Chegando em casa, apenas joguei minha bolsa em cima da cama, e sentei em frente ao meu notebook. Havia um email. Quem, em pleno século 21 ainda enviava email? Abri, ansiosa. Era de meu pai:
Querida Melinda,
Seu dinheiro já está na conta, espero vê-la logo, sinto saudades.
Papai.
Eu sabia que não tinha sido meu pai que havia escrito o email. Seus emails eram de maneira tão formal, que nem parecia que eu era sua filha. Além do mais, se tivesse sido ele, teria sido algo parecido como "depositei seu dinheiro na conta, cuide bem dele". É sua secretária, Britney, ela sente pena e tenta amenizar as coisas. Como se eu não soubesse.
Como amanhã é sábado, esse dinheiro veio em boa hora. E eu estava precisando de roupa nova, para usar nesse clima tão confuso de Florença. Fui em busca de meu celular por todo o quarto, ele sempre some, incrível! Procurei o número de Clara, para ver se ela estaria disponível para ir comigo amanhã, por sorte, ela havia pedido o meu número na semana anterior, e me enviado um emoji de gatinho para que salvasse o seu.
No sábado o tempo amanhece mais frio que os outros dias, exigindo um pouco mais de agasalho. A preguiça estava pesando e me impedindo de sair debaixo das cobertas. Havia combinado para que Clara viesse as 10:30, e ainda eram 7 horas. Resolvi dormir mais um pouco, já que ainda estava cedo.
Ouço varias batidas na porta, ainda adormecida, olho no relógio. Droga, já era quase 10:40, Clara já devia ter chegado.
- Oi? - digo, ainda esfregando os olhos.
- Querida, sua amiga está lá em baixo lhe esperando. Digo para subir? - ouço a voz de Célia abafada pela porta.
- Hã, sim Célia. - pulo da cama, ainda sonolenta. Abro a janela, o clima estava nublado, as nuvens carregadas me impediam de ver quase tudo, a não ser os prédios que haviam do lado.Tomo um banho rápido, meu cabelo estava comportado, não precisei molhar. Visto meia calça, um vestido preto que desenhava todo meu corpo, sobre-tudo e botas até o joelho, bem a cara de inverno, minha estação favorita. Quando volto para meu quarto, vejo Clara apreciando a vista nublada da cidade.
- Seria uma vista perfeita se não fosse as nuvens. - ela indaga, entretida.
- Seria, mas eu adoro esse clima, escuro e frio. - disse, fazendo um rabo de cavalo preguiçoso em meu cabelo.
- Você é estranha. - Clara respondeu, olhando em minha direção. - Por que não os usa solto? Seu cabelo é comprido e lindo, é um desperdício os amarrar.
- Não sou fã de cabelo solto, só em casos especiais. - solto uma riso constrangido, raramente o uso solto, ele é enorme e liso, mas me incomoda, principalmente em dias de vento. Mas jamais cortaria, não me pergunte o por quê.Fomos a quase todas as lojas do centro de Florença, estávamos carregadas de sacolas e extremamente cansadas. Paramos em um restaurante no centro para almoçar, quase 2 da tarde. Lá contei a Clara sobre a visita inesperada que seu irmão havia feito em minha casa. Ela havia dito que iriamos formar um belo casal. Mas não contei a ela, a parte em que eu era perdidamente apaixonada por seu irmão.
Na volta, passei na casa de Clara para deixá-la. Mas ela insistiu para que eu entrasse, insinuando que seu irmão estaria em casa. Acabei concordando, afinal, você sabe o porquê. Mas Klaus estava aos beijos com Mariane. Ela estava em cima dele no sofá fazendo movimentos de vai e vem, por sorte ainda estavam vestidos. Fiquei paralisada. Pareciam que estavam esmagando meu coração. Eles pararam e Mariane viu nós duas os olhando, pasmas. Eu podia sentir que o sangue de meu rosto havia fugido, estava provavelmente, da cor de um morto. Klaus levantou depressa. Ao me ver, seus olhos se arregalaram, Clara, assim como eu, não teve reação com aquilo tudo. Eu estava destruída e sentia que estava prestes a desabar. Só virei as costas e me retirei.
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Mais que um lugar.
FantastikMelinda pensava que após mudar de cidade, tudo iria mudar, apesar de ingressar já no 2 ano do ensino médio, seria uma nova escola, poderia ter amigos. Principalmente amigos, esperava que pudesse finalmente, ter amigos. Mas tudo mudou a partir de sua...