Lívia
Céus, por tanto tempo esperei por esse beijo e agora toda essa espera estava valendo apena. Meus lábios finalmente estavam juntos aos lábios de Eduarda. É como se toda a minha existência passasse a fazer sentido a partir desse momento. Eu devaneava euforicamente dentro dos meus próprios pensamentos. O fato é que eu precisava de um beliscão para talvez acreditar que eu não estava vivendo um sonho. Ao me desvencilhar daquele abraço e finalizar o beijo, encarar os olhos de Duda era a parte mais difícil, eu não sabia exatamente o que dizer.
— Se eu soubesse que a minha melhor amiga beijava tão bem, já teria beijado antes. — Duda brincou tirando a tensão do momento.
— Talvez beijando-me antes, teria sido mais fácil o trabalho de conquistar-te. — Não pude segurar a irônia.
— Acha que seu beijo é tão bom assim para me fazer apaixonar rapidamente? — ela me fez repensar com essa pergunta. Céus e se ela de fato não tivesse gostado?
— Você não gostou do meu beijo? — confesso que estava temendo a resposta.
— Preciso de mais um para avaliar melhor. — rimos juntas. Ela me envolveu novamente em seus braços e me jogou no sofá enquanto deixava seu corpo cair vagarosamente sobre o meu em meio a mais um beijo.
♫ ♪ Esse turu turu turu aqui dentro, que faz turu turu quando você passa, meu olhar decora cada movimento, até seu sorriso me deixa sem graça. Se eu pudesse te prender, dominar seus sentimentos, controlar seu passos, ler sua agenda e pensamentos, mas meu frágil coração, acelera o batimento e faz turu turu turu turu tu... ♫ ♪ — O som do celular de Duda ecoava por toda a sala atrapalhando de continuar a melhor parte do beijo.
— Quem ousou nos atrapalhar justo agora? — perguntei fingindo uma birra enquanto ela retirava o aparelho do bolso.
— É a Mel. — explicou ao voltar seus olhos para o visor.
— Que Mel? — não disfarcei o ciúmes.
— A Melissa... aquela garota do estacionamento. — aguçou minha memória.
— Não vai atender? — indaguei curiosamente.
— Depois eu retorno a ligação. Agora estou ocupada demais. — falou desligando o aparelho e tentando retomar o beijo, mas interrompi...
— Eu não sabia que mantinham contato. — Afinal de contas, por que diabos Duda mantém o contato com aquela garota?
— Não me diga que isso é ciumes? Nem bem ganhei meu segundo beijo e já estou no meio de um ataque de ciúmes? — ela gargalhou como se estivesse deliciando-se com a minha crise. — Calma senhorita minha namorada, a Mel é só uma amiga.
— Repita isso que você falou, preciso gravar e ouvir umas cem vezes até acreditar em meus ouvidos. — falei euforicamente quase tendo um ataque de felicidade.
— A Mel é só uma amiga.
— Não... essa parte não sua tapada, a parte da namorada.
— Namorada, namorada e namorada... Você é a minha namorada agora.. E nem adianta dizer que não, você não tem mais escolha, eu já decidi por nós. — ela dizia enquanto enchia meu rosto de beijos carinhosos.
— Viu como acertei quando eu disse que se provasse do meu beijo não ia resistir? — gargalhei de mim mesma e da situação. — Ainda que você me deixasse escolher, eu não seria louca de dizer um não para a garota que eu sempre quis ter para mim.
Naquela noite eu agradeci aos deuses por tudo estar tão perfeito. Tudo parecia um sonho do qual eu temia acordar. Pedimos pizza e colocamos um filme para assistir, tiramos o sofá do meio da sala, espalhamos algumas cobertas e travesseiros pelo chão e ali mesmo ficamos namorando por horas e horas. Era o nosso primeiro dia de namoro, após três anos de amizade. Eu nem sabia exatamente explicar as borboletas percorrendo meu estômago. Sentir a cabeça de Duda acomodada em meu peito era a melhor sensação que eu já tinha experimentado na vida. Quando me dei conta, já estava tarde o bastante, ela precisava ir... Até passou pela minha cabeça convida-la para dormir em meu apartamento, mas eu não quis atropelar as coisas, não arriscaria que ela me entendesse errado. Me contentei em me despedir com um beijo em seus lábios, levando em meu rosto um sorriso de felicidade pela certeza de reencontra-la amanhã. Ela partiu, mas deixou em meus lábios seu gosto, em meu peito seu cheiro e em minha memoria sua lembrança.
Eduarda
**
Por volta das onze da noite, quando por fim sai do apartamento de Lívia, eu sentia meu coração leve como há muito tempo não o sentia. Entrei no carro, coloquei uma música ambiente para combinar com o bom momento que eu estava vivendo, e antes de dá partida do veiculo, lembrei de ligar meu aparelho celular. Algumas mensagens da operadora surgiram na tela para me informar sobre as ligações que eu havia recebido durante o tempo de desligamento do aparelho. Acabei lembrando de retornar a chamada de Melissa, mas a ligação não foi atendida, por certo já estava demasiadamente tarde para que ela me atendesse... Talvez estivesse dormindo ou no meio de um trabalho. Resolvi seguir meu caminho e voltar a ligar somente no dia seguinte, afinal de contas, o que Melissa podia querer de tão urgente que não fosse possível esperar até o amanhecer?
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2 - Colorindo uma vida de tons cinzas
RomanceEsse é um livro lésbico que trás a segunda temporada da história: Clara e Duda. Deixo meus grandes agradecimentos a Jullia Athayde, pois me presenteou com idéias incríveis para esse romance.