Capítulo 6 - Jenna

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Ando a esmo pela minha casa, testando portas, janelas e pontos de vista. Existem várias coisas que estão faltando em minha memória. Eu olho para um cômodo e por mais que tudo esteja normal, sinto uma coceira no fundo da minha alma, porque sei que está faltando algo. Tento me lembrar, mas parece que tem um buraco negro na minha cabeça, sugando todas as minhas memórias.

Tenho observado Justin atentamente nesses dias; tenho certeza de que ele está me escondendo coisas. Ele tem brincando com minha mente, evasivo em nossas conversas e mudando de assunto quando fico agitada querendo respostas. Sua recusa em responder o que estava faltando naquela sala, me deixou com uma pulga atrás da orelha, pois sei que é mentira.

Parada no meio da sala íntima, dou voltas e voltas, tentando absorver todos os detalhes. O cômodo retangular com piso de madeira escura, paredes na cor creme decoradas com detalhes em madeira clara, o tapete oriental em tons de vermelho. Na parede da esquerda, a lareira de mármore com a TV de tela plana fixada acima; em frente à lareira o sofá de apenas dois lugares, de tecido branco e almofadas confortáveis. Uma mesa de centro de madeira clara, acomoda um enfeite de cerâmica que ganhamos presente de casamento dos pais do Justin: uma carruagem com dois cavalos. Na parede da direita, atrás do sofá, tem o arco que me leva à cozinha; na parede dos fundos, a sala de jantar íntima. Na parede à frente da minha linha de visão, três portas balcão dão vista para as montanhas, trazendo uma sensação de calma e tranquilidade.

Mas é claro que eu não sinto essa calma nem esta tranquilidade, estou uma pilha de nervos e não existe nada nesta Terra que me faça relaxar neste sofá e ficar em paz!

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Mas é claro que eu não sinto essa calma nem esta tranquilidade, estou uma pilha de nervos e não existe nada nesta Terra que me faça relaxar neste sofá e ficar em paz!

O ambiente, embora lindo e aconchegante, falta algo. Observo todos os detalhes de decoração, os quadros, os enfeites, os objetos e não sei como, mas sei que tem algo faltando e minha mente perturbada não me deixa saber o que é.

Frustrada, me jogo no sofá, sento, levanto, mexo nas almofadas, apenas para andar pelo cômodo de novo.

Ás vezes, sinto a informação se esgueirando pela minha mente e é quase como se fosse uma memória transformando-se em um filme sobre minha própria vida que decifrará tudo o que está errado. Então, assisto impotente a memória se esvaindo e indo embora, deixando em seu lugar em branco, terrível e silencioso.

Respirando profundamente, desisto, sabendo que por mais que eu queria e force, apenas força de vontade não resolve problema algum.

Ao encher meus pulmões de ar, sinto o cheiro de algo delicioso vindo da cozinha. Molho de tomate com manjericão fresco. Olho em direção à cozinha, que do meu ponto de vista na sala consigo vê-la perfeitamente, e percebo Claire mexendo em uma panela, com uma colher de pau, no fogão.

Dou alguns passos vacilantes e paro no limiar do arco, incerta quanto ao que deveria fazer. Antigamente, eu teria marchado em direção à Claire, encaixado meu queixo em seu ombro, e talvez até mesmo mergulhado meu dedo no molho, rindo enquanto ela ralhava comigo.

Infidelidade #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora