Finalmente segunda, acordo as dez da manhã, e com meu ritual diário, visto uma roupa já ficando pronta pra ir trabalhar, então me jogo no sofá para jogar vídeo-game.
- Porra!- rosno ao ser derrotada.
Mortal Kombat, que atire a primeira pedra quem nunca ficou com raiva de ser derrotada pelo Goro.
Logo ouço o som da campainha, estranho pois ninguém aperta a campainha, sempre bate na porta. Levanto-me e caminho rastejante até a porta, que um vez aberta, não tinha como fechar.
- O que faz aqui?- pergunto nervosa.
- Vim anunciar minha chegada!
Emília, minha ex namorada, resolveu aparecer em meu apartamento de mala e tudo.
- Como vão as coisas?- ela pergunta adentrando pelo apartamento.
- Bem obrigada!- respondo não disfarçando a raiva.
Ela olha em volta, coloca sua mala no chão e as mãos em sua cintura.
- O que pensa que está fazendo?
- Vou me instalar!- ela diz como se fosse natural.
- O que? Ficou louca?- me altero.
- Pelo amor né, já se passou dois anos, supera meu amor- ela revira os olhos.
Me contenho para não haver brigas.
- Eu vou trabalhar, quando voltar, quero suas malas, e você, longe do meu apartamento!- ordeno.
- Ou se não?- ela pergunta com uma voz sedutora. Ela vem se aproximando de mim devagar, quando ela está próxima que suas mãos tocaram meu rosto, eu as agarro e aperto.
- Eu quero você fora!- ordeno com firmeza.
- Céus o que eu fiz pra tanto ódio?
- Você quebrou a porra do meu coração, não basta?
- Eu não fiz nada!- ela grita.
- Não? Transar com meu irmão não é nada então?- grito.
A raiva aumentando, e minhas mãos apertando mais os pulsos dela.
- Me desculpa por isso!
- É tarde!- digo ríspida.
- Para de ser orgulhosa! Você jamais vai achar alguém como eu- ela diz tentando se soltar.
- Ainda bem, imagina eu achar uma disgraça igual a você- solto ela rindo.
Ela então da um passo para trás, segurando os pulsos.
- Você ficou louca!- ela grita.
- E você, fora daqui- ordeno novamente.
Ela então pega suas malas, e sai andando até o elevador. Eu capturo minhas chaves, e do apartamento vou trabalhar, meu dia já começou horrível.Cinco horas chego em casa, esgotada e com a cabeça estourando, contas e mais contas, e esse problema da Emília me perturba. Como diabos ela me achou?
- Lana?- ouço me chamar.
Levanto em um sobressalto e vou correndo abrir a porta, meu sorriso é inevitável.
- Bel- respondo.
- Você pediu para que eu viesse aqui, para me ajudar a conhecer a redondeza- ela diz calma.
- Sim claro, entra, eu só vou trocar de blusa- peço.
Ela então adentra no apartamento devagar, como sempre. Eu corro até meu quarto, jogo uma água em meu rosto, ajeito meu cabelo e novamente percebo que preciso corta-lo, coloco uma calça jeans preta com uma blusa de manga comprida cinza, calço meu tênis, e passo um perfume.
- Vamos?
Ela sorri.
- Vamos- ela consente.
Eu escolhi um lugar também perto, na verdade era uma cafeteria, Starbucks, que tem os melhores chocolates da cidade.
- Que cheiro ótimo- ela diz.
- Aqui tem o melhor chocolate!- afirmo.
- Estou ansiosa para degustar!
Seu tom de voz me fez rir. Faço o pedido e então a ajudo se acomodar, notar olhares para nós era possivelmente fácil, ainda bem que Anabel não percebe.
- Está calada- Bel diz.
- Eu? Acho que não- respondo sem jeito.
- Aconteceu alguma coisa?
Penso um pouco, essa seria a hora de falar a verdade, se ela tiver algum preconceito, que fique claro agora.
- Minha ex namorada apareceu no meu apartamento hoje de manhã- digo firme.
Eu a observo, não vejo nenhuma diferença em sua expressão.
- E...?- ela pergunta.
Estranho um pouco.
- A dois anos ela partiu meu coração!
- Cretina! Me diga quem é ela, para eu acabar com essa vadia- ela diz estralando os dedos.
Começo a rir, estar com a Anabel era pedir para se divertir.
- Mas como você se sente com essa reaparição dela?- ela pergunta.
Penso um pouco na resposta, e pra ser sincera, eu não sei.
- Não sei- respondo.
- Não sabe ou não quer admitir que sente falta dela?
- Não sinto falta dela- disparo.
