Capítulo 2

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Mais um dia se repete, acordar, tomar banho, faculdade. Lá não tinha nada de interessante além da segunda prova, que agora eu sinto que melhorei. Essa tarde eu estava de folga pois minha mãe não abre as terças-feiras.
- Vai lá pra minha casa- Cami pede.
- Tudo bem, só vou passar em casa e já vou pra sua casa- aceito.
- Ta bom te espero- ela sorri.
Entro no meu carro indo direto pra minha casa. Saio do estacionamento e decido subir as escadas só para não dizer que sou sedentária, apesar da minha aparência magra. Vejo no corredor uma garota baixinha, morena, cabelos enormes cor de mel, ela entra no mesmo apartamento que a mulher que usou meu telefone entrou.
Deve ser a mimada- penso.
Entro em casa e vou direto colocar uma roupa mais fresca, bermuda, e uma blusa regata, agora vou atrás de comida, e após lutar contra minha geladeira, desisti e resolvi pegar algo no caminho. Já que não engordo, vou aproveitar e come o que eu puder.

Voltando da casa da Camila, como quase todos os dias eu subo pelas escadas. Novamente no meu andar eu vejo a baixinha no apartamento de frente com o meu, ela estava sentada em uma cadeira, cantando uma música lenta.

Eu andei por uma terra vazia
Eu conhecia o caminho como a palma da minha mão
Eu senti a terra sob meus pés
Eu sentei ao lado do rio e ele me completou 

Oh coisa simples, pra onde você foi?
Estou ficando cansada e preciso de alguém para confiar

Eu dei de encontro com uma árvore caida
Eu senti seus galhos olhando para mim
Esse é o lugar que nós costumávamos amar?
Esse é o lugar com que eu tenho sonhado?
(Lily Allen- Somewhere Only We Know)

Passo por ela, e destranco minha porta, mas antes de entrar eu a escuto espirrar.
- Saúde- falo automaticamente.
- Obrigada- sua voz doce.
Saio do apartamento.
- Precisa de ajuda?- pergunto.
- Obrigada, mas só estou esperando minha mãe chegar para abrir a porta- ela sorri de lado.
- Quer esperar no meu apartamento?
- Não obrigada, ela já estava chegando!
Dou de ombros.
- Tudo bem- digo.
Então entro pro meu apartamento, tranco e então me jogo no sofá. Tédio. Sinto meu celular vibrar, era minha mãe.
- Mãe?- atendo.
- Filha, já escolheu o vestido da sua formatura?
- Não!
- Ótimo, acabei de comprar um que acho que vai ficar lindo em você!
- Mãe pelo amor, eu não uso vestido- reclamo.
- Eu sei mas nesse você vai ficar linda eu prometo- ela diz animada.
Odeio isso, ninguém aceita o fato óbvio, não sou tão afeminada quanto outras garotas.
- Tudo bem, mas não vou usar na formatura, vou apenas guardar- digo.
- Se você não gostar, pode ser!
- Ta bom.
- Já eu estarei chegando- ela diz e desliga.
Essa mania dela desligar na minha cara era super interessante.
Levanto e ajeito minha casa, arrumo meu quarto, realmente preciso de uma faxineira pra arrumar esse apartamento grande pra apenas uma pessoa. Abro a porta e decido então ir na casa da mulher que usou meu telefone, toco a campainha e não demora para ela me atender.
- Olá boa tarde- ela sorri.
- Oi, é que você disse que faz faxina- comentei.
- Sim isso, eu faço- ela consente.
- Eu precisava que você fosse minha faxineira, minha casa está uma bagunça!
- Claro, quando quer?- pergunta rindo.
- Quando a senhora quiser!
- Ho por favor, me chama de Brenda!
- Prazer, Allana- sorrio.
- Então amanhã mesmo eu faço.
- Combinada- sorrio.
Demos um aperto de mão e então eu volto para meu apartamento. Não demora muito para minha mãe chegar, animada.
- Vamos experimentar- ela diz.
Reviro os olhos a seguindo até o meu quarto. Ela retira da sacola uma espécie de vestido/terno, preto.
- Interessante- digo avaliando.
- Coloca!
Retiro minha roupa e coloco o presente de formatura. Realmente eu gostei, acho que posso usar.
- É pode ser- anúncio.
- Eu sabia que ia gostar- ela sorri.
- Obrigada mãe!
Eu coloco minha roupa de volta, e guardo o vestido dentro do armário em um cabide.
- Estou sabendo da sua nova vizinha- ela diz sentando na minha cama.
- Como?- arregalo os olhos.
- Eu a vi quando estava chegando!
- Você viu a adolescente ou a mãe da adolescente?
- Adolescente!
- A mãe dela é minha governanta- digo rindo.
- Desde quando você tem governanta?- ela dispara.
- Desde algumas horas atrás!
Ela começa a rir.
- E a adolescente?
- Ela parece ser mimada, não pode sair nem para comprar seus próprios remédios- comento.
- As vezes ela não gosta de sair!
- Não a vejo indo pra lugar nenhum!
- Filha pare de ser assim, chata!
- Não sou chata- resmungo.
Minha mãe se levanta.
- Vá fazer amizade com a menina, para ajudá-la a conhecer o lugar!
- Quem sabe um dia- digo.
Então ficamos na sala sentadas, jogando conversa fora, já que pro resto do dia não me sobraria nada para fazer.

Conforme o Vento Assopra (Romance Lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora