Capítulo 2 - Maus-tratos

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*James P.O.V*

Eu sabia quem ela era assim que a vi. Mesmo que ninguém tivesse me falado, eu tinha escutado as fofocas. Ela era a filha rebelde da Senhora Pastora.

Eu estava feliz pelo café. Normalmente, eu levava uma garrafa térmica, mas eu tinha esquecido hoje e eu realmente precisava de cafeína. É surpreendente como você pode se viciar tão rápido.

Eu odiava pra caralho ser seu caso de caridade. Eu estava tão cansado disso. Mas eu não estava em posição de fazer qualquer coisa para mudar isso. E isso me deixava chateado.

Eu tinha que admitir que ela era algo que merecia ser olhado. Ela tinha um rosto doce, emoldurado por cabelos castanhos dourados e encaracolado, que pendia até o meio de suas costas. Um homem podia se perder por dias em seus cabelos, sem se importar. E seu corpo merecia também, com curvas em todos os lugares certos.

Fazia um longo tempo que eu não tinha uma mulher, oito longos anos, e eu já podia ver a seca se aproximando. Então, uma mulher assim me fez imaginar todos os tipos de coisas.

Sua mãe parecia uma senhora simpática. Ela realmente tentou fazer com que as pessoas me aceitassem. Sendo derrotada. Eu nasci nessa cidade pequena, e eu estava certo de que ninguém me queria aqui. Verdade seja dita, eu não queria estar aqui também. Mesmo assim, é muito melhor do que o lugar de onde eu saí. Tenho que ficar por mais quatro meses, ou talvez mais, então eu poderia ir embora daqui. Eu sairei dessa cidade, tirando a poeira dos meus sapatos, nunca olhando para trás. Eu não sabia para onde iria, mas qualquer lugar parecia bom. E nenhuma pessoa maldita iria sentir minha falta.

Estacionei na frente da casa da Pastora, e ela apareceu assim que ouviu meu carro. Normalmente, ela me encontrava onde quer que eu fosse trabalhar durante o dia, mas essa manhã ela me pediu para vir à sua casa. Ela disse que seu quintal estava precisando de alguns consertos e que iria demorar algumas semanas para resolver. Eu realmente não ligava para o quê eu iria fazer.

-Bom dia, James. Como você está nesse lindo dia de verão?

-Muito bem, obrigado, senhora. Você quer que eu comece hoje no quintal?

-Na verdade, James, eu queria saber se você poderia me fazer mais um favor. Heitor Kess me ligou e disse que seu carro parou de pegar novamente, e você sabe que ele precisa do carro no domingo para ir até a igreja. Sua mãe me disse que você leva jeito com motores, então eu queria saber se você poderia dar uma olhada?

-Hm, claro. Mas ele vai me querer para consertar seu carro?

Ela tinha um olhar determinado em seu rosto. -Não se preocupe com Heitor. Deixe-o comigo. Se preocupe apenas com o carro.

Eu não estava feliz com esse 'favor', mas eu não podia negar. Segui-a com meu carro, pela estrada empoeirada e esburacada. Não que eu precisasse -eu poderia encontrar o caminho no escuro com os olhos fechados.

A casa de Heitor era no limite da cidade, perto da baía. Eu costumava vir aqui com Thony para ficar alto ou bêbado. Era uma espécie de 'nosso lugar'. Nós até fizemos um pacto de não trazer garotas.

Eu realmente não gosto de estar aqui novamente, mas eu não tinha escolha.

Fiquei no meu carro enquanto a Pastora teve uma discussão aquecida com o Heitor. Eu não queria ouvir os nomes que ele tava se referindo a mim, então eu liguei o rádio e estava tocando Bring Me To Life - Evanescence. A ironia não for perdida por mim, então troquei de estação.

Eu tinha perdido um monte de músicas ao longo dos últimos oito anos. Desde então, eu passei a maior parte do meu tempo na garagem dos meus pais, trabalhando em alguma coisa, e ouvindo rádio. Salvava papai e mamãe de terem que olhar para o meu rosto, também.

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