ANGELINA
Acordei nos braços dele no dia seguinte. Ele já havia acordado, só que me observava. Eu sorri. Por um momento, até esqueci que dancei pra ele e fui paga. Quando isso me veio à tona, meu sorriso apagou. Ele acariciou o meu rosto me perguntando se aconteceu alguma coisa.
- Nada... É que... Nunca fiz sexo por dinheiro.
- Eu não te paguei pelo sexo. - Replicou.
- De qualquer forma, me pagou por alguma coisa.
- Não pense assim. Paguei pelo que havíamos combinado, o sexo foi consequência da atração que sentimos um pelo outro.
- Eu queria poder te devolver. - Digo.
- Mas não vai.
- E não posso. Preciso ajudar o Matt.
- Ele é muito importante pra você?
- Muito. Matt é... Meu porto seguro.
- Entendo. - Diz parecendo meio chateado. - Bom, leve o dinheiro pra você e ajude o seu amigo. Não pense que transamos por dinheiro, eu quis e você também. Foi fora do nosso acordo. Vamos tomar um banho? - Fala e eu sorrio confirmando com a cabeça.
Depois de um banho cheio de amassos, um café da manhã diferente de todos os que eu havia tomado, ele me deixou em casa, deixando claro que o nosso acordo estava de pé já que eu precisava ajudar o Matt, mas que o que acontecesse entre nós seria fora do acordo. Eu não fiquei mais aliviada com isso, mas concordei. Eu queria ajudar o Matt e queria estar com ele, mesmo que essa sensação de querer estar com ele fosse diferente de tudo, eu queria estar com ele. Matt estava me esperando em casa como eu achei que faria, contei tudo pra ele, e ele me apoiou veementemente.
Apesar de tudo, eu acho que vai dar certo.
*******
Rodrigo e eu temos nos encontrado bastante. Quatro semanas se passaram e tudo isso só fica ainda mais intenso. Hoje iriamos jantar. Eu vesti um vestido vermelho um pouco acima do joelho com sapatos pretos. Estava á sua espera quando meu telefone tocou, era ele dizendo que estava me esperando. Eu estava tão animada que até poderia pular. E eu pulei. É bom ver algo dando realmente certo em minha vida! Dou uma última checada no espelho e me sentindo ótima, vou ao encontro dele.
Quase perco meu ar quando o vejo. Todas aquelas sensações clichês estavam em mim neste momento. Eu fiquei meio sem saber como agir. Eu deveria beija-lo ou o quê? Percebendo minha confusão, ele me agarrou pela cintura e me beijou de forma que eu podia imaginar meu pé direito se erguendo. Ou ele se ergueu? Eu não sei dizer. Sei que com certeza, estou com o batom borrado e ao olhar pro rosto dele todo lambuzado de batom vermelho, ri enquanto eu o ajudava a limpar o rosto. Ele ria também e eu senti uma paz que eu não sentia há muito tempo, aquela paz que você sente quando tudo parece estar indo pro lugar certo.
- Prometa que usará batons vermelho mais vezes. - Ele disse e nós rimos ainda mais.
Ele abriu a porta pra eu entrar e quando eu estava acomodada, ele deu a volta e entrou no carro. Durante todo trajeto, conversamos muito, era como se estivéssemos tão cúmplices um do outro que não nos importavamos demais com o que iríamos falar. Era perfeito. Era como estar com o meu melhor amigo. Rodrigo era tão diferente do que eu pensei que fosse, me surpreendeu tanto em quatro semanas, que era difícil pensar nele como alguém que acabei de conhecer, era mais pra alguém que está tomando parte dos meus dias, alguém especial.
O restaurante era lindo. Ele reservou uma mesa do restaurante, que era privada com vista pro mar. Eu fiquei por um bom tempo admirando a vista, meio boba com tanta beleza. Até que ele me abraçou por trás e cheirou meu pescoço. Ficamos por um tempo assim, somente olhando o mar com suas ondas em um vai e vem tão bonito e relaxante. Nosso momento foi estragado pelo garçom, que nos perguntou o que iríamos querer. Confesso que fiquei meio decepcionada por ter meu momento estragado, mas tudo bem. Pedimos e sentamos na mesa pra esperar nossos pedidos.
- Sabe... É muito grande desse lado da mesa... Você poderia vir até aqui, nau acha? - Olhou pra mim com um sorriso tão bonito que era impossível resistir a esse pedido.
Tirei meus sapatos e sentei ao lado dele. Ele me abraçou de lado e selou nossos lábios.
- Não acha assustador? - Perguntei.
- O quê? O mar? - Perguntou intrigado.
- Não! O mar não! Nós dois e toda essa... Intensidade... Tudo correndo tão de repente... É tão bom que assusta. - Ele sorriu de canto.
- Um pouco... É um mistério a forma como você me envolveu. E o que é mais intrigante é que eu costumava fugir desse tipo de envolvimento, mas não consigo fugir de você. - Respondeu enquanto acariciava meu braço.
O garçom chegou um tempo depois com nossos pedidos. Comemos naquela posição. Era até engraçado o fato de não conseguirmos nos desgrudar até mesmo pra comer.
- Vamos viajar esse final de semana. - Oi?
- Não posso... Eu danço amanhã á noite. - Respondi e senti seu corpo endurecer.
- Você nunca tem uma folga?
- O clube só abre da quinta até domingo. Eu estou de folga de segunda á quarta e você me roubou numa sexta á noite. - Respondo.
- Entendi. - Ele foi me soltando e quando percebi, não estávamos mais abraçados.
- Porque me soltou?
- Eu... Vou ao banheiro. - Disse e se levantou rapidamente.
Só neste momento percebi que ele estava descalço e foi em direção a uma porta que devia ser o banheiro. O empresário cheio de posses era mais simples do que de podia imaginar. Pouco tempo depois ele voltou e não me abraçou novamente. O que foi mesmo que jogou esse balde de água fria em nosso momento? Rodrigo voltou a comer em silêncio, o pensamento parecia estar bem distante. Eu não tinha mais fome, então apoiei a cabeça nos joelhos e me perdi olhando pro mar. Foi então que percebi porque Rodrigo mudou de comportamento. Ele não gostou de saber que vou dançar amanhã. Mas porque? Será que algum preconceito com o que eu faço? Porque de for, isso acaba agora.
- Porque ficou tão distante de repente? - Pergunto pedindo internamente que não fosse o que eu estava pensando.
- Estou sentindo algo estranho por saber que um bando de marmanjo estará te olhando seminua amanhã. Algo que não sei como lidar. Nada com você, eu só... Queria que você não tivesse que fazer isso. Queria que isso fosse só pra mim. - Ele respondeu depois de um tempo, me pegando de surpresa e eu não soube mais o que responder.
Era bom que ele fosse sincero comigo. Mas as vezes eu não sabia o que fazer com certas informações. Pedimos a conta e depois de muita briga, ele pagou e fomos embora. O caminho de volta para o prédio onde eu morava foi silencioso, eu não dizia uma palavra, ele também não. Porém, quando chegamos em frente ao meu prédio, ele quebrou o silêncio dizendo algo que eu não esperava.
- Quero que dance pra mim na segunda á noite, na minha casa. Você já sabe onde é, te espero às oito.
Eu saí do carro muito impactada com esse pedido e, meio decepcionada também.
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A Exclusiva
ChickLitEla não teve escolha. Era isso ou morar na rua e passar fome. Ela acabou gostando de fazer o que fazia. Ela? A mais sensual das que estão no ramo. Não era uma profissional, mas está se saindo melhor do que as profissionais. Angelina Campbell, é o s...