Estrada/ A onde vim parar?

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Passava das dez da noite, e a temperatura parecia estar abaixo de 10°C. A estrada estava terrivelmente nublada, dificultando a minha vista. Eu estava me tremendo, apesar do aquecedor do carro estar no máximo, eu havia adquirido um certo medo de situações como essa, era como algo clichê. Estrada nebulosa, frio demais. Mas, calma Melinda, você vai chegar em casa bem.

Eu havia parado no sinal. O vento parecia estar forte lá fora, as árvores balançavam de forma intensa. Eu estava sentindo uma sensação estranha, como se tivesse sendo observada. A estrada estava vazia, a não ser pelo meu carro. Resolvi sair sem esperar o sinal verde, eu estava nervosa, então comecei a acelerar. Foi então que senti uma pancada forte na frente de meu carro, apertei o freio do carro, deixando marcas de pneu na estrada. Mas eu não havia visto nada. Nada que eu podia ter batido. O nervosismo me cercava, algo me dizia para não sair de maneira alguma do carro. Tentei olhar ao redor. Meu farol já estava no máximo, mas ainda não enxergava quase nada.

Busquei um casaco mais grosso no carro. Fui para frente de meu carro, mas não havia nada, nem um amassado. Comecei a ficar com medo, teria sido aquilo coisa de minha cabeça? Quando me virei de volta, havia alguém atrás do carro, coloquei as mãos em frente ao rosto, tentando enxerga-lo, mas as luzes do farol não permitiram.

A sombra deu a volta no carro, e estava vindo em minha direção, pelo lado oposto do motorista, eu não o reconheci. Nenhum de seus traços físicos, o desespero tomou conta e disparei em direção a porta do motorista, entrei no carro e travei as portas. Eu estava tremendo tanto, que mal conseguia girar a chave para ligar o carro. Então, mas rápido do que pude perceber. A pessoa se jogou em cima de meu carro, tentando quebrar o parabrisas de toda maneira, e com um murro, ele conseguiu abrir um buraco, a força dele era sobrenatural. Pela feição de seu rosto, pude perceber que era um homem. Ele agarrou meu pescoço, e estava apertando com toda a força. Eu estava quase desmaiando. Quando um outro ser o bateu de uma maneira que ele voou cerca de 3 metros. E então uma briga violenta começou entre os dois. Eu estava em desespero. Minha vista ameaçando falhar, então, apaguei de vez.

Estava tudo escuro, então desci e fui em direção ao interruptor de meu quarto. Mas não o achei, tinha certeza de que era ali. Olhei ao redor do local. E vi uma fresta que parecia ser a janela, havia uma luz fraca da noite saindo de lá, e então a abri, para ver se iluminava mais o quarto. Então as puxei. Prendi meu ar na hora. Não era a vista que eu tinha do meu quarto! Não era o meu quarto! A onde eu estava?

Desesperadamente, busquei por meu celular em meus bolsos, mas lembrei que o havia deixado na bolsa. Eu ainda estava com o casaco grosso, e então o tirei. O quarto estava quente, ele parecia arrumado, e apenas a cama estava desarrumada. Ele parecia ser claro, e havia apenas uma escrivaninha e criado-mudo ao lado da cama. Avistei minha bolsa em cima da escrivaninha. Então corri para procurar meu celular, eu o achei, mas estava apenas com 1%. Já passavam das três da manhã, liguei a lanterna dele, e procurei o interruptor do quarto. Ficava ao lado da cama. Ao acender a luz, meu celular descarregou. O quarto era de um tom de branco pastel com janelas enormes e sem sacada. Haviam uma porta a mais, além da que poderia ser de saída. Peguei minha bolsa, que era na verdade uma mochila e saí em direção a porta de saída. Pra minha sorte, ela não estava trancada.

A abri da maneira mais leve possível. Seja quem for que houvesse me trago aqui, não poderia me escutar. Ao sair, avistei um corredor enorme, com mais duas portas, ele tinha uma escada em um dos lados, imaginei que era por ali que poderia sair. Eu estava certa, a escada dava na sala, era uma sala pequena e simples, com vários móveis antigos. A luz da cozinha estava acesa, e então ouvi vozes, corri e me abaixei atrás de um dos sofás.

- O que acha que devemos fazer com ela então? Já que não a quer morta? - eu gelei, por quê alguém iria me querer morta? A voz era grossa, de um homem, levantei um pouco minha cabeça para olhar. Um homem mais velho havia sentado na poltrona ao lado da escada. E havia mais dois em pé ao lado dele, um homem aparentemente de meia idade, e um mais jovem, não pude reconhecer nenhum dos três, e podia ver o rosto apenas do idoso sentado.
- Eu a quero viva para completar o ritual, se o seu sangue for derramado, eu irei conseguir os poderes que tanto almejo. Se ela morrer antes, não poderei completar o sacrifício. - o mais velho respondeu.

Eu não estava entendendo mais nada daquilo. Me sentei sem forças, foi então que não havia visto o vaso de plantas ao lado do sofá, e o derrubei. Droga! Falei baixinho. Mas eles me ouviram. Rapidamente, o que aparentava ter meia idade se posicionou a minha frente, o que me fez gritar assustada. Tentei correr em direção às escadas, mas ele me alcançou e me agarrou pelo braço.
- Olhe o que encontrei meu senhor, tentando fugir!
- Muito bem Frederick. Traga-a para mim, preciso olhar a garota que me tirará deste tormento. - o idoso respondeu. Ele me jogou na frente do idoso, que colocou gentilmente, sua mão em meu queixo e ergueu minha cabeça. Ele não era idoso, por que eu o teria visto daquela forma? Ele tinha a pele branca e fria, era ruivo e tinha os olhos cinzas, e aparentava apenas ser adulto e mais novo que o que aparentava ser de meia idade. - Vejo que és muito bonita minha cara. Uma pena que terá de morrer. - aquelas palavras me paralisaram. - Kaleb, leve-a de volta ao quarto.

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