Laura
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Abro meus olhos e sinto minha cabeça explodindo, olho ao redor e custo a reconhecer o lugar. Minha visão ainda permanece desfocada, tudo gira como se eu estivesse dentro de uma bola gigante. Olhei ao meu lado e só a solidão de um quarto vazio ecoava. Sento-me na cama e entre as cobertas sinto meu corpo despido.
Céus, onde estou e porquê estou pelada? — indaguei a mim mesma apavorada com o modo em que eu me encontrava.
Repentinamente, Lívia entra no quarto abrindo as janelas, deixando que a luz solar entrasse, segurando em suas mãos uma aspirina e um copo com água alegando que minha dor de cabeça ( causada pela ressaca) melhoraria após tomar. Aos poucos, flashs de tudo que vivemos na noite passada me vem à mente...
— Liv, porque estou despida? Acaso ontem aconteceu algo entre nós? — eu tentava lembrar de algum vestígio que fosse, mas de nada adiantava.
— Tá falando de sexo? — ela sorriu.
— Não. Eu não estou falando de sexo, estou falando de amor. Fizemos amor ontem à noite?
— Não lembra de ontem?
— Não.
— Se eu falasse que fizemos, você se arrependeria?
— Se falasse que sim eu me mataria... não por termos feito, mas por eu não estar lembrando.
— Se isso vai te fazer ficar confortada, você chegou bêbada, tomou um banhou e seguidamente dormiu feito pedra a noite toda.. Até roncou. — rimos juntas!— fiquei na total abstinência.
— Eu não ronco. — ela sorriu divertidamente.
— Já ficou acordada enquanto dormia para saber?
— É tão simples saber, quanto a soma de dois e dois: divas não roncam e eu sou diva.
— Não vem com esse ego super elevado de leonina à essa hora da manhã não, Laura. — gargalhei. — mas falando sério, você não lembra de nada que aconteceu ontem? Nem mesmo das palavras que me disse?
— Eu deveria lembrar? — indaguei buscando em minha memoria alguma palavra trocada na noite passada, mas foi uma tentativa sem exito. — Imagino que pela ressaca e a dor de cabeça que estou sentindo, a noite foi longa.
— Eu preferia que lembrasse... do contrario será como se essa noite apenas tivesse existido para mim.
— Eu posso até não lembrar do que falei, mas lembro do que eu sinto. Na verdade é impossível esquecer, porque todas as vezes que você sorri, meu coração me lembra o quanto te quero.
— Devia ser pecado mortal alguém ser tão fofa há essa hora da manhã, ainda mais pelada e na minha cama. Não sou de ferro, okay?
— Dizem que sexo matinal é o melhor... Quer experimentar? —sugeri com sarcasmo.
— Você é sempre boba assim, ou só comigo? — rimos outra vez.
— Só estava tentando a sorte, vai que cola né?
— Sorte mais minha do que sua. — ela sorriu, respirou fundo e continuou — sobre ontem, não sei se vai lembrar do beijo, mas houve um beijo entre nós. Eu não sei exatamente o que esse beijo quis dizer. Não sei tão pouco nem ao menos se consegue lembrar dele, ou se teve um significado para ti, mas para mim, foi o motivo pelo qual passei a noite em claro fazendo da minha mente um eterno replay. Eu e você nos desentendemos e nos distanciamos bastante, mas eu descobri que não gosto da ideia de ficar longe de você.
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2 - Colorindo uma vida de tons cinzas
RomanceEsse é um livro lésbico que trás a segunda temporada da história: Clara e Duda. Deixo meus grandes agradecimentos a Jullia Athayde, pois me presenteou com idéias incríveis para esse romance.