Capítulo 20

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A última coisa que o garoto viu antes de apagar foi um sorriso vitorioso nos lábios de Sif.

– - - -

Loki abriu os olhos e observou ao redor. Ou tentou pelo menos, já que estava tão escuro que não conseguia visualizar muita coisa.

– Laboratório... – murmurou desanimado. Podia deduzir das silhuetas entrecortadas pela parca luz a transpor as cortinas de tom claro. Tirando isso a penumbra era total.

Tentou sentar-se, já que estava deitado no chão frio. Sua tentativa foi bem sucedida e seguida de um choque: tinha algo frio prendendo seu tornozelo e limitando-lhe os movimentos!

Esticou a mão e tateou. Era uma algema. E a outra ponta estava presa ao armário de aço, chumbado a parede e impossível de se empurrar.

Proibindo-se de entrar em pânico, Loki analisou a situação. Sua última lembrança era o sorriso insuportável de Sif segundos após receber um golpe na cabeça, pensamento que o fez tocar a nuca. O local estava dolorido e coberto com algo que parecia sangue seco. Ou seja, ele já estava preso ali há um tempo significativo.

Pela camada de pó no chão, concluiu que era um dos laboratórios desativados. O corredor da ala possuía dez, entre laboratórios de química, física, biologia e de informática, e os quatro últimos, criados na mesma época do prédio escolar, foram sendo abandonados a medida que novos e mais modernos eram construídos no andar superior. Loki não conhecia a rotina dos funcionários do colégio em que ingressara, mas era fato: não deviam limpar ali com frequência, o que reduzia suas chances de esperar por socorro imediato.

Pela pouca claridade, calculava ser noite.

Respirou fundo e tateou as proximidades. Se sua mochila estivesse por ali poderia usar o celular e... evidentemente não conseguiu encontrar nada ao alcance de suas mãos. Não podia ir muito longe graças à algema em seu tornozelo.

Descobriu apenas uma garrafinha junto com uma outra coisa. Pegou ambos com cuidado e ergueu para tentar desvendar o que era. A pequena garrafa era água. Colocou-a de lado com cuidado. Abriu uma parte do embrulho, uma textura que lembrava papel alumínio, e identificou o cheiro de um sanduíche.

Sentiu vontade de gritar de raiva.

Sif pretendia deixá-lo ali, preso, por todo o final de semana?! Com uma mísera garrafa de água e um sanduíche chocho? Que tipo de vingança era aquela?

Irritado, chutou o pé do armário usando a perna livre, tentando soltar-se e, consequentemente, se libertar. Foi inútil. Não tinha forças.

Frustrado, sentou-se encolhido contra a parede ao qual o móvel estava pregado.

Maldita Sif.

Tudo isso porque Thor andava mais com eles do que com os "estrelinhas" do colégio? Oras, que culpa tinha se o loiro preferia companhias melhores?

E, no fim das contas, por que Thor preferia os nerds mesmo?

Não fazia sentido.

Aquele loiro era uma verdadeira incógnita. Popular, carismático, bonito (nesse ponto o moreno praguejou – como assim "bonito"?) cercado pelos "famosos" do colégio... por que se envolvia com pessoas como ele e os demais?

No começo julgara Thor tão idiota quanto o resto do time de basquete.

Mas o loiro era diferente. Bem humorado, apesar de meio distraído, impulsivo, não parecia se preocupar muito com o que os outros pensavam ou diziam.

E Thor se aproximara com seu jeito indiscreto e expansivo. Invadira a vida de Loki completamente, requisitando cada vez mais atenção, a ponto do moreninho convidá-lo para ir em casa, dividir uma partida de vídeo-game.

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