Capítulo 03

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Loki seguiu com a mochila no ombro até o ponto marcado. Levava alguns livros dentro para o caso de não se sentir a vontade entre os outros, assim poderia ler algo e o tempo passava mais rápido.

– Pensei que não viesse – foi a saudação da ruiva ao notá-lo chegando.

– Não tinha nada melhor para fazer.

A resposta um tanto arrogante fez a garota sorrir de lado. Não se irritou com o jeito do moreno. Já estava acostumada com egos bem piores...

– Vamos logo então. Antes que quebrem a casa.

– O que disse? – Loki não compreendeu o comentário.

Mas Natasha deu de ombros e começou a andar, não dando a Loki outra opção a não ser segui-la.

A casa de Clint não ficava longe. Era uma residência de dois andares bem ao estilo das demais. Havia uma senhora regando o gramado com um esguicho e um cachorrinho brincando e pulando para morder o feixe de água.

– Boa tarde senhora B.

– Boa tarde, Natasha. Os meninos estão no quarto do Clinton, sinta-se a vontade.

– Obrigada. Este é o Loki.

– Olá, Loki! – a mulher cumprimentou. Era realmente baixinha, o que fez o garoto pensar no motivo de Barton não ser lá muito alto.

– Oi – foi a resposta simples.

– Depois levo uns sanduíches pra vocês.

Em seguida a ruiva acenava e os dois entravam na casa.

O quarto de Clint ficava no andar de cima logo na segunda porta a direita. Natasha invadiu sem ao menos bater, o que indicava seu grau de familiaridade. Loki, que não era de se fazer de rogado, a seguiu.

Se houvesse uma palavra no universo para descrever o quarto de Clint Barton, essa palavra seria: caos. E se pudesse acrescentar mais uma palavra a essa descrição, seria: total.

Caos total.

O que resumia um quadro bem típico de um adolescente norte-americano: roupas espalhadas pelo chão, sobre a cama e nas guardas de duas cadeiras. Livros misturados com gibis sobre a escrivaninha. Brinquedos de modelagem, posters, DVDs, sapatos... e mais uma infinidade de quinquilharias que o moreno não teve nem chance de registrar. Totalmente o oposto de seu próprio quarto, sempre tão bem organizado.

– Olá, Tasha! – o dono do "muquifo" foi cumprimentando a ruiva – To terminando de arrumar as peças!

Natasha se aproximou do canto próximo ao guarda-roupas, onde Clint estava sentado no chão, arrumando as peças de um tabuleiro de xadrez.

– Não me chame assim. Clint, meu peão não estava em C4. Ele estava em F5. E a sua torre do rei, definitivamente, não estava em A3... ela estava em D1. – a ruiva disse calmamente.

– Ops.

– Engraçadinho.

– Ei, – o rapaz voltou-se para Loki – Tasha é dura na queda, não? Que bom que veio, garoto do primeiro ano. Faça como todos: se espalhe e conquiste.

Enquanto Natasha ia se sentando a frente de seu oponente, Loki observava os outros presentes no quarto.

– Meu nome é Loki, não "garoto do primeiro ano".

– Aff, qual o problema de vocês com nomes? – Clint ainda perguntou antes de se concentrar no jogo.

– Yo! – uma morena alta acenou. Ela usava os cabelos escuros presos em uma longa trança e estava sentada na cama com um livro de química nas mãos. Loki a reconheceu como uma segundoanista que às vezes conversava com ele. Antes de continuar falando ela agitou o livro em suas mãos – Você tem cara de quem é bom com química...

– MAS QUE... – um som seco cortou a frase. Todos olharam em direção a escrivaninha onde dois rapazes observavam um modelo feito de papelão, arame e bolas de isopor. Um deles, o mais baixo, acertara um golpe com a mão na tampa da mesa, seu rosto estava corado de raiva – Não compreendo por que não deu certo.

– Acalme-se, Bruce – o outro, também aluno do segundo ano, disse condescendente – O problema são os prótons. A carga positiva atrai os elétrons e desequilibra a equação.

Finalizou a frase movendo duas bolinhas de isopor pintadas de azul. Mas Bruce balançou a cabeça com força.

– Que absurdo, Tony – voltou as bolinhas ao lugar – A carga é exatamente igual. Teoricamente elas se anulam.

– Você dormiu na aula... – Tony Stark debochou – O que disse sim, é um absurdo.

Loki rolou os olhos, aproximou-se do modelinho e se colocou entre os dois. Não teve o menor pudor em mover tanto as bolinhas azuis quanto as vermelhas.

– A carga está errada. Vocês estão considerando os elétrons como partículas. Abram um espaço de comportamento aqui, para a formação de ondas, senão não terão o efeito onda-corpúsculo. O elétron é uma partícula elementar, obviamente.

Terminou de forma arrogante, com um suspiro de pura impaciência.

Bruce e Tony observaram a nova formação do modelo. O mais alto passou a mão pelo cavanhaque ralo de adolescente e torceu os lábios.

Elementar, meu caro Watson – debochou.

– Então sugere que montemos a maquete com elétrons em pares e... – Bruce começou num tom irritado que foi se acalmando – Faz sentido.

– Vish, esse moleque é tão inteligente quanto o Tony! – a morena riu, ainda sentada na cama. Mas, assim como Natasha e Barton, tinha parado para assistir a conversa entre os pseudos-cientistas.

– Tarika, por favor – Tony Stark soou ofendido. Então apontou para Clint – Ele é inteligente. Eu? Eu sou um gênio.

A morena riu e não se deu por perdida. Voltou os olhos para Loki e o encarou com diversão.

– Então temos um novo gênio no grupo. Bem vindo, menino prodígio! Isso pede uma festa para comemorar!

Loki não demonstrou nada na expressão facial além de enfado. Porém, por algum motivo que não soube dizer, gostou de ser acolhido ali e de como se sentiu entre eles.

Soube instintivamente que não se arrependeria de ter aceito o convite feito por Natasha.

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Notas finais do capítulo

Rsrsrs, eu sei que os capítulos são curtinhos, mas eu tento fazê-los funcionar apesar disso.
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Ah, mais Avengers dando as caras! Pouco a pouco o grupo irá se fechando. Mas aviso: não gosto do Steve, ele será apenas mencionado. Sorry.

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