13 - Não gosto de surpresas.

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Acordar no dia seguinte não foi uma tarefa fácil. A cama parecia ser feita das melhores coisas do mundo e Angelina ainda estava abraçada ao meu pescoço, fazia frio lá fora, deixando ainda mais impossível conseguir levantar. Tirei os bracinhos dela de mim com delicadeza e desci pra cozinha, eu só acordava de verdade depois de uma xícara de café.

O único problema foi que eu esqueci que estava na casa do Brian e de camisola. E não, não era aquelas camisolas de vó, eu sempre gostei de dormir com camisola de seda que chegava parecer babydoll.

E sim, ele estava na cozinha e não, não estava sozinho. O pior de tudo foi eu ter travado na porta da cozinha quando vi que Brian estava acompanhado de dois outros rapazes da mesma idade e todos muito bem vestidos com roupa social.

— Ai meu Deus!

Prendi a respiração e consegui sair de lá no momento que meu chefe se levantou pra vir até mim, mas me tranquei no quarto antes que ele me alcançasse.

— Pietra? Desculpa não avisar que teria visita, sou acostumado a estar sozinho aqui.

Encostei na porta e sorri fraco sabendo que ele estava pedindo desculpa por algo que ele nem teve culpa, eu que tinha que ter tido senso de ter colocado uma roupa decente antes de sair do quarto.

— Não tem o por quê de se desculpar, Brian, eu que deveria ter colocado uma roupa decente antes de descer.

— Se vale de alguma coisa, eu achei sua camisola extremamente decente, mas prefiro que use quando estiver somente a gente – disse e riu.

Eu só neguei com a cabeça. Aonde eu tinha me metido?

(...)

Depois de ter me trocado e acordado Angel, nós duas descemos pra tomar café, mas dessa vez a cozinha estava vazia. A mesa estava posta com uma variedade grande de coisas e, obviamente, que atacamos o máximo possível.

Quando Brian desceu, encontrou mãe e filha quase abrindo a calça de tanto que havíamos comido e ele riu da cena.

Eu podia ficar o dia todo observando ele rir daquela forma.

— Você vai trabalhar? – ele perguntou quando viu como eu estava vestida.

— Vou, não tenho motivo pra não ir, estou bem.

— Mas se você se sentir mal, não hesite em pedir pra vir embora.

— Tudo bem.

— Então, vamos?

O caminho até a empresa foi em silêncio, até mesmo Angel resolveu ficar quieta, mas não estávamos desconfortáveis, só apreciando a quietude do momento. Ninguém viu que chegamos juntos, já que Brian tem vaga especial no estacionamento sem ninguém por perto, então descemos tranquilos quanto a isso, mas subimos em elevadores separados, enquanto eu fui deixar minha filha na creche, meu chefe subiu pra sala dele.

Por mais que agora eu estivesse morando junto com ele, queria que na empresa tivéssemos somente a relação chefe-funcionaria, mas claro que isso dependia dele também, teria que ser de ambas as partes, se bem que Brian já tinha deixado claro que não se importava com o que pensariam de nós dois. Mesmo não existindo um "nós".

Joanna sorriu abertamente aonde ver sair do elevador, veio correndo me abraçar e eu estaquei onde estava. Sem toques, Joanna, sem toques. Senti o tremor começar a se fazer presente e a afastei educadamente, coisa que ela nem percebeu, pois já logo começou a tagarelar sobre as coisas da empresa, as fofocas e tudo mais.

— E o Luca? – perguntei sorrindo de canto.

— O que que tem ele? – se fez de desentendida.

— Resolveu dar uma chance?

— Você viu que a Tânia veio com uma bota amarela?

— Não tente mudar de assunto, dona Joanna!

— Ah amiga, não sei se vale a pena arriscar.

— Arrisque-se. Você só vai saber se tentar.

Ela sorriu tímida e piscou um olho. Aproveitei pra ir até minha sala e por lá fiquei por horas. Estava recheada de trabalho.

(...)

Na hora de ir embora, juntei minhas coisas e sai da sala, recebendo de surpresa a visão de Brian com Angelina no colo, ela sorria pra ele que fazia caretas. Quem visse de longe podia até dizer que eram pai e filha, mas por sorte naquele andar tinha poucas pessoas e naquele horário, já tinham ido embora, por isso só quem via aquela cena era Joanna, Luca e Maria.

Mas nada que não possa piorar, Laiz surgiu pelo elevador e se assustou ao ver meu chefe com uma criança no colo.

— Awn Brian, quem é essa princesa? Já imaginei você com nossa filha no colo!

Ela foi andando até os dois, já tocando minha filha e fazendo menção de pega-lá no colo.

— Antes de pegar uma criança no colo, peça permissão para a mãe da mesma – disse com a voz séria.

Não gosto da Laiz, nem um pouco, sua energia é extremamente pesada para uma criança e não queria, de jeito nenhum, que minha filha sentisse aquilo. Com seu recuo ao me ouvir dizer aqui, tomei a frente e peguei Angel no colo, mas sem antes olhar feio para o Brian.

— Quem deixou você tirá-la da creche? Até onde eu sei, só eu tenho permissão.

— Eu disse que queria fazer uma surpresa.

— Não gosto de surpresas. Com licença.

Acenei rápido pra Jô e o Luca e desci para o estacionamento. Teria que esperar Brian pra irmos juntos, já que estou sem meu carro e também não saberia ir dirigindo até sua casa de qualquer maneira.

— Filha, você só pode sair da creche com a mamãe. Só comigo! Você entendeu?

— Entendi mamãe.

— Como foi hoje? Brincou bastante.

— Binquei! – ela sorriu grande – E apendi a contar até cinco.

— Aé? Conta pra mamãe ver.

— Um, dois, tes, cato, cinco.

— É três, filha. E não é cato, é quatro.

— Cato, mamãe, é cato.

— Tá bom, meu anjo, é cato.

Brian nos assustou ao destravar o alarme do carro de longe, coloquei Angel na cadeirinha do banco de trás e sentei no da frente, ele entrou no lado do motorista em silêncio e permaneceu assim até chegar em sua casa.

Não faço ideia do que ele pensava, mas tinha certeza que não era coisa boa.

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