Capítulo 5 - Julianne

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Ao vê-lo suspirar pesadamente, uma pontada de decepção me invade. Não digo nada, apenas o encarando e o desafiando a tomar uma decisão.

Ele passa uma mão pelos cabelos, a outra, segurando a ponte do nariz, parecendo bastante irritado e frustrado, mas não dou a mínima. Não tenho absolutamente nada a ver com suas frustrações.

— Bem? — Apresso, sentindo uma urgência que não sei explicar. Sinto como se um peso estivesse pressionando meus órgãos e se respirar fosse mais difícil agora do que foi há alguns minutos.

— Boa noite — ele responde, sua voz baixa e suave, seus olhos atentos.

Não tendo nenhum controle sobre minhas emoções, sinto uma onda de indignação enchendo meu peito e sopro o ar com força.

— Tá brincando?! — Exclamei, sentindo as pontas dos meus dedos formigarem, coisa que acontece sempre que estou ansiosa ou nervosa.

— Julianne — ele suspirou — é melhor que eu vá embora. E é melhor para você entrar e ir dormir.

Mas quem esse homem pensa que é? Meu pai? Ficou zanzando atrás de mim a noite inteira, me seguiu até em casa, mesmo após eu ter deixado claro que não queria, agora me rejeita e me mandar dormir como se eu fosse uma criança?! Os homens, às vezes, podem ser bem odiosos!

Sentindo uma nova carga de adrenalina, bato a porta fechando-a, passo a chave na fechadura com certa rispidez, desvio do homem bloqueando minha passagem e ando decidida até meu carro.

Sinto sua mão agarrar meu braço e quando o olho por cima do meu ombro, seus olhos brilham irritados.

— Onde acha que vai? — Ele pergunta, entrecerrando os olhos para mim, sua voz dura e inflexível.

Reviro os olhos, agitando meu braço e o soltando de seu agarre. Dou alguns passos, me afastando dele, meu coração disparado ecoando em meus ouvidos. Sinto um cansaço repentino, por sempre ter alguém me dizendo o que fazer.

— Olha, cara, — o encaro, colocando involuntariamente minhas mãos na cintura — hoje, tudo o que eu queria era me divertir com algum cara legal e esquentar minha cama. Desde a hora em que botei os olhos em você, você está me cortando e atrapalhando minha noite. Estou cansada e com tesão, se você não vai resolver meu problema, vou descer a merda da montanha e arrumar outro cara mais disposto.

O choque em seu rosto bota um sorriso sarcástico em meus lábios.

— Então vou perguntar mais uma vez: você quer entrar?

Ele balança a cabeça, coça a testa, agarra os cabelos, dá alguns passos e mesmo que estivéssemos longe do foco de luz da porta da frente, uma luz suave iluminava suas feições e eu podia ver que ele murmurava para si mesmo, lutando contra algo que só havia dentro da sua cabeça. Imaginei que ele pensava na esposa e senti um nó frio de desgosto no meu estômago. Merda! Por que estou insistindo nisso? No fundo, ele tem razão, seria muito melhor se eu apenas entrasse e fosse para cama, pelo menos um dos meus problemas seria resolvido.

Ele parou completamente, me encarando, atento e concentrado.

— Se eu for embora, você vai à procura de um homem?

Não entendi o motivo da sua pergunta, mas apenas agitei a cabeça, concordando, por mais que não sentisse vontade de fazer isso; na verdade, eu já estava decidida a ir dormir.

— Mas que droga! — Ele rugiu, dando um passo à frente, agarrando meu pulso e me puxando em direção à casa.

Assim que passamos pela porta da frente, ele a chuta fechada e segura meus ombros com as duas mãos. Ele me solta, dando um passo largo para trás, talvez abalado pela minha maneira decidida e eufórica de ser.

Infidelidade #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora