Capítulo 40 - Samatha

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Guilherme

**

  — Hoje é o grande dia de voltar para casa. — afirmou Bernardo entrando na sala animado.

  —  Essa noticia seria mais animadora se isso não resultasse em perder sua companhia. — afirmei. 

  — Quem disse que precisamos deixar de ser amigos? —  ele sorriu e senti que apesar da circunstancias, o destino estava sorrindo para mim outra vez. Desde que Rômulo saiu do pais para alavancar sua carreira de modelo e terminou tudo, meu coração se fechou completamente. Bebidas e baladas era o que sobrava para mim, mas confesso que estou buscando um pouco de estabilidade. O acontecido me serviu para mostrar que nem só de baladas e farras posso viver. —  seus amigos estão lá fora loucos para que eu autorize sua logo sua saída... Seria egoismo demais retardar o momento por vontade própria só para continuar um pouco mais em sua companhia?  —  Por minha santa lady gaga, é impressão minha ou esse medico gato e gostoso está me dando mole? Para o mundo de girar que eu quero entender.  — Bom, sua saída está devidamente autorizada. Eis aqui meu cartão pessoal com todos os meus contatos caso sinta algo e precise de mim. — gente, aquilo só podia ser uma mensagem subliminar para um "gato toma meu número e me convida para sair".  No auge do meu flerte o primo do capeta entra na sala... Affz, quem deixou o Rafael entrar? Depois eu o mato e o IBAMA vem reclamar. Custava ter esperado mais um pouco seu animal? 

 — Então primo, vim te pegar moleque... Nossa casa ficou muito silenciosa sem você. Animado para finalmente voltar para casa? —  ele disse entrando na sala ao lado de Samantha com um sorrisão no rosto. Seguidamente Melissa e Eduarda também entraram. Bernardo completamente sem jeito saiu nos deixando a sós. 

— Eduarda? —  chamei com perplexidade. —  mona, não acredito que você matou trabalho em plena terça-feira para vir me ver. Ai serio, vamos preparar o velório, pois sinto que Laura vai te matar. 

— Eu não trabalho mais no jornal. Mas ainda que trabalhasse, não deixaria meu melhor amigo sem meu apoio. 

— Como assim não trabalha mais no jornal? —  indaguei com mais perplexidade ainda. 

—  Fui demitida. Mas esse não é o melhor momento para falarmos disso... Depois te conto os babados completos... e saiba que lavei minha alma dando um tapa na cara daquela lambisgoia antes de sair. 

— Mona a senhora é destruidora meixxxmoooo.  — se Duda não existisse, eu teria que criar uma replica... porque né?  (risos)

— O papo está ótimo, mas é melhor irmos. Temos um longo caminho e você precisa descansar Gui. — Rafael pontou como se ele fosse o médico e não o Bernardo. 

— Seu primo tem razão. —  Sam concordou. 

— Porque será que não estou surpreso por você sempre concordar com o Rafael? —  rimos todos. 

— Eu não sou a Sam e também concordo com ele. —  Melissa entrou para o time me deixando sem defesas. —  Okay, vocês ganharam. Só me deixem despedir do doutor Bernardo antes. 

  — Esse Gui não perde tempo... Já está de graça para o médico. — ouvi a voz distante de Eduarda fazer tal afirmação. Juro que quase falei "Mona, não sou eu quem estou no segundo relacionamento em menos de um mês." mas tive medo que Melissa não aprovasse meu dizer, então me limitei apenas a sorrir e engolir minha fala, seguindo em destino a Bernardo.   

(...)

