2 - Olha os vestidos daquela loja!

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— Você deve ser a Pietra, nova assistente, certo?

— Certo. Você é?

— Joanna, a recepcionista do andar.

— Ah, ok.

— Pode vir comigo, ele já está te esperando.

— Alguma dica?

— Só tente não olhar nos olhos dele, costuma ser irresistível e fatal pra qualquer mulher. Fora isso, acho que tudo bem. Ah, tenta ter um pouco de paciência e filtro, ele às vezes é um pouco grosso demais e a ultima assistente não aguentou, eles discutiram feio e ela foi mandada embora. Isso que ela o venerava quando entrou!

— Acho que nada disso será problema. Depois da gravidez, meu pai passou a ser bem ignorante quando falava comigo, já me acostumei e sobre os olhos... Bom, não será mesmo um problema. Lhe garanto.

Quanto mais afastada de qualquer tipo de relacionamento, melhor.

— Gravidez? Você é mãe?

— Sou, minha filha já tem 3 anos.

— Mas você não tem 19?

— Tenho.

— Uau. Bom, pode entrar, boa sorte!

Me deu um abraço rápido e saiu. Acho que nos daremos bem. Respirei fundo olhando para aquela porta. Era gigante e toda em madeira escura. Dei dois toques e ouvi um "entre". Sua voz era grossa e um tanto quanto rouca, o que deu uma leve arrepiada em mim por lembrar da voz de Humberto falando coisas horríveis no meu ouvido. Abri a porta devagar e entrei, meu chefe estava sentado em sua cadeira imponente de costas para mim.

— Sente-se, – fiz o que pediu – Joanna já deve ter te dado alguns toques sobre o que não deve fazer trabalhando comigo. Mas irei ressalta-las. Eu odeio, odeio, pessoas mal educadas, se eu te mandar fazer algo, você irá fazer sem pestanejar ou levantar a voz. Eu sou o chefe, você a empregada. Lembre-se disso. Tudo que eu disser deve ser levado como uma ordem! Nada diferente disso. Gosto de pessoas bem vestidas na minha empresa, tanto homens quanto mulheres, mas no caso feminino, nada vulgar. Tente manter seus seios dentro da blusa, não tolero relacionamento dentro da minha empresa entre os funcionários. Então se está esperando o seu príncipe encantando aqui dentro, esqueça ou se demita. Sei que você é da família Albuquerque, muito amiga de meu pai, mas não é por causa disso que terá vantagem sobre alguém, aqui você é somente uma funcionária. E por ultimo, mas não menos importante, a última assistente foi mandada embora por não saber manter a boca fechada, leve-a como um exemplo do que não fazer e você se sairá bem.

Engoli em seco a vontade de responder, isso é um tipo de prisão? Cadê a liberdade?

— Alguma dúvida?

— Onde fica minha mesa?

— Sua sala é conjunta a minha, essa porta à esquerda será o seu canto. Fique atenta, qualquer coisa que eu precisar, lhe chamarei.

— Posso ir agora?

— Pode.

Me levantei e fui até a porta. Sua sala era enorme e com a parede do fundo de vidro, o que garantia a ele uma vista linda. Ouvi o barulho da cadeira quando ele a girou, mas não me atrevi a olhar para trás. Entrei na minha sala com rapidez. Não era muito grande, mas serviria. Assim como a dele, a parede de trás era de vidro e eu dividiria a mesma vista que ele. Havia uma mesa em formato de u, que começava na parede de vidro e vinha até a parte da frente, deixando a lateral livre para eu passar. Um IMac, um caderno, algumas canetas, uma impressora, muitos papéis e um vaso com as flores mortas. Ótimo. Adoro flores mortas.

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