Não preciso mais do que algumas horas para perceber o quão importante era o pai da Bel para ela. Eles falam sem parar, coisa nova pra mim já que eu sou a quem mais falo sem parar.
- Desculpem atrapalhar mas acho que já vou indo- anúncio colocando minha xícara na pia.
- Não, fique conosco para o almoço?!- pede Brenda sorrindo.
- Não obrigada mas acho que meus serviços não serão mais necessários- sorrio olhando os dois.
- Tudo bem então- Brenda consente.
- Eu levo ela até a porta- Bel se levanta.
Caminhamos devagar até a porta, ela abre e fica do lado de fora comigo.
- Fico feliz que ele está de volta- digo sorrindo.
- Eu também, fiquei com medo que ele não voltasse, mas ele está aqui, nem posso acreditar!
Sua animação era clara, seu sorriso tão enorme, lindo, ela era tão linda.
- Então acho que não precisarei mais cuidar de você!- digo não conseguindo evitar uma pontada de tristeza.
- Eu acho que não- ela diz ficando séria.
Nesse momento é ótimo que ela nao me veja, ou ela iria desanimar, e não quero isso.
- Quero você se cuidando! Nada de tristeza ouviu moçinha?
- O que vai acontecer com nós duas?- ela pergunta desfocando do meu assunto.
Paro, por instantes eu avalio alguma resposta, mas sem êxito, desisto.
- Eu não sei!- declaro desanimada.
Coloco as mãos no bolso, e a encaro.
- Acho melhor sei lá, não nos envolvermos mais- ela diz sem jeito.
Meus olho se arregalam.
- Você não quer?
- Não é isso, é que, você sabe, família tradicional, não vai ser simples eles me aceitarem, eu ser cega não ajuda a aceitarem que eu me envolvo com uma garota- ela explica.
- Não tudo bem, eu entendi- digo tentando parecer indiferente.
- Lana eu...- ela é cortada pela voz do pai dela que aparece na porta.
- Está tudo bem meninas?- ele pergunta sorrindo.
- Está sim senhor, estava me despedindo, foi um prazer conhece-lô!- estendo minha mão.
- O prazer foi todo meu Allana- ele agita nossas mãos.
Eu apenas olho para Bel e dou um breve e baixo até logo, qe me responde com um aceno de mão. Entro para meu apartamento ainda sem entender muito o que aconteceu, foi tudo tão rápido, como digerir isso assim?
Abro meus olhos com um sobressalto, levanto cambaleante e abro a porta, olho para os dois lados e não vejo ninguém, coço meus olhos para ver se não estou enganada, mas não á ninguém. Fecho a porta e me jogo no sofá novamente, olho no relógio, são dez da noite, ouço novamente batidas na porta, levanto e abro a porta.
- Mãe, porque fica me trollando?- pergunto com raiva.
- Mas o que? Issos são modos de me atender?- ela entra.
- Desculpa- reviro os olhos.
- Trouxe o jantar, sei que você não comeu!
Ela começa a retirar porções de batata, com pastel da sacola.
- Estou sem fome- declaro.
Ela para, e me olha com os olhos estalados.
- O que aconteceu?- ela pergunta.
- Anabel, não precisa mais de mim para cuidar dela- respondo.
- Ué, mas porque filha?
- O pai dela voltou, até ele achar um emprego aqui, parece que a mãe dela não vai mais precisar trabalhar!
- Você contou á ela seus sentimento?
- Sim, ela disse que sentia o mesmo- respondo.
- Olha que bom!- minha mãe se anima.
- Mas ela disse que é melhor não termos envolvimento, pois a família dela não aceitaria!
Me levanto e vou pro quarto, retiro minha blusa.
- Filha eu, não sei o que dizer!
- Pode dizer que eu tentei, e que no fundo sabiamos que isso não daria certo- digo e entro no banheiro.
Ligo o chuveiro e sinto a água quente cair sobre minha cabeça, descendo pelos meus ombros e por toda minha extensão.
- Vou deixar no microondas seu jantar, qualquer coisa me liga!- minha mãe grita do quarto.
Fecho meus olhos e sento no chão, preciso pensar, e aceitar o que acabara de acontecer. Acabo meu banho e vou para a cozinha, coloco para esquentar meu jantar, hoje não comi nada. Ouço o barulho da porta.
- Esqueceu alguma coisa mãe?- abro a porta. -Brenda?
- Lana, a Bel tá com você?
- Não, ela não está aqui, o que aconteceu?- pergunto.
- Ela sumiu!
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Conforme o Vento Assopra (Romance Lésbico)
RomanceNa vida passamos por diversas fases, uma hora triste na outra feliz. Estamos no alto e depois lá em baixo, a mais difícil é a fase de se reergue. Nós ganhamos, mas perdemos, nós amamos, e sofremos, uma coisa é certa, amar é sofrer. O vento sopra as...