Aspen, janeiro de 2015.
A mulher aciona a porta da garagem e respira fundo. As crianças, gêmeos de apenas um ano, amarradas seguramente em seus assentos para carros, sorriem e balbuciam uma para outra.
Meu Deus, que dia horrível, pensa a mulher, observando conforme a porta da garagem se abre e o clima lá fora, nublado e nevando, faz sua aparição.
A mulher dá ré no carro e aciona o botão para fechar a porta da garagem enquanto manobra. Antes que possa colocar o carro em marcha e sair finalmente, recebe uma mensagem em seu celular:
"Tome cuidado ao sair nesse tempo, te amo"
Ao ler a preocupação excessiva do marido, a mulher olha pelo retrovisor para os seus filhos com um sorriso no rosto. Os dois garotinhos olham pela janela fascinados com a neve, que rapidamente tinge toda a rua de branco.
— Bem que eu gostaria de entrar novamente e tomar um chocolate bem quente, — reclama — mas não posso. — Suspira profundamente, encolhendo os ombros e tentando conseguir coragem para enfrentar o tempo lá fora.
Olhando no relógio do carro, constata que já está atrasada e, deixando de lado o tremor de frio e de preocupação, sai dirigindo cuidadosamente pela estrada.
O casal mora no alto de uma colina, e a descida é íngreme e acentuada, assim, a mulher presta bastante atenção na estrada, dirigindo em uma velocidade baixa e constante.
Sentindo seus ombros tensos, a mulher respira fundo algumas vezes, chegando à autoestrada no final da colina.
Sinalizando adequadamente, entra no meio do tráfego da rodovia, suspirando de alívio e sentindo seu corpo relaxar um pouquinho.
A mulher sorri ao ouvir a "conversa" entre seus dois meninos, as coisas mais preciosas de sua vida. Foi uma luta, realmente, engravidar e ter esses bebês, mas conseguiram e nada poderia deixá-los, ela e o marido, mais felizes do que verem os dois rostinhos, sorrindo e babando, para eles.
Ela era feliz no casamento. Nem se houvesse feito uma lista, teria acertado tanto na escolha de um homem. Mas agora, desde a chegada dos bebês, seu casamento pulou de felicidade para o êxtase total. E nem o cansaço, por cuidar de dois bebês, impedia o casal de se aconchegar apaixonados um no outro.
A mulher ouve uma buzina e volta a se concentrar na estrada. A neve está tão pesada e densa que quase não há visibilidade.
— Merda, por que justo hoje eu precisava sair de casa? — Resmunga, tirando o pé do acelerador e deixando o carro reduzir ainda mais a velocidade.
— Provavelmente, vão fechar as estradas e vou ficar presa na cidade — continua, irritada e refletindo se não seria melhor voltar para casa e remarcar o compromisso.
Mas não pode, essa era uma chance em um milhão e ela faria de tudo para não perder. Decidindo-se por dirigir ainda mais devagar e dobrar os cuidados, a mulher se apruma no assento tentando enxergar um palmo diante de seu nariz.
Subitamente, um barulho de metal retorcendo e se arrastando chega aos seus ouvidos. Tentando desesperadamente saber o que está acontecendo, a mulher liga o pisca-alerta e aumenta os faróis, tentando iluminar a estrada, conforme pisa nos freios com cuidado, rezando para o motorista de trás enxergar suas lanternas e pisar em seus próprios freios.
Do meio da cortina de neve e neblina sai um monstro deslizando pela pista, um caminhão de dezesseis rodas vem se arrastando no chão, tombado e numa velocidade alarmante. O metal da carroceria, em contato com o asfalto, solta faíscas enquanto o barulho daquela coisa indo em direção ao pequeno carro da mulher deixa tudo no mais absoluto terror.
Totalmente paralisada, a mulher tenta acelerar o carro, mas por algum motivo, o carro não sai do caminho e ela olha, impotente e totalmente aterrorizada, o caminhão vir em sua direção e acertar seu carro em cheio pelas laterais, o empurrando em direção à pista ao lado, fazendo seu carro atingir a outros dois carros, enquanto rodopiava sem controle.
Tudo não dura mais do que alguns segundos, mas para a mulher pareceram horas, o suor frio do pânico agarra-se em sua pele, um grito preso em sua garganta, conforme vê o borrão de neve girar na frente dos seus olhos. E quando finalmente seu carro para de rodar e ela abre os olhos, nota que está sangrando, com o corpo inteiro dolorido e de cabeça para baixo.
Desesperada, olha freneticamente em volta à procura de seus bebês. As lágrimas embaçam sua visão transformando tudo em um borrão aguado, o medo e o terror sufocando seus sentidos. Ela reza para o silêncio dentro do carro não significar nada de grave, enquanto tenta soltar seu cinto de segurança e desinflar os air bags.
Sentindo-se desfalecer pela tontura causada por uma pancada na cabeça, a mulher apenas tem tempo de espiar o banco de trás do carro e notar seus dois menininhos em uma posição antinatural e completamente silenciosos, antes de cair na escuridão.
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Olá, meu povo!!
Vamos começar? Prólogo tenso, será? Espero que estejam afoitos pra saber o que mais vem por aí.
Beijos, Monica
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Infidelidade #Wattys2016
RomansaJenna é esposa de um conceituado médico psiquiatra. Seu casamento feliz leva um grande golpe após um acidente de carro, que desestabiliza Jenna, de modo que, ela coloca em risco seu casamento e sua vida tranquila. Desconfiando que seu marido tem out...