- E agora que o papai morreu você voltou?
- Você não entende? Agora nós não temos mais nenhum obstáculo entre nós. Bia, eu te amo, eu sempre te amei.
Não consegui mais ficar ali parada, ouvindo aquilo, tudo aquilo que ele estava dizendo, era como se uma bomba tivesse me atacado, Diego estava esperando uma resposta, um "eu também te amo" ou "eu sempre te amei também", mas aquilo era tudo o que eu não podia dizer naquele momento, tudo aquilo parecia que estava ocorrendo em câmera lenta, e ao mesmo tempo rápido de mais para que eu pudesse acompanhar, eu estava sem palavras, não sabia o que sentia, o que deveria sentir, dizer.
Diego esperou calmamente por minha resposta e eu apenas saí de lá.
- Desculpa, eu... – não pude terminar minha sentença, Cassio apareceu do nada vindo da festa.
- Bia? – ele me chamou antes de olhar na direção em que eu e Diego estávamos. Apesar daquilo ser um completo banho de água fria, aquilo foi meu salvador.
- Oi amor? – perguntei tentando ao máximo não transparecer nada.
- Nada, é que eu não vi você na festa – Diego estava de cabeça baixa, queria poder abraça-lo, mas sei que não posso – está tudo bem?
- Está sim, eu apenas me senti tonta e vim aqui para tomar um ar fresco e eu encontrei o Diego aqui.
- Ah! – ele disse – você precisa de algo?
- Não, eu estou bem – eu me levantei e fui a sua direção, e me abracei com ele, na verdade era eu quem precisava daquilo, de um abraço bem forte – vamos voltar para a festa – perguntei para ele com um grande e falso sorriso.
- Vamos sim – ele me respondeu, Cassio põe seu braço em volta as minhas costas e cintura e nós dois vamos para festa.
Eu não tinha mais lima para festa, para minha sorte a noite já estava acabando eu não vi mais Diego depois daquilo naquela noite, eu queria poder falar com ele, mas eu simplesmente não sabia o que dizer. Tudo aquilo que ele havia me dito, o nosso pai havia descoberto tudo o que acontecia entre nós no passado, era muito difícil de acreditar, mas ele não mentiria sobre isso, não sobre um assunto tão sério principalmente tão perto da morte de nosso pai.
Mais uma parte de mim ainda queria acreditar que aquilo era mentira, todo esse tempo meu pai sabia. O que será que ele pensava sobre mim? Ele morreu pensando em mim como uma menina burra, burra e pecadora? Só de imaginar o que poderia ter passado pela cabeça dele esses anos todos...
Eu estava farta daquilo, de todo aquele segredo, eu passei cinco anos tentando construir uma vida depois daquilo, tentando esquecer-me de tudo o que eu havia feito, e em menos de uma semana tudo aquilo que eu construí desmoronou, eu não conseguiria voltar para casa e fingir mais uma vez que nada daquilo aconteceu. Não de novo. Eu iria ficar ali apenas mais três dias, e tudo aquilo teria que se resolver nesse tempo, eu não podia mais deixar de lado aquilo.
A festa já havia acabado havia horas, eu estava sentada em minha cama, ainda com o vestido, mas sem os sapatos, eu os havia jogado cada um em cada canto do meu quarto, eu não sabia a quanto tempo eu estava ali, pensando no que eu poderia fazer, mas sabia que todos já tinham ido dormir, a casa estava um silêncio total, minha mãe, Cassio, Diego todos estavam dormindo, ou ao menos estavam quietos demais em seus devido quarto.
Finalmente eu havia me cansado de pensar em uma solução para os meus sentimentos. Eu me levantei e tirei meu vestido, eu queria apenas me deita, dormir e nunca mais acordar aquilo sim resolveria os meus problemas, já que ao que parecia fugir deles não estava mais funcionando.
Quando eu me deito na cama escuto a porta do meu quarto se abrir, eu sabia quem era, aquela hora.
- Bia? Você esta acordada? – Diego disse, eu queria não responder fingir que estava dormindo e ficar quieta até ele desistir e ir embora.
- Sim – disse me levantando, eu estava nua, ao levantar eu me descobri e meus seios ficaram a mostra, mas eu estava em um ponto que não ligava mais, aquilo não era mais um segredo para Diego, então poupei o trabalho de tentar me esconder. Diego havia ficado um pouco desconfortável com a situação, mas ele não iria deixar de fazer o que quer que ele estava pronto a fazer por aquilo.
- O que você me diz? Você não respondeu a minha pergunta de mais cedo – ele queria uma resposta, e eu teria que dar ela, mesmo não sabendo ainda.
Eu demora a responder, não queria estar ali, eu havia bebido demais, talvez estivesse bêbada demais, ou talvez estivesse completamente sã. Eu me levantei da cama, fui em direção ao Diego e o beijei, meu coração bateu mais forte naquele momento. Eu não queria saber de mais nada, pela primeira vez eu deixei meu desejo falar mais alto do que meu senso. Eu não tinha controle do que aconteceria no futuro, mas o presente ainda estava sendo moldado.
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Recall (Cruel Destino #2)
RomantizmAo 21 anos Beatriz finalmente conseguiu a tão desejada independência, ela agora morava longe de sua cidade natal, longe de seus pais controladores, e longe de um passado que sempre a perturbava, mas Beatriz não se vê feliz, não como deveria estar. ...