Capítulo 8

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No dia seguinte cheguei mais cedo no trabalho, minha mãe estava ajeitando os bolos dentro da geladeira.
- Filha, chegou cedo- ela sorri.
- Eu queria pedir para sair mais cedo mãe- peço.
Ela sorri.
- Não se preocupe, vou fechar a loja!
Arregalo meus olhos.
- Não mãe, eu vou trabalhar eu só to pedindo porque...
- Porque se comprometeu a levar a Anabel para conhecer os arredores do prédio- ela diz sorrindo.
- Como sabe?- pergunto.
- A mãe dela me agradeceu pelo ato de bravura que você teve no domingo!
Sinto minhas bochechas queimarem.
- Não foi nada demais!
- Se eu não te conhecesse, diria que está apaixonada pela moça!
Arregalo os olhos.
- Não mãe, não é isso- nego.
- Filha não se preocupe, não vou contar a elas- minha mãe sorri.
Meu corpo relaxa.
- Quando vai contar a Bel?
- Não vou- declaro.
- Porque?
- Ela é hetero!- digo.
Minha mãe fica em silêncio, mas esse silêncio disse muito pra mim. Ela apenas me abraçou, eu sem entender porque fiquei triste, aceito o abraço de bom grado.
- Você ainda vai ser feliz!- ela diz bagunçando meu cabelo.
- Eu sou feliz mãe!
- Feliz ao lado de uma grande mulher, e eu, vou estar aqui para ver seu enorme sorriso bobo- ela diz.
Vejo brilho em seus olhos pretos.
- Obrigada mãe- agradeço quase em um sussurro.
- Vai lá sair com a Anabel, manda um enorme beijo pra ela!
- Pode deixar- sorrio.

Chego no meu andar e vou direto ao apartamento de Brenda, que não demora para me atender.
- Lana, entra por favor!
Sorrio com a recepção calorosa.
- Bel, Lana está aqui- Brenda grita.
- Então eu vim saber se a senhora concorda em deixar sua filha aos meus cuidados enquanto trabalha?- pergunto.
- Eu conversei com ela, de início ela não queria te prender a ela, pois você sabe que ela precisa de ajuda para muitas coisas...
- Não me importo- a corto.
- Eu sei querida, mas com muito custo, ela aceitou!
Começo a sorrir.
- E quando começo?- pergunto.
- Se quiser, hoje mesmo!
- Claro!
- Hoje mesmo o que?
Viro para olhar, e sinto meus olhos arregalarem, Anabel estava de jeans, uma blusa do capitão América bem colada ao seu corpo, e seu cabelo coque frouxo, simples, mas deslumbrante.
- Ela vai começar a ficar com você a partir de hoje- Brenda a responde.
- Mas você não trabalha?
- Não, quer dizer, não mais, minha mãe vai viajar e fechar a loja até o fim de suas férias com meu pai- respondo.
- Ótimo, façam o que quiser, chego as oito hoje- Brenda sorri.
- Pode deixar, eu cuido dela!
- Eu sei me cuidar- Bel faz birra.
Seus braços cruzados, e um bico, a deixou ainda mais fofa.
- Eu sei princesa- Brenda da um beijo nela e captura sua bolsa.
Após dar um beijo em minha testa ela sai, nos deixando sozinhas.
- Então o que quer fazer?- Bel pergunta.
Penso em algo, mil coisas passam a minha mente, mas antes eu precisava fazer uma pergunta.
- Qual o nome do seu pai?- pergunto
- Taylor Matarazzo- ela responde sem entender muito.
- Que sobrenome forte- disfarço.
- Veio dos meus avós, são da Califórnia também- ela sorri.
- Então vamos?
- Pra onde?- ela pergunta.
- Estamos sem rumo!
Ela então sorri, esse sorriso me tira o ar.

E assim foi se passando, semanas após semanas, cada dia era tão maravilhoso que eu não via a hora de chegar no dia seguinte. Anabel cada vez ficava relaxada ao meu lado, seus sorrisos faziam parte da minha rotina e quando eu não os via eu sentia que faltava algo para completar meu dia. Seu perfume doce, sua voz, o som de sua risada, tudo estava me levando a um estado de dependência, eu me sinto louca, mas louca pela Anabel, que é minha amiga hetero.
Ela contava seu passado para mim, pouco a pouco a cada dia, eu percebia suas manias, o que ela gostara, que odiava, eu estava a observando bastante, a única coisa que ela não fez até agora, foi ficar sem óculos perto de mim.

Conforme o Vento Assopra (Romance Lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora