Capítulo 8 - Julianne

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Abro os olhos e suspiro sentindo as dores gostosas da noite anterior. O quarto na penumbra com algumas frestas de luz passando através da janela me mostram que já é de manhã.

Um sorriso largo abre em meu rosto quando me lembro de todas as coisas gemidas e sussurradas neste quarto. Meu Deus, que homem é aquele?! Justin. Seu nome paira na minha mente, enterrando-se e sobrepondo qualquer outro pensamento. Quando será que o verei novamente? Eu não tinha a esperança de encontrá-lo aqui quando amanhecesse, na verdade, fingi estar dormindo quando ele se esgueirou da cama e saiu do quarto de madrugada. Afinal, ele tinha que voltar para a esposa, penso com amargura, deixando meu largo sorriso morrer lentamente com o simples pensamento da esposa dele.

Pela maneira como ele se sentiu culpado e quase não me olhava nos olhos depois do sexo, imaginei que nunca mais o veria novamente. Não existe absolutamente nenhum motivo para eu encontra-lo de novo. Moro nesta cidade há três meses e jamais o encontrara. Suspiro, empurrando a melancolia e a tristeza de volta, respirando fundo, e a cada respiração deixando a alegria de um novo dia me encher novamente.

Pela fresta da porta aberta sinto um cheiro delicioso de café recém feito e meu estômago ronca, reclamando que está há um tempo sem receber atenção.

Dando leves tapinhas em minha barriga, tento acalmá-lo, pois ainda não quero levantar. Quero curtir a preguiça e continuar gravando em minha mente todos os detalhes da noite passada. Não sei quando, nem se, teremos outra noite dessas.

Tenho músculos doloridos que há muito tempo não doíam. Quanto tempo fiquei sem um homem? Não faço ideia. Será que é por isso que estou tão exausta? Noites de sexo costumam ser assim; quer dizer, ótimas noites de sexo costumam ser assim.

Uma gargalhada borbulha na minha garganta e sem conseguir contê-la, eu deixo que o som se propague pelo ambiente.

Meu estômago reclama novamente e agora posso sentir o cheiro de pãezinhos de canela recém-saídos do forno. Sra. Williams está empenhada esta manhã.

— Tudo bem, tudo bem, — converso com meu estômago reclamão — vamos levantar e ver o que de bom encontraremos na cozinha.

Após vestir uma calça de pijamas e uma camiseta e uma rápida passada no banheiro, onde vejo meu reflexo e meu sorriso largo que não quer ir embora, saio do quarto e meu sorriso cai ligeiramente quando vejo o corredor com aquele espaço feio e vazio.

Hoje mesmo irei até o atelier e prepararei algo para cobrir esta parede vazia e feia. Um quadro bem lindo, talvez da vista das montanhas. Algo que me faça relaxar quando passar por aqui.

— Isso mesmo — decido e sigo meu caminho para a cozinha.

Ao chegar no último degrau, ouço vozes. Uma feminina, possivelmente Sra. Williams; e outra masculina que me traz um arrepio na pele.

Entro na cozinha de supetão e vejo Justin e a Sra. Williams conversando enquanto preparam o café da manhã. Os dois sorriem e conversam como se fossem amigos e tenho um pressentimento errado sobre essa cena.

— O que está fazendo aqui? — Pergunto.

Os dois saltam como se fossem ladrões pegos no flagrante e isso só me deixa mais desconfiada.

Justin olhou em direção a Sra. Williams e ambos trocam um olhar preocupado. Cruzo meus braços e espero que algum deles tenha uma explicação.

— Preparando o café da manhã? — Justin dá de ombros, virando-se para pegar a cafeteira e servir o café.

Milhares de perguntas invadem minha mente, por que ele ainda está aqui, por que saiu do quarto, onde foi, o que ficou fazendo? Mas o que me deixa mais suspeita é a maneira como a Sra. Williams parece conhecê-lo intimamente. Não que tenha algo romântico ou sexual nisto, a Sra. Williams é uma senhora muito respeitável que já cuidava da casa quando a comprei. Eu precisava de uma ajudante e simplesmente achei fantástico que ela já estava aqui, assim me pouparia ter que procurar por uma. Além de que, suas referências na cidade eram ótimas.

Infidelidade #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora