Socorrendo Clara

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Acordo cedo no domingo. Não havia conseguido sequer dormir, aquela ligação havia se repetido bem mais em minha cabeça do que ter o coração partido por Klaus. E eu estava um pouco aliviada por isso. A ligação poderia ter sido apenas um trote, tentando me assustar. Eu espero que sim.

Já que não tinha conseguido dormir, levanto logo da cama, e vou organizar o resto das minhas coisas pessoais que Célia não havia organizado. Não a culpo, ela sempre cuidou de mim, posso organizar minhas próprias coisas. Já era quase horário do almoço quando resolvi ligar meu celular. Eu tinha desligado por medo, de que ligassem novamente. Quando liguei, havia recados na caixa postal. Me tremi ao ver. Mas depois relaxei. Eram todos de Clara.
"O que está fazendo? Por quê essa porcaria está desligada? Preciso de você urgente, me liga assim que ouvir isso me entendeu? ME LIGUE"
Haviam mais quatro recados dela, dizendo algo parecido, e me xingando cada vez mais.

- MELINDA! - afastei o celular do meu ouvido, quase ficando surda. - O que estava fazendo? Preciso de você urgente!
- Hã, desculpe Clara, o que precisa? - eu estava meio atordoada, com todo barulho que havia onde Clara estava.
- Estou na rodovia 15, com Klaus, na estrada de Florença. Ele estava aqui desde ontem, e me ligou de manhã para buscá-lo, mas ele começou a dar um show, preciso de você, por favor! - Clara estava desesperada, e a voz de choro estava cada vez mais óbvia.
- Claro, estou indo. Ligo quando estiver na rodovia 15.

Desliguei o celular e pulei da cama, ainda sonolenta. E fui direto trocar de roupa. Chegando na rodovia, liguei para ela para saber ao certo onde era o bar. Chegando lá, a música alta e a gritaria dos bêbados, Klaus estava entre eles. Ele era de menor, não era? Ele estava deitado em cima de uma das mesas de sinuca, segurando uma garrafa de tequila. Avistei Clara ao seu lado, provavelmente lutando para irem para casa. Quando ela me viu, veio correndo, me abraçando e gritando que odiava quando Klaus exagerava.

Lutamos para convencê-lo a ir para casa, mas ele insistia em continuar a beber, virava a garrafa de tequila na boca como água, até apagar em cima da mesa de sinuca. Pedimos ajuda a dois caras grandes que estavam nos observando. Eles o jogaram no meu carro e fomos para casa de Clara. Ela passou viagem xingando o irmão, fizemos cerca de três paradas, em que duas, Klaus vomitou e a outra era só ânsia.

Quando chegamos, nós duas o carregamos até seu quarto. Clara o despiu, e ele ficou apenas com sua cueca. Eu estava vermelha, podia sentir o calor de meu rosto, ele tem o corpo maravilhoso. Ela o levou até o banheiro e o jogou na banheira. Então me retirei. Não podia continuar vendo aquilo, eu estava hipnotizada por seu físico perfeito. Clara riu ao me ver ruborizada, e eu devolvi uma risada sem graça. Sentei na cama. Parei para olhar o quarto. Era branco, com longas cortinas cinzas e a cama king no centro do quarto, o guarda roupa tomava o espaço de quase toda a parede que tinha a porta que ia em direção ao seu banheiro. O quarto parecia de hotel, sem pôsteres, ou nada adolescente.

Bati na porta do banheiro, havia escutado um barulho.

- Está tudo bem ai? Precisa de ajuda Clara? - como não obtive resposta. Entrei no cômodo. Para minha surpresa não havia ninguém. Eu olhei todo o banheiro. Para onde haviam ido, ouvi a porta se fechar atrás de mim.

Senti que havia alguém atrás de mim. Fui tomada por um arrepio na espinha, minha consciência me dizia para não olhar. Mas me virei.

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