Capítulo 9 - Presente

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*Grace P.O.V*

Eu pensei que tivéssemos tido um grande avanço com a pizza, você sabe, fazer algo juntos, mas ele fechou-se novamente. Eu podia praticamente ouvir as portas de sua mente se fechando.

Eu conheci um cara na faculdade que tinha ido ver um amigo na prisão uma vez. Apenas uma visita havia lhe dado pesadelos durante semanas: o ruído, a desumanização de pessoas, o cheiro.

Então eu percebi que se James não conseguia falar sobre as coisas ruins, talvez lembrar dos bons momentos que teve com seu irmão poderia ser mais fácil.

Assim que eu mencionei o nome de Anthony, ele mudou novamente, um sorriso iluminou seu rosto adorável.

-Ele era o melhor. -Ele disse, com sinceridade. -O melhor cara, o melhor filho, o melhor irmão. Você teria gostado dele. -Ele fez uma pausa. -Todo mundo o amava, ele era fácil de amar.

-Ele era tão bonito quanto seu irmão?

Ele levantou uma sobrancelha e sorriu para mim -um sorriso verdadeiro, mostrando os dentes. Foi apenas um vislumbre do jovem garoto que eu imaginava que ele tinha sido. Eu não acho que seria possível ele ser mais bonito. Vivendo e aprendendo. -Quando éramos mais jovens, as pessoas pensavam que éramos gêmeos.

-E depois?

-Seu cabelo ficou... mais escuro do que o meu e ele o mantinha curto. -Ele passou a mão por seus cabelos bagunçados. -Ele era um grande quarterback na escola, muitos músculos, mas apenas um pouco menor que eu. E eu estava meio magro naquela época.

Seu sorriso desapareceu. Eu estava desesperada para mantê-lo positivo e otimista. Ele tinha um grande sorriso e eu queria vê-lo mais vezes. -Isso explica tudo.

Ele olhou por cima do ombro. -Explica o que?

-A roupa que você usa na jardinagem. Parece que estão prestes a cair.

Mas em vez de sorrir de novo, ele franziu a testa. -Sim.

Eu esperei, mas ele não explicou. Eu estava prestes a explodir de frustração. Tentar fazê-lo falar era pior do que arrancar um dente. -E aí? Não basta me dizer 'sim' e acabou.

-Desculpa. -Ele murmurou.

-Pelo amor de Deus, James! Não se desculpe o tempo todo, basta conversar comigo.

Ele me olhou com cautela. -Estou te deixando irritada?

-Isso aí!

-Desculpa... eu quero dizer... -Ele suspirou. -Eu não achei que ninguém se importaria com as roupas. Quando saí da prisão minhas coisas antigas não serviam mais. Eles não deixam sair com o uniforme DTJC.

-Que diabos é isso?

Ele se inclinou para trás no banco, esfregando a testa. -Departamento do Texas de Justiça Criminal. Nós todos usamos uniformes de prisioneiros, para sermos facilmente identificados. Eu acho que é para despersonalizar você, também, você sabe, para oficiais não fazerem associações ou qualquer outra coisa.

-Era listrado? Não que você não fique bem em listras.

Eu consegui trazer de volta seu sorriso encantador, mas foi bem momentâneo.

-Não, nada de listras. Nem setas, também. Nós só tivemos que usar camisa de algodão branca e calças elásticas brancas. Mas são propriedade do Estado. Então, quando eu fui liberado, eu saí com calça de moletom e uma camisa. Era tudo o que tinham do meu tamanho. Eu não sei, eu não perguntei. Quando cheguei em casa, eu peguei algumas camisas e calças do quarto do Anthony. Eles tinham guardado tudo, então... eu realmente não acho que fazia diferença. -Ele olhou para baixo.

-Presumo que não tenha sido tudo bem para seus pais.

Ele balançou a cabeça tristemente. -Sim. Mamãe gritou comigo, em seguida, começou a chorar. Papai gritou, dizendo que eu estava em casa a cinco minutos e já tinha perturbado minha mãe, e que eu era um bastardo ingrato depois deles terem concordado em me aceitar de volta... que foi desrespeito ao meu irmão morto... mas eu não quis dizer nada com isso. Eu só precisava de roupa.

Ele parecia tão chateado e frustrado, eu queria inclinar-me e dar-lhe um grande abraço, mas não o fiz. -Então o que aconteceu?

-Eles me deixaram ficar com a merda que eu já tinha pego. Mamãe disse que eu tinha 'contaminado' eles, então não fazia sentido eu colocar de volta. Ela me comprou algumas coisas depois disso.

Eu estava tão irritada com seus pais. O que diabos estava acontecendo com eles? -James, você não fez nada de errado. Seus pais exageraram. Eu acho que é de se esperar, mas não é culpa sua. Se eles tivessem pensado melhor durante dois segundos eles teriam percebido que você precisava de roupas para vestir.

Ele balançou a cabela, discordando em silêncio.

Eu tentei pensar em uma maneira de aliviar o clima. -De qualquer forma, eu gosto das calças largas.

-Você gosta?

-Claro. -Eu disse, com um sorriso maligno. -Eu fico me perguntando quando elas podem cair.

Ele pareceu surpreso por um momento, então seu sorriso tímido saiu de novo, e eu acho que ele estava corando. Droga, como ele é bonito.

Mas, como sempre, o sorriso não durou.

Ele olhou para o relógio no painel do carro. -É melhor a gente voltar. -Disse ele, infelizmente. -Sua mãe vai ligar para a polícia para dizer que eu te sequestrei se você demorar muito.

-James Parker, você acabou de fazer uma piada?

Ele pareceu surpreso. -Hm, não?

-Bem, porque eu achei engraçado.

Ele considerou por alguns segundos e depois sorriu um pouco, mas não respondeu.

Liguei o rádio, e ele dirigia tamborilando os dedos para a música, perdido em pensamentos.

Quando chegamos em casa, eu pulei para fora do carro e joguei para ele o saco plástico que eu tinha escondido na minha bolsa. -Pra você.

Sua surpresa se tornou espanto quando ele tirou um par de luvas de trabalho do saco plástico, tamanho grande. -Você... você comprou pra mim?

-Claro! Eu falei que ia. Não se preocupe, minha mãe vai me devolver o dinheiro.

Acenei e me dirigi para a porta da frente.

-Grace! -Ele me chamou. Me virei para olhar para ele. -Obrigado.

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