Capítulo 9 - Madrugada

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Lívia

Estou há horas tentando entrar em contato com Eduarda e tudo que consigo ouvir é a voz de uma idiota repetindo: "deixe seu recado". Se tem alguma voz que eu preciso ouvir nesse momento, é a voz de Eduarda, para que meu coração se tranquilize. Por mais que a chuva tenha passado, a estrada ainda permanece molhada e isso é muito propicio para acidentes de trânsito. A forma como Eduarda estava enfurecida por conta da notícia da volta daquele ser desprezível que atende por nome de Rafael mexeu com os seus nervos. Eu não vou conseguir dormir sabendo que Duda pode estar acidentada em uma estrada qualquer sem chance de socorro algum. Se algo acontecer com aquela garota, eu jamais me perdoarei.

— Alô Dona Maria? Sou eu a Lívia outra vez. Desculpa lhe ligar à essa hora da madrugada, mas é que estou há horas tentando entrar em contato com a Eduarda, mas ainda não tive exito algum. Ela já voltou para casa ou a senhora também ainda permanece sem notícias? — apesar da hora, eu sentia que assim como eu, dona Maria também não havia conseguido pregar os olhos.

— Ela não voltou para casa, nem tão pouco atende minhas ligações. Eu já estou até pensando no pior. É que ela nunca demorou tanto assim. Estou farta de não ter nenhuma notícia. Meu marido e eu estamos pensando em sair e procura-la, mas sem um carro, demorará muito para percorrer por toda essa cidade. Eduarda saiu no único carro da casa e isso só me deixa mais preocupada. — ela falava com total desapontamento e desespero em sua voz.

— Dona Maria, fique em casa aguardando notícias e se ela voltar entre em contato comigo o mais rápido possível. Eu vou falar com o Guilherme, ele tem um carro e não se negará em ajudar. Vou convence-lo a sair pelas ruas em busca de Duda e juro que só voltarei quando encontra-la, fique tranquila. — falei desligando a chamada e saltando da cama. Tirei meu pijama e substitui por uma roupa social. Liguei para um táxi e segui até a casa de Guilherme.

Confesso que a timidez me dominava. Bater na porta do Gui nessa hora da madrugada era desconfortante, mas era por uma causa maior e eu não podia recuar. Tomei coragem, bati e vociferei:

—Gui, por favor abre essa porta, sou eu, Lívia. É urgente! — eu me encontrava desesperada e minha preocupação em relação a Eduarda não dava limites ao meu desejo de encontra-la.

— Só podia ser você outra vez. O que quer agora? Dizer algo que esqueceu entre sua lista de humilhações destinadas a minha pessoa? - indagou Rafael furioso ao abrir a porta.

— Meu querido, sinto em te informar, mas você não é o centro das atenções. Meu assunto não é com você, mas com seu primo. — falei o empurrando do caminho de passagem da porta e caminhando para sala.

— Minha querida, sinto em te informar, mas você perdeu sua viagem. Meu primo não está. Ele foi até a casa do Rômulo tentar uma reconciliação e creio que não voltará mais hoje. — ele agia com total descaso em suas palavras.

— Essa não! Ferrou de vez! Como vou encontra-la agora? O jeito vai ser tentar acha-la sozinha. — eu falava comigo mesma em voz alta.

— Achar quem? Hã? Você poderia por favor falar coisa com coisa? Caso contrário, daqui a pouco vou achar que você fugiu de um manicômio.

— Antes ser uma fugitiva do manicômio, que um ex-presidiário.— devolvi o veneno.

— Vai ficar me pisando ou vai falar a razão que te trouxe aqui à essa hora da madrugada completamente transtornada? — ele me encarou curioso.

— Eduarda sumiu após a discussão que vocês tiveram. Dona Maria já me ligou inúmeras vezes preocupada, temendo que tenha acontecido algo com sua filha, e eu prometi que iria encontra-la e devolve-la sã e salva. É obvio que Eduarda deve estar super mal e tudo por sua causa, seu monstro!— eu na verdade não queria falar nada com Rafael, afinal eu sabia o quanto Eduarda o odiava, mas na falta do Guilherme, eu precisava esclarecer o porquê de tê-lo acordado. Por mais que eu o achasse desprezível, idiota, monstruoso, filho do demônio e tudo o mais de ruim, eu o acordei, então esclarecer o motivo era o minimo a se fazer.

2 - Colorindo uma vida de tons cinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora