Capítulo 36

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Allana

Abro meus olhos e vejo novamente aquela mesma luz que eu via a quase duas semanas, já não aguentava mais esse lugar tão gelado, tão mal decorado, não que eu adore enfeites, mas uma cor, uma vida a esse quarto seria bom.
Enfermeiras trazem meu café, em seguida Camila entra em meu quarto animada com um enorme urso nos braços.
- Camila- reviro os olhos.
- Mais um pra sua coleção- ela sorri.
Desde que estava aqui, eu ganhava um urso por dia, como se eu me importasse com isso, mas eu não sabia ao certo quem mandava todo dia um urso novo pra mim. Mas confesso eram lindos, eram de animais, cachorro, a Gata Marrie, um gamba do desenho Peppe Le Peu, um panda, um leãozinho, uma vaca, e dois morangos de pelúcia. E agora ganhei um Coala enorme de pelúcia também assim como os outros; fora os pequenos, e também as flores.
- Vou encher meu quarto de ursos- sorrio. -Ou os guardo pra quando eu tiver minha casa com a Anabel!
Camila sorri inclinando a cabeça pro lado.
- Não faça essa cara por favor- reviro os olhos.
- Vocês duas tem uma história linda sabia?
Sorrio.
- Sim eu sei disso!
- Quem dera o Mike ser tão romântico assim- ela revira os olhos.
Desde minha pequena depressão sem Anabel eu descobri que eles se encontravam e ficavam, e nesse meio tempo ela foi pedida em namoro por ele, nosso melhor amigo, Dj, jogador, e futuro advogado.
- Mas sabemos que ele ama você, ele te atura todos os santos dias- digo mordendo minha barra de chocolate.
- Como logo isso ou enfio goela a baixo- Camila ameaça.
Começo a rir, então o médico entra no quarto.
- Boa tarde moças- ele sorri.
- Doutor, posso agredir ela?- Camila pede.
- Ainda não, preciso dela bem para sua última avaliação antes de ir pra casa!
Sinto meu coração acelerar.
Enfim acabou.
- Vou avisar sua mãe- Camila grita.
Então ela nos deixa sozinhos.
- Vou para casa hoje?
- Veremos moça- ele pisca.
Com sua ajuda eu levanto devagar apoiada nele, e aos poucos, consigo caminhar, com bastante relutância e sentindo dores, mas faço um esforço para conseguir ser melhor que ontem e melhor que todos os meus dias de fisioterapia.
- Vamos ver- ele diz em tom desafiador.
Ele me solta, e vai para mais longe, como se fosse um pai ensinando os primeiros passos para a filha. Ele pede que eu caminhe sem ajuda até ele, eu respiro fundo, peço ajuda aos céus e arrisco, cada passo, pisando como se pisasse na lua, como se eu desse passos até o altar aonde finalmente vou realizar meu maior sonho. Eu então percebo, que cheguei até o médico.
- Você conseguiu, você consegue andar- ele declara com seu lindo sorriso colgate largo.
Eu pulo em seu colo que me abraça devagar.
- Se acalma ou a dor voltará, certo?
- Sim senhor- sorrio.
Então sento na cama esperando ele aferir minha pressão pela última vez.
- Doutor, eu sei que não deveria perguntar mas preciso saber de uma coisa- digo.
- Claro querida!
- Você atende uma paciente Anabel Matarazzo, eu já vi a ficha dela em suas mãos mas tive vergonha de pedir para ver, mas não aguento mais essa angústia que cresce em mim, preciso saber como ela está- Eu o encaro.
- Não posso passar informação de um paciente a outro, seria falta de ética!
- Por favor eu te imploro, eu preciso saber, eu a amo e preciso saber dela ao menos se esta bem, por favor- insisto.
Ele me encarado como se buscasse algo em meus olhos.
- Não poderia fazer isso, mas sou uma manteiga derretida quando se trata do amor- ele declara.
Penso que ele iria me dizer como ela está, mas ele faz melhor, me leva até seu quarto dizendo a todos que irá dar uma volta comigo.
- Pronta?- ele pergunta.
Faço que sim com a cabeça. Lá vamos nós.
Ele abre as portas e empurra minha cadeira de rodas até ao lado do leito de Anabel. Ela estava com parte do rosto enfaixado, novamente sinto meu coração se partir, minha alegria acabar, e aquela vontade de dar minha vida para ela volta.
- Ela passou por uma cirurgia; faz uns dias acho, eu apenas venho aferir sua pressão e se preciso sedar ela, mas pelo o que sei, ela saiu do coma a quase uma semana!
Olho para ela tão imóvel; em partes meu coração de acalma por saber que ela apenas está dormindo, mas parte de mim queria ela acordada, se ela está sendo sedada é por causa do desespero e dor ter uma cirurgia na cabeça.
Se eu pudesse tomava sua dor.
- Temos que ir agora!
- Tudo bem- aceito. -Eu te vejo em breve amor!
Sorrio com lágrimas nos olhos. De volta ao meu quarto minhas malas estavam prontas, uma muda de roupa em cima da cama me esperava, enquanto o motorista de meu pai pegava urso por urso e levava pro carro.
- Está pronta para ir para casa querida?- minha mãe parecia feliz.
- Sim mãe- sorrio de canto.
- O que aconteceu?
- Anabel...- Não consigo terminar de falar.
Ela entende bem o que eu queria dizer mais não conseguia, ela apenas me abraça.
- Vai ficar tudo bem, quando você menos esperar a vida vem e te dá um presente que será eterno!
Fecho meus olhos sentindo cada palavra.
Presente para a vida inteira? Seria ela ao meu lado todos os dias da minha vida.

Conforme o Vento Assopra (Romance Lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora