Capítulo 23 - Merda!

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*James P.O.V*

Essa mulher!

Tudo que ela fez por mim. Eu sentia como se eu estivesse em uma caverna escura durante anos, e ela era o sol. Ela tinha arrancado todas minhas camadas de pele, e injetou sua bondade e compaixão no meu corpo, me curando de dentro para fora.

Eu a vi deitada ao meu lado, com o cabelo caindo no pano, sua pele dourada brilhando na luz do sol, confiando em mim com seus pensamentos, memórias e sentimentos -e com seu corpo.

Eu ficava assustado ao sentir tanto.

Passei oito anos mantendo todas as emoções congeladas e dormentes, não confiando em ninguém.

Na prisão, você é enjaulado com outras pessoas, perto, mas intocáveis, até que explodíssemos em violência. Toda vez que você demonstrasse fraqueza, os outros prisioneiros te fodiam, às vezes, literalmente.

A liberdade condicional veio como um choque. Eu tinha sido rejeitado tantas vezes, ano após anos, que eu tinha praticamente desistido de qualquer esperança em ser liberado. Lembro-me de estar sentado em uma cadeira, vestindo minha camisa branca, com mãos algemadas, observando os rostos indiferentes, enquanto esperava para passar pela revisão. Minhas contravenções foram listadas: briga, ferir outro prisioneiro, tatuagem proibida, mau comportamento, desrespeito aos guardas. Mas então, aparentemente, eu tinha mostrado 'progressão em minha reabilitação'. Isso era novidade para mim, mas eu não me importava.

Fiquei surpreendido e atordoado, quando soube que meus pais me levariam de volta para casa em minha liberdade condicional. Eu não esperava por isso. Na verdade eu tinha certeza de que nunca mais os veria novamente.

O dia em que saí foi uma montanha-russa de emoções.

Eu estava animado, nervoso, e terrivelmente apavorado. Eu sabia como ser um bom prisioneiro, mas eu não sabia mais como viver do lado de fora. Eu tinha que aprender uma nova maneira de me relacionar com as pessoas, aprender a ler conjuntos diferentes de sinais. Eu não poderia levar a mentalidade da prisão para o mundo real. Eu não fazia ideia de como me comportar.

Pensar em ver meus pais era muito estranho. Durante anos, eu acreditava que eles tinham desistido de mim. Não recebia nenhuma carta ou cartão, ou telefonemas. Por eles, eu poderia muito bem ter morrido.

Então, eu descobri que eles estavam dispostos a me levar para casa, isso tinha acordado todos os tipos de esperanças dentro de mim. E eu tinha perguntas... muitas perguntas, todas elas começavam com 'por que?'.

Eu acordei cedo no dia de soltura, principalmente porque eu não tinha dormido. Foi-me dado algumas roupas velhas. Eu tinha dois livros de bolso em uma caixa e alguns esboços de tatuagens, só isso. Essa foi toda a minha vida durante oito anos.

O oficial me levou para uma sala onde um homem e uma mulher estavam sentados, meus pais. Foi um choque. Eles pareciam mais velhos, é claro, mas eu não estava esperando por isso. Na minha mente, eles tinham congelado no tempo, do jeito em que os vi no julgamento, em lágrimas.

Eu podia ver em seus rostos, que eles estavam procurando em mim, algo que se assemelhasse ao menino que eles conheciam. Os olhos do meu pai seguiram as tatuagens em meus braços, e franziu a testa. Eu podia vê-lo tentando entender como eu as tinha feito na prisão.

Quando meus olhos encontraram os de mamãe, ela desviou o olhar.

Eles não tentaram me tocar, sem abraços, sem apertos de mão, sem palavras para seu filho.

O oficial me indicou uma cadeira, e nós nos sentamos, todos sentados juntos como meros desconhecidos. O oficial me entregou uma cópia da minha licença de soltura, e explicou novamente as regras da minha liberdade condicional.

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