Finalmente em casa! Foram apenas dois dias longe, mas me sinto como se tivesse sido uma eternidade. Agora, que estou no conforto da minha cama, na comodidade do meu lar, consigo ver que que apesar da tragedia, alguns lados bons surgiram... O melhor de todos obviamente foi ter conhecido Bernardo. Mas notei que Sam e Fael estão cada vez mais próximos. Eu vejo o quanto Samantha gosta dele e acho que tá mais que na hora do primo experimentar a sensação de ser verdadeiramente amado. Quem sabe se ele oferecer uma chance aos dois? Outro ponto bom é que eu literalmente pude perceber que a dor aproxima as pessoas. Até Eduarda que não suporta Rafael, estava agindo de forma super pacifica na companhia dele. Os 4 foram juntos, ou melhor, os dois casais foram me ver... e desta vez sem rancor, sem magoas, sem desentendimentos. A paz estava ali, e sabe quanto tempo isso não acontecia? Desde muito antes da morte de Clara. Acho que como diz o ditado, o que não mata fortalece, e bom, eu continuo vivo e creio que meus laços de amizades estão cada vez mais fortalecidos.   

Rafael

**

  Estou feliz que esteja tudo bem com o Guilherme. Agora que ele está em casa, estou mais tranquilo. — comentei sentando-me na mesa da cozinha enquanto Samantha preparava um café. —  eu já disse que você está agindo como um anjo em minha vida? 

  — Não, mas eu adoraria ouvir... —  ela sorriu docemente. 

Levantei-me e me aproximei por trás juntando nossos corpos enquanto ela se mantinha de pé próximo ao fogão. — Pois eu digo agora: você é o meu anjo. — afirmei sussurrando ao pé de seu ouvido.

 — Não devia agir assim... — falou virando-se para encarar meus olhos completamente sem defesas. 

— Eu sei que agi como um completo babaca... Sei que você pensa que sou louco pela Lívia, e todas essas coisas... Mas eu pensei muito e vi que é você quem sempre está ao meu lado quando preciso gritar por socorro... É você quem cuida dos meus machucados e sara minhas feridas... Me deixa tentar te retribuir tudo que tem me feito? 

— Não se confunda Rafael... Isso é gratidão, e gratidão não basta para manter uma relação. 

— Não é apenas gratidão. É a primeira vez em que estou provando da sensação de me sentir importante para alguém. E eu gosto dessa sensação. Sou um homem aprendiz e reconheço que não sou o cara mais indicado para fazer feliz uma garota incrível como você... Mas eu estou disposto a tentar. Não tentar do tipo "ficar e ir empurrando com a barriga enquanto outra pessoa não resolve me dar uma chance"... Confesso que eu estava fazendo isso até aqui... Confesso que eu estava andando em corada bambam entre você e Lívia e agindo como um idiota achando que era com ela que estava minha felicidade. No entanto quero fazer diferente. Eu não quero mais magoar uma garota como você. Eu pensei bastante e cheguei a conclusão de que te quero.

— Uma garota como eu? —  ela me encarou buscando respostas.

— Uma garota capaz de enxergar em mim algo bom, quando nem eu mesmo fui capaz. Obrigada por ter me olhado devagar e ter me enxergado melhor do que realmente sou, já que nessa vida todo mundo sempre me olhou depressa demais. 

— Se soubesse o quanto é amado, não sairia por aí em busca de colecionar amores vazios de sentimentos. Se soubesse o quanto desejo seus beijos, não sairia por aí sentindo o gosto de outras bocas. Se soubesse o quanto respeito tenho pelo seu corpo, não sairia por aí trocando carícias com outro alguém. Se soubesse quantas vezes sonhei em estar ao seu lado, não se negaria a fazer parte da minha realidade. Se só por um instante pudesse ver a si mesmo com meus olhos, certamente se apaixonaria. Seu sorriso? É sem dúvidas o mais lindo que meus olhos já contemplaram. — antes que ela concluísse, a beijei docemente.

Eu estava disposto a tentar. Chega de correr atrás de quem sempre agiu como se eu fosse invisível. Sou vazio, mas pela primeira vez estou disposto a ser preenchido e transbordado com esse amor.



 Sou vazio, mas pela primeira vez estou disposto a ser preenchido e transbordado com esse amor

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2 - Colorindo uma vida de tons cinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora