Capítulo 43 - 9 meses de gestação

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Obs: Ouçam a mídia a medida que forem lendo o capitulo

Eduarda

**

— Duda, que bom que você finalmente atendeu essa droga de telefone. Estou há horas te ligando. — disse Guilherme no exato momento em que atendi sua chamada. 

— Gui, desculpa, mas agora não é a melhor hora para falar. Melissa está sentindo fortes contrações e preciso leva-la para o hospital o quanto antes. No falamos logo que possível. Beijos! — falei apressadamente desligando.

A voz de Guilherme transparecia uma preocupação incomum, mas nada nesse momento é mais importante que o bem estar da Mel e de nossa filha. Nada pode ser tão urgente que ele não possa esperar.

Melissa

**

O caminho até o hospital foi rápido e muito doloroso – contrações muito intensas.  A médica me mandou deitar para fazer o toque. Qual a surpresa? O exame de toque tinha atestado que eu estava com apenas 4 centímetros de dilatação, ou seja, eu ainda precisava esperar para chegar ao nível de dilatação desejada. As contrações estavam me matando e se um dia pensei que cólica era terrível, eu literalmente não conhecia a dor de dar a luz. Mas me confortava em saber que toda aquela dor seria recompensada quando eu finalmente visse o rostinho do meu pequeno anjo!

A cada nova contração era uma dor diferente. Eu quase não conseguia me manter na maca, morta de dor, vomitando sem parar e apenas amparada pela garota mais incrível que a vida me deu, Eduarda. Fez o toque. Quase uma hora de dor entre suor frio e gritos intensos e só mais um centímetro de dilatação aumentou. A dilatação estava em processo de desenvolvimento: 5cm!

Eu estava muito fraca. Vomitava sem parar.  

Felizmente, a boa noticia é que após um exame, a médica responsável pelo parto afirmou que o bebê estava em posição favorável para o parto normal. Fiquei encolhida e só ouvia o frissom da equipe do hospital comemorando que haveria um parto normal a qualquer momento.

Eu pensei que as dores já estavam grandes demais, até sentir minha bolsa estourar e provar da pior dor que até hoje senti.  A sensação era de ter todos os ossos do meu corpo quebrados de uma única vez.  Meu útero nunca antes havia sentido nada parecido. Era como se dentro de mim estivesse 10 crianças e não uma.   

As contrações que antes eram despassadas, agora se transformaram no pior castigo que um ser humano poderia ter. Porque doí tanto ser mãe? Minha cabeça não conseguia estabelecer um pensamento coerente, além daquele mais primitivo de parir a qualquer custo.

— Eu não vou aguentar. — choraminguei olhando a expressão apreensiva de Eduarda ao meu lado.

—  Claro que vai amor, estou aqui com você e logo logo a Lara vai estar em seus braços. Seja forte! —  ela disse segurando forte minha mão...

Por mais fofa que ela estivesse tentando ser, tudo que eu conseguia pensar naquele momento era na dor. Eu gritava com dentes fincados e chorava.  A obstetra implorou para que eu passasse a respirar pela boca contando um, dois, três...Eu não conseguia acompanhar os acontecimentos. Estava imersa num torpor descomunal.Concentrei-me em respirar fundo...

Eu inspirava

Expirava  

Respirava

Repeti esse processo milhões de vezes, mas nada adiantava. O suor caminhava pelo meu rosto. Eduarda com total atenção e uma expressão preocupada, afastava meu cabelo para trás evitando que ele colasse no meu rosto suado.  Lágrimas tomavam meu rosto e nevrosismo dominava meu coração. Quando as dores alcançaram um nível exagerado, ouvi a obstetra afirmar que o nível de dilatação havia sido alcançado e agora iriamos dar inicio a expulsão. 

2 - Colorindo uma vida de tons cinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora