Capítulo 10 - Beatriz

92 14 1
                                    

Não sei onde estou. Não sei o que está acontecendo. Onde está minha mamãe?

— Mamãe? Mamãe?

O armário é escuro, mas vejo a luz no quarto. A porta não abre, mas faz barulho.

— Mamãe...? — Sussurro no escuro.

Os sons que ouço daqui são aterrorizantes e fecho meus olhos com força, mas parece que de olhos fechados, os sons ficam ainda mais altos. Portas batem, barulhos de pisadas, gritos e gemidos. Sem poder ver, eu sei quem é ele: o monstro.

— Onde está aquela diaba?

Estremeço com a voz alta do homem e me enterro nas paredes úmidas de mofo do armário.

Tum, tum, tum, tum. Meu pequeno coração dispara e posso ouvi-lo acima de todos os sons. Alguma coisa rasteja pelo meu cabelo, mas paralisada de medo, não me mexo.

Tum, tum, tum, tum. Lágrimas grandes rolam pelo meu rosto e entro em desespero, pois meu nariz está escorrendo e não quero fungar para não fazer nenhum ruído.

A sombra do homem passa pelas frestas da porta do armário e prendo minha respiração com medo de que ele me ouça. Atrás dele vem uma sombra menor; minha mãe.

Assim como eu, ela chora e suplica que ele não faça nenhum mal. Ela para na frente do armário, me protegendo do monstro que quer me pegar.

— Sai da frente — ele grita e tenta empurrá-la.

— Não, por favor, deixe-a em paz — ela chora.

— Você trancou a maldita pestinha em um armário fedorento? — Ele ri. — Meu Deus, você é patética. Agora saia da frente.

— Por favor, não machuque meu bebê.

— Por favor, não machuque meu bebê — ele repete, com uma voz esganiçada, zombando dela.

Fico ali no escuro, sem respirar, os olhos arregalados tentando enxergar o que acontece do lado de fora. Meu coração ainda bate rápido e meu peito mexe para cima e para baixo, com a rapidez da minha respiração.

— Saia da frente — ele berra. E tudo o que ela faz é soluçar mais alto.

Ele levanta o braço e com o punho fechado, acerta com ele em cheio no rosto da minha mãe. Ela perde o equilíbrio, cai e fica em silêncio. Ele empurra-a de lado e abre a porta do armário embolorado de supetão, me fazendo tremer e soluçar.

— Agora é eu e você, garotinha.

Na rua, posso ouvir o som que sempre faz o monstro ir embora: o som da polícia. O vizinho, talvez ouvindo minha mãe gritar, os chamou. O homem mau olha em volta, como se pudesse ver através das paredes e sem nenhum olhar para mim sai do quarto, e um segundo depois, ouço a porta da frente bater com um estrondo.

— Mamãe? — Chamo, mas ela não me responde.

<<<<

Oi...desânimo haushuahsuah brincadeira!

Esse foi um capítulo, embora curto, muito difícil pra mim, escrevi várias vezes pra tirar o tom de deboche, de comédia e de animação. A beatriz está acabando comigo. Ufa! Não sei se ficou crível ou mesmo bonzinho. O que acharam?

Beijos.

>>>>

Infidelidade #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora