Capítulo 25

1.6K 226 117
                                    

Loki respirou fundo aconchegando-se mais nos braços de Thor. Ambos estavam no sofá da sala, aproveitando o relaxamento natural que vinha graças ao ato de amor, sensação acolhida pelo dia que findava e trazia consigo um clima mais ameno.

Só de pensar na situação o moreno se surpreendia. Por um breve instante sua mente foi inundada pela imagem do pai, um homem um tanto frio e distante, entrando pela sala e flagrando os dois naquele momento tão intimo.

Mas as imagens desapareceram com um movimento de Thor, que fez a pele de ambos roçarem com suavidade, lançando arrepios no corpo do moreninho.

Loki gostou do contato, da entrega, de se deixar levar pelo arroubo e dar vazão ao sentimento guiado pela luxuria, porém cercado de carinho, de preocupação. Algo profundo, indescritível, inigualável. Algo que não queria sentir com mais ninguém além de Thor.

– Posso ver seu sorriso – a voz do loiro saiu um tanto rouca, agradável aos ouvidos do companheiro.

– Te incomoda?

– De jeito nenhum, irmãozinho.

– Ainda vai me chamar assim?! – Loki ficou surpreso.

– Te incomoda? – o loiro devolveu a pergunta, sacana.

– De jeito nenhum, deus do trovão.

Os garotos riram, daquele jeito bobo que os recém apaixonados têm. Thor apertou Loki ainda mais, num abraço que tentava transmitir o que sentia e ainda não sabia nomear, mas que era forte o bastante para enfrentar tudo desde que tivesse aquele garoto ao seu lado.

– Te chamo de irmão, mas te quero como companheiro, namorado, amante...

– Já somos os três – Loki suspirou.

– Quero que sejamos muito dos três.

– Calma, aí grandão – Loki ergueu-se um pouco e encarou o mais velho – Vamos devagar, está bem?

– Devagar? – Thor riu – Depois de tudo o que fizemos hoje? Se arrepende? Queria ter esperado um pouco?

As perguntas arrancaram um som de desprezo de Loki, antes que ele as respondesse.

– Claro que não me arrependo nem um pouco – afirmou ignorando propositadamente o ar convencido que emoldurou a face do loiro – Quero que a gente vá devagar no mundo lá fora. Você sabe... as pessoas não são tão legais com...

– Gays? – Thor completou a frase de Loki. Ajeitou-se melhor no sofá de modo que o caçula voltasse a deitar confortável sobre seu peito – Não ligo pra eles. Nossos amigos não se incomodarão com escolhas sexuais.

– Eu sei – o moreninho suspirou. Também não dava a mínima para a opinião que tinham dele. Fato que não mudava a crueldade do mundo: se quisessem dificultar a vida dos dois, fariam isso com certeza. Tipos como Sif, Fandral e Hogun, que existiam aos milhões lá fora e sentiam prazer em perseguir e atormentar as pessoas diferentes deles.

– Não se preocupe, irmãozinho. Apenas deixe comigo. Garanto que não vão se meter com Thor, o deus do trovão. Nem com seu irmão e protegido, o deus das travessuras.

Loki riu baixinho, tanto da arrogância daquelas palavras quanto do tom confiante pela certeza absoluta de que Thor impediria qualquer mal de acontecer a Loki. Talvez fosse, verdade, talvez não. Tudo que importava no momento era o que tinha acontecido entre os dois, por isso o moreninho espantou os pensamentos pessimistas para longe de sua mente e fechou de leve os olhos, pronto para dormir um pouco e se recuperar.

Antes que conseguisse dois sons distintos de celulares soaram quase ao mesmo tempo anunciando a chegada de SMS.

– Atendemos...?

A negativa surgiu na ponta da língua de Loki e ali ficou. Ele recordou-se de todas as mensagens preocupadas que recebera e de como os amigos se importavam com sua segurança. Por mais que estivesse delicioso ficar ali nos braços de Thor precisava atender e tranqüilizá-los.

– Atendemos – Loki desvencilhou-se do aconchego quente que era o corpo do mais velho. Gemeu um pouco ao mover-se.

– Me desculpe. Serei mais gentil da próxima vez – o loiro soou um tantinho convencido.

Loki fez uma careta antes de sair a caça do aparelho telefônico.

– Belo traseiro – Thor gracejou cruzando os braços atrás da cabeça e sorrindo largo.

– Idiota – Loki disfarçou o embaraço pegando o celular caído próximo à mochila.

– Temos que tirar isso do seu pé – Thor observou o tornozelo enfaixado com cuidado. O curativo estava limpo, sinal de que o sangramento realmente parara.

– Seria bom... – Loki resmungou antes de observar o visor para ver quem era o remetente antes de abrir a mensagem – Stark marcando uma reunião na casa dele...

– Tony? Ele já teve alta do hospital então...

– Hospital...? – Loki não compreendeu.

– Você não sabe ainda, irmãozinho. Tony estava no hospital, várias coisas aconteceram no colégio hoje. Coisas que começaram na sexta-feira.

Lembrar-se daquele dia trouxe angustia ao coração de Loki flashes do final de semana tenebroso inundaram sua mente, deixando o rosto já normalmente pálido ainda mais lívido. Tentando recompor-se diante da observação atenta de Thor, Loki estendeu a mão de forma convidativa.

– Vamos tomar um banho, grandão. Assim você me conta tudo e a gente ganha tempo.

Mal Loki fez a oferta e sentiu um arrepio correndo por seu corpo tal a intensidade da mirada que Thor lhe lançou. E o brilho nas íris azuis era garantia inquestionável de que o tempo seria bem empregado durante o... banho...

T&L

Depois da chuveirada longa e pouco inocente os dois garotos se vestiram. Thor se conformou com roupas emprestadas de Loki, que ficaram bem justas no corpo que começava a ganhar formas definidas e perder aquele jeito desengonçado tão característico de adolescentes.

O moreno trocou o conjunto confortável por peças mais sóbrias. Acabaram confirmando que o celular de Thor também exibia uma mensagem de Tony Stark. O garoto parecia ter convocado uma assembléia geral do grupo.

– Meu pai tem uma caixa de ferramentas na garagem. Talvez algo lá ajude a tirar essa algema.

– Vamos ver – Thor assentiu.

De certa maneira o mais velho esperava mesmo encontrar a garagem organizadíssima, como tudo o mais na casa de Loki. Seu irmãozinho era muito cuidadoso com tudo em sua vida. Fazia sentido se envolver com alguém quase oposto a ele.

– Aqui – o mais jovem abriu a caixa e exibiu tudo o que havia lá dentro.

Sorrindo feito uma criança que encontra um saco de doces Thor pegou um martelo e a talhadeira de ferro.

– Isso é perfeito!

Loki olhou do martelo para a talhadeira e, então, para a expressão exultante do loiro.

– Muito bem, deus do trovão. Faça sua mágica e tire isso do meu tornozelo. Mas... por favor... não arranca o meu pé no processo. Eu gosto um bocado dele, Thor.

O loiro riu alto. Claro que ele não iria machucar nada em seu querido irmãozinho. Na verdade ele pretendia justamente o contrário: protegê-lo de todas as pessoas iguais a Sif e para que nada ruim acontecesse ao garoto que se tornara parte importante de sua vida, desde a primeira vez que colocara os olhos no nerd magrelo, isolado e de cara de poucos amigos.

Desde que tentara se aproximar e Loki se afastara como um bichinho selvagem, sempre arredio e desconfiado. Pouco a pouco aceitando a presença do loiro não como ameaça, mas como amigo e, enfim, como algo mais.

Protegê-lo de tudo e de todos. Para sempre.

Pois fácil era tirar as algemas de aço que aprisionavam Loki. Impossível era soltar-se das correntes invisíveis que Thor sentia se apertar em seu coração cada vez que olhava para Loki.

Aquelas correntes... nada no mundo poderia arrebentá-las.

---

O próximo é o último! Depois só os extra :D

AstronautOnde histórias criam vida. Descubra agora