levei para chegar aqui, já fazem quase quatro. O que ela tem na cabeça? Merda de ovelha?! – Seu braço fez um movimento brusco e o punhal entrou uma polegada na madeira nobre. A loba soltou o cabo, que tremeu como uma vara verde, e com o dedo em riste dirigiu-se ao guarda na porta. – Se você não me deixar falar com ela agora, terei o maior prazer em colorir essa sua armadura reluzente com o vermelho do seu sangue. – Para sua frustração, o homem não moveu-se para dar-lhe passagem. Ela virou-se para agarrar o punhal e ameaça-lo com uma arma de verdade, mas sua lâmina desaparecera, deixando um sulco claro na madeira. Semicerrou os olhos para Gendry Baratheon. – Devolva.
O lorde levantou-se de sua cadeira e veio em sua direção com um sorriso tranquilizador. Ela podia ver o cabo entalhado do punhal aparecendo no cinto do homem, mas qualquer plano para recuperá-lo evaporou de sua mente quando ele a segurou mansamente pelos ombros e beijou sua testa. Arya olhou para suas íris castanhas, tão envolventes e aquecidas como um cobertor de camurça.
— Vamos deixar ela se explicar primeiro, certo? – Mesmo que ela não quisesse, Gendry a puxou junto quando voltou a sentar na cadeira, e a fez se acomodar em suas pernas. Quando ele passou os braços acolhedores em torno de seu corpo, ela aceitou o abraço e apoiou a cabeça em seu ombro largo. Estava aprendendo que ele era dado a carinhos e contato. A princípio, estranhara, só havia ficado daquela forma com Jon, mas agora até apreciava em silêncio que ele a puxasse para um abraço repentino ou um beijo nos momentos mais inusitados. Arya sentiu sua respiração morna perto do pescoço. – Você tem que ver o lado dela também. Daenerys deve estar sentindo-se da mesma forma que você.
Arya ergueu a cabeça, irritada. – Claro que não. – Ela engoliu em seco para tentar desfazer o nó em sua garganta. – Eu o amo. Ele é meu irmão e... – A sensação do buraco que aquela notícia abrira voltou como uma avalanche de pedras, e por pouco não a derrubou. Eu não posso perdê-lo. Ele não. — Está cidade não é para nós. – Murmurou recolocando a cabeça em seu ombro. A amargura ardia em seu timbre. – Primeiro meu pai, e agora o Jon... – Ela fechou os olhos para não ver os raios de sol dançarem felizes nos vidros de licor. – Por que eu não impedi que ele viesse para esse ninho de ratos?
Gendry apertou-a mais em seus braços. – Não ache uma forma de se culpar, pelo amor dos Sete. Nada disso é culpa sua. E... – Ele parou por um momento, escolhendo as palavras. – Tente imaginar. Você não acha que ela o ama também?
— A rainha? – Arya franziu o cenho para ele, o homem limitou-se a erguer as sobrancelhas significativamente. Ela rangeu os dentes. – A mãe dos dragões não sabe o que é amor. Se soubesse, teria me avisado imediatamente.
O lorde bateu levemente em sua cabeça com o nó dos dedos. – Cabeça dura demais. – Depois olhou para o silencioso guarda na porta. – “Como ele foi se amarrar com uma dessas?”, você deve estar se perguntando. A culpa é dela, amigo, eu sou a pobre vítima. – Gendry sussurrou para o outro homem, como se ela não estivesse bem ali, sentada em seu colo. – Minha teoria é que ela pôs um veneno na minha comida. Uma coisa muito maléfica que faz com que eu pense nela a todo o momento, que eu a ache a mulher mais linda do mundo... – Ele suspirou, teatralmente cansado. – Pode imaginar coisa mais terrível? – Como esperado, a estátua de metal não respondeu, nem deu sinais de que tinha escutado alguma coisa. Mas aquela cena fez a garota sorrir então ela agradeceu internamente a ele.
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Um Conto No Inverno
Fiksi PenggemarDepois da tormenta, vem sempre a calmaria. Ela não precisa estar necessariamente acompanhada do sol, ou do bom tempo. Às vezes ela acontece no Inverno, sob a neve e o frio... Isso, foi o que Jon descobriu. O mundo e os personagens de Westeros perten...