Então Anabel começa a rir. O garçom chega com nossos chocolates, Bel pega o dela e não perde tempo, para experimentar.
- Céus! É maravilhoso- ela diz.
Seu sorriso tão largo.
- Seu sorriso...- começo a falar.
- O que tem ele?- ela coloca a mão em sua boca tampando.
- É muito lindo- digo olhando para ela.
Sorrio ao ver como ela corava em segundos, mas não pude deixar de notar suas pernas balançando em baixo da mesa.
- É, obrigada- ela diz sem jeito.
- Alguém já elogiou seu sorriso?
- Não- ela diz em tom triste.
Penso em algo rápido para anima-lá, por algum motivo, eu sentia que minha missão era fazê-la sorrir.
- Merda, queimei a língua- minto.
Então ela começa a rir. Funcionou.
- Lana, cuidado!- ela diz entre risos.
Meu corpo relaxa, Bel sorridente está de volta.
- Vamos, tem mais um lugar para irmos hoje- aviso.
Suas sobrancelhas se ergue.
- Aonde?
- Um lugar que acho que você vai adorar!- digo.
Ela então se levanta, então começamos a caminhar, pra não muito longe dali.
Paramos em um playground, eu a guio até um balanço, ela pega nas correntes para sentir.
- Céus, vai fazer igual ao Cristian Grey?- ela pergunta rindo.
- Quem?- pergunto sem entender.
- 50 Tons de cinza!
Ainda sem entender permaneço em silêncio.
- Deixa pra lá- ela ri.
- Achei que ia gostar de balançar, está uma noite gostosa- digo a ajudando se sentar no balanço.
- Acertou em cheio, amo balanços- ela diz mostrando seu lindo sorriso.
Começamos a balançar, ouvia-se apenas o som das folhas nas árvore, as folhas secas caídas ao chão, e o ranger do balanço.
- Meu ex namorado, ele me largou, quando meus pais deram a notícia que eu teria apenas dez porcento de chances de voltar a enxergar- Bel diz quebrando o silêncio.
- A muito tempo?- pergunto.
- Dois anos!
Olho para o chão, temos algo em comum.
- Minha ex namorada, eu flagrei ela na cama com meu irmão- digo.
Ela então vira pro lado, para me 'olhar'.
- Como ela pode?
- Como ele pode?
Então ela sorri de canto.
- Sabe, as coisas acontece para nos trazer algum ensinamento, temos que aprender como viver, seja na alegria ou na dor- Bel diz.
Olho para ela, que estava de cabeça baixa, seus cabelos estavam começando a cair em seu rosto.
- Seja como for, eu aprendi, quem ama cuida- digo calma.
Anabel apenas sorri.
- Vamos?- pergunto.
- Vamos- ela consente.
Fico em sua frente, ela se levanta cambaleante, eu a seguro, então estamos com os rostos colados, dava para sentir sua respiração acelerada, que foi ficando cada vez mais devagar. Suas mãos estavam contra meus seios, e seu rosto elevado perfeitamente que nossos bocas ficassem a centímetros distante.
- É, estou bem- ela diz tropeçando nas palavras.
- Tudo bem, então vamos- digo tirando o foco.
Caminhamos em silêncio até nosso prédio, no elevador, até chegarmos em sua porta, ela estava calada.
- Eu queria agradecer, por ontem, e por você me ajudar a conhecer aqui- ela diz sem jeito.
- Não precisa agradecer, fiz uma vez, e poderia muito bem fazer de novo!
Ela então pula em meus braços, seus braços em volta do meu pescoço apertam forte, eu envolvo meus braços em volta da cintura dela e retribuo o abraço. Parecia que o tempo parou, sua respiração quente em meu pescoço, seu corpo colado ao meu, e a fofura ficava no fato dela ter que ficar na ponta do pé para me abraçar.
- Boa noite- ela disse me soltando.
- Boa noite- respondo.
Ela abriu a porta, e foi fechando aos poucos, eu entrei pro meu apartamento minutos depois que a porta se fechou. Tinha algo que me fazia querer ir atrás dela, pedir outro abraço, outro encontro, tinha algo nela, me chamando a atenção, será o sorriso? O som da sua risada? Seu jeito fofo de falar, agir? Céus vou enlouquecer.
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Conforme o Vento Assopra (Romance Lésbico)
Roman d'amourNa vida passamos por diversas fases, uma hora triste na outra feliz. Estamos no alto e depois lá em baixo, a mais difícil é a fase de se reergue. Nós ganhamos, mas perdemos, nós amamos, e sofremos, uma coisa é certa, amar é sofrer. O vento sopra as...