*

22 1 1
                                    

Aquela noite com Nick, realmente tinha sido uma das minhas melhores noites após a morte de Tedy, eu não me sentia triste, nem sozinha.
Aquele grande e profundo vazio, que Tedy deixou, estava sendo fechado, eu não sei como, nem o porquê, mas naquele momento, quando eu estava caminhando para casa, pensei que Tedy estaria caminhando comigo, e sorri pensando nisso.
Eram umas 5:30 da manhã, o céu ainda estava escuro, olhei de longe para casa, e vi um movimento de pessoas e carros, que não era muito normal no dia a dia, os meus pais não costumavam acordar às 5:30 da manhã, só quando algo realmente preocupante estivesse acontecendo, imaginei milhares de coisa que poderiam ter acontecido, mas quando vi o carro da polícia, e os pais de Henrry, as lágrimas não se seguraram e saíram sozinhas.
Minha mãe e meu pai, estavam de pijama, e os pais de Henrry pareciam cançados. Não sabia ao certo o que estava acontecendo, mas imaginava, sai correndo de onde estava. Mais um carro chegou, era Mary, com seus pais, ela me viu, correu e me abraçou.
-Mary? -Perguntei olhando para ela, eu conheço Mary, a mais de 10 anos, e nunca vi ela chorar, quando eu era pequena eu tinha medo dela, achava que ela era um robô, ou algo do tipo, todos choravam, quando caiam, quando queriam algo, quando não queriam algo, mas Mary sempre foi diferente, ela nunca chorava. Se caia, ela levantava e batia em quem estava perto, se não queria algo, ela batia novamente, e se queria algo, ela tomava, e depois batia.
Mary nunca soube expressar sentimentos, era difícil para ela. Mas ver ela naquele momento, chorando, foi horrível, foi como se você descobrisse que o seu herói favorito, na verdade tinha medo de algo.
Mary estava com medo de algo, eu só não sabia do que. Ela me soltou, e me levou até em frente de casa, onde estava a polícia, meus pais, de Henrry, e de Mary.
-O que aconteceu? -Perguntei quase suplicando para que alguém me explicasse.
-Henrry sumiu, querida. -Minha mãe respondeu segurando forte a mão do meu pai.
-O que? Como assim, sumiu?? -Olhei para os pais de Henrry, que estavam abatidos, provavelmente por terem passado a noite em claro, atrás dele.
-Vem aqui. - Falou Mary me levando até a escada de casa, sentamos e ela me Contou.
-Henrry foi à uma festa ontem, não sabemos onde, nem com quem, mas não voltou até agora, seu celular está fora de área. -Mary me explicava segurando minhas mãos, que estavam frias e trêmulas.
Mais um carro chegou, Nick saiu correndo de seu carro, falou com meus pais, e os de Henrry, e foi até onde estavamos, abraçou Mary, me abraçou, e me deu um beijo na testa.
-Vai ficar tudo bem. -falou Nick bem baixinho, em meu ouvido.
Um dos policiais correram até os pais de Henrry.
-Um dos hospitais ligou, e disseram que acharam um Garoto, com uma faixa etária de 18-19 anos, na frente no hospital, está muito ferido e inconsciente, se vocês estiverem dispostos à ver se é Henrry...
-Sim, nós vamos! - Falou o pai de Henrry, que rapidamente entrou na viatura. Meus pais pegaram o carro, e também foram, levando os pais de Mary.
-Pode nos levar lá? -Mary perguntou à Nick.
-claro.
Entramos no carro, e fomos até o hospital. A enfermeira nos mostrou o caminho, mas não podíamos entrar na sala, somente os pais, ficamos olhando do vidro.
Era Henrry, ele estava muito machucado, sua mãe se jogou em cima dele, e entrou em estado de desespero, os médicos tiveram que tirá-la de lá, e acalma-la.
Depois de 3 horas, esperando alguma reação de Henrry, um dos médicos, veio até nós.
-Henrry não está muito bem, mas sua pressão já está normal, ele quebrou duas costelas, e está com muitos hematomas pelo corpo, como se ele estivesse em uma briga. -O médico falou. Mary e eu nos entreolhamos.
-Bom, se quiserem vê-lo, podem entrar, a qualquer momento ele pode acordar.
Todos levantamos e fomos em direção a sala em que Henrry estava. Mais uma maca passou por nois, uma das enfermeiras gritou.
-ELE PRECISA DE UM TUBO DE AR, AGORA!
Olhei para a maca, era Enzo, e estava muito batido, uma enfermeira que veio atrás da maca, parou o médico que estava nos levando até Henrry.
-Parece que ele estava na mesma festa que o paciente número 8, mas o caso, é muito mais grave.
-É o Enzo. -Mary cochichou em em meu ouvido, quando a maca passou por nois.
-sim. -Falei olhando para ela.
O médico deu ordem para que a enfermeira nos levasse até a sala de Henrry, e ele correu atrás da maca de Enzo.
Todos ficamos ao redor da maca, a mãe de Henrry já estava mais calma, e dessa vez, apenas olhava para ele, e deixava umas lágrimas silenciosas caírem. Mary acariciava as mãos de Henrry, que estavam machucadas.
Nick me abraçava, e passava a mão pelo meu braço, com uma tentativa de me acalmar.
Nos espalhamos pela sala, Mary sentou em uma cadeira ao lado da maca, meus pais foram comprar café, ou algo para comer, os pai de Henrry estava em uma cadeira, onde apoiava sua esposa, que havia cochilado, os pais de Mary estavam sentados no chão, Nick e eu também. Já eram 09:30 da manhã, nenhum sinal no médico, nem de Henrry acordar.
-Quer ir para casa? Comer algo e voltar? -Nick me perguntou.
-Não, estou bem.
-E você, quer ir? -Perguntei.
-Não, vou ficar aqui, com você.

 Amor Após A Morte.Onde histórias criam vida. Descubra agora