Minha vida depois de você

19 - Paquerando?

Depois que já tinha passado tudo pra Manuelle, peguei minha caixa e sai da sala, coloquei em cima da mesa da Jô e sorri quando ela me deu espaço pra sentar em sua cadeira.

- Não precisa, fiquei muito tempo sentada já.

Joanna olhou em volta e quando voltou a olhar para mim já sabia que vinha alguma pergunta sobre o momento na sala.

- Eu senti viu.

- Sentiu o que, Joanna?

- A tensão sexual naquela sala - Eu comecei a rir de nervoso. Tensão sexual? Até parece – Estava bem claro ali que vocês estavam paquerando.

- Paquerando? Quem é que fala isso hoje em dia?

- Eu mesma, Joanna Melo.

- Não, Joanna Melo, não estávamos paquerando, estávamos conversando sobre a minha saída e sobre o que eu tinha que passar para a Manuelle.

- Aham, sei. Por falar nela, ela já está de olho nele. Me perguntou um milhão de coisas sobre ele, se era solteiro, se estava com alguém, qual funcionária ele já ficou, qual perfume gosta, quase enlouqueci.

- Será que ela veio trabalhar aqui só pra tentar algo com ele?

- Possivelmente, mas ele já está tentando ter quem ele quer, ai falei pra ela não ter muita esperança.

- Eu espero muito que você não esteja falando de mim.

- Se a carapuça serviu – deu de ombros – Eu sou os olhos e ouvidos desse lugar, gatinha, nada escapa.

- Desculpa ai, dona olhos e ouvidos.

Estávamos rindo e brincando sobre as coisas que ela já viu e ouviu por lá, quando Luca apareceu e ela ficou muda. Eu sabia que aqueles dois tinham que ficar juntos e eu precisava junta-los.

- Vou fazer uma festinha de comemoração em casa esse fim de semana, nada demais até por que Angelina estará lá, mas quero a presença de vocês. Vou ver o horário certinho e passo por mensagem pra vocês...

- Pietra.

Parei no meio da frase e olhei pra trás pra encontrar Brian na porta dele me encarando, fez sinal com a cabeça pra eu entrar, falei já volto para o meu futuro casal e fui até a sala dele.

- Você ainda me deve uma resposta.

- Você sabe que ficar em cima pra receber uma resposta, não te garante um sim né?

- Só prestei atenção no sim que você falou.

- Você já foi rejeitado alguma vez na vida?

Brian fez cara de quem ia pensar, mas começou a rir.

- Eu tinha muita espinha quando tinha 15 anos.

Eu comecei a rir tentando imaginar um Brian de 15 anos com muitas espinhas levando um fora.

- Acho que você está esperando pela frase completa né? – neguei com a cabeça e quando fui responder me interrompeu – Você aceita ir jantar comigo?

X

Como posso explicar o que estou sentindo? Não sei colocar em palavras esse frio na barriga. Estou terminando de me arrumar para o tal jantar com o Brian. Ele pediu que eu me vestisse de uma forma mais chique, mas que levasse uma roupa confortável também, fiquei sem entender, mas aceitei.

Angelina estava com Sara, passaria a noite lá, então estava tranqüila com relação a isso, nunca precisei me preocupar com a minha filha quando estava com a madrinha. Minha melhor amiga chega até a brincar comigo, dizendo que cuida melhor que eu. Mentira, óbvio.

Era minha primeira noite no meu apartamento também, estava ansiosa pra deixar tudo arrumado, mas ainda havia coisas pra chegar, móvel pra montar e muita roupa pra guardar. Meu quarto estava uma verdadeira bagunça, não estava fácil encontrar as coisas. Pesquei um salto preto em uma das caixas, quase completamente rasgada, e o abotoei em meu tornozelo, tarefa difícil de fazer depois foi caçar o outro pé.

Dei uma arrumada básica no cabelo, prendendo uma pequena parte de cima em um coque frouxo, alguns fios soltos caídos pelo rosto e o resto solto com as ondas naturais dele. No rosto não fiz muita coisa, só iluminador, blush e muito rímel. Separei uma calça jeans preta rasgada nos joelhos, uma camiseta e meu par de all star clássico pra levar como "roupa confortável". Terminei de me arrumar e até estranhei a imagem que tive no espelho.

Meu vestido era de alças finas e preto, seu decote ia até um pouco abaixo do vão entre os seios, os deixando em evidência ainda mais pelas pedrarias, na cintura ele abria em uma saia longa e volumosa, sem exageros, e no lado direito descia uma grande fenda deixando minha perna à mostra. Havia uma pequena calda nele, me sentia sexy, poderosa e rica. Uma verdadeira perua rica. Sabia que esse vestido que ganhei da minha mãe serviria pra algo um dia.

Brian me buscaria e já estava quase na hora, sabendo da pontualidade do meu querido ex-chefe, peguei minha bolsa de mão e a mochila com as outras roupas e desci, o esperaria no hall. Surpresa foi a minha ao encontrá-lo já lá embaixo me esperando.