Capítulo 1 - Julgamento

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*Grace P.O.V*

A manhã estava quase concluída. Eu olhava para a estrada principal -onde nem um único carro ou caminhão faziam questão em ir devagar- e sentia a brisa preguiçosa de verão. Isso era quase tão excitante quanto um despejo.

Eu não estou no meu emprego dos sonhos, e nem onde eu pensei que estaria aos meus 24 anos de idade, com diploma em uma faculdade que tinha sido muito cara. Na verdade, fiquei chocada ao encontrar-me voltando a ser uma garçonete, o tipo de trabalho que eu tinha feito quando era uma adolescente. Mas eu gostava de comer, e eu não poderia rastejar de volta para o meu pai para pedir uma doação para o fundo-de-ajudas-da-Grace. Ele só iria me encher o saco por ter perdido meu próprio apartamento e um bom emprego.

Sim, bem, quando você dorme com seu chefe e, em seguida, ele termina com você e te trata como merda, nenhum trabalho vale a pena, na minha opinião. E eu tinha pensado muito sobre isso.

Todos os meus amigos estavam escalando seus planos de carreira; todos eles tinham um plano. Eu não pude enfrentar a barra de dormir em seus sofás, vendo a pena em seus olhos, enquanto eles se vestiam em seus ternos e iam para seus empregos bem pagos.

Tudo que eu sabia era que eu tinha que sair de Boston, começar de novo em outro lugar. Além disso, meu pai tinha acabado de se casar com uma puta siliconada, apenas alguns anos mais velha que eu. Nenhum deles me queriam por perto. O sentimento era recíproco.

Então, acabei ligando para minha mãe pela primeira vez em seis anos, e aceitando a oferta de um quarto em Smallbutt - Nowheresville, na costa do Golfo do Texas.

Ela estava feliz em ajudar, e agradeceu a Deus por sua filha estar voltando para ela. Bem, alguns sonhos existem para serem quebrados. Sua ideia de noites acolhedoras lendo histórias da bíblia enquanto passávamos um tempo juntas, realmente não se correspondia comigo saindo para beber até tarde da noite, e sendo deixada em casa antes do amanhecer por um cara e seu carro.

Eu era o assunto da cidade. Pelo menos, eu pensava que era.

Eu tive sorte que o restaurante Busy Bee estava precisando de gente para trabalhar, caso contrário eu teria que dirigir 64km até Freeport para trabalhar. Claro que ganhar dinheiro era mais fácil na cidade grande, mas seria muito dinheiro gasto em combustível, e tempo perdido. As pessoas não eram excessivamente generosas aqui, a menos que fosse seguido de um conselho que eu não queria ouvir.

Peguei meu celular e comecei a digitar uma mensagem para um cara que eu pensei valer a pena repetir. Ele tinha sido uma distração decente.

Dora me jogou um olhar irritado. Isso não era novidade. Minha teoria era de que ela tinha nascido com um cabo de vassoura em seu ânus.

Tinha acabado de pressionar 'enviar' na minha mensagem quando o velho sino cantou, em cima da porta, e eu olhei para cima. Tinha sido como um longo gole de água gelada em um dia quente. Alto, roupa rasgada, cabelo loiro cor-de-areia, que era apenas um pouco longo demais, tatuagens correndo por ambos os braços até os cotovelos, as maçãs do rosto perfeitas para serem apertadas, e lábios moldados para serem mordidos.

Andei mexendo o quadril num movimento que fazia minha bunda parecer grande. O único problema era que o cara parecia mais interessado no sapato do que em olhar para mim. Hm, talvez ele não fosse afim de garotas. Eu não acho que meu gaydar estivesse com defeito, mas nunca se sabe.

De repente percebi que toda a conversa tinha parado e que cada um dos clientes estava olhando para o recém chegado. Ele é bonito, mas não acho que seja por isso que três homens estavam olhando para ele com os punhos cerrados, ou por que os olhos de dois adolescentes, que estavam no canto, pareciam prestes a explodir.

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