POV Daenerys
Século XII (1117)
As circunstâncias em que fui obrigada a abandonar minha família, me incentivaram, de uma forma ou de outra, a me esconder do mundo e de todos. Quando criava os novos feitiços, criava também, uma consequência para caso eles fossem usados para outros propósitos. Não sei bem que tipo de feitiço fiz, mas tenho certeza que um loop infinito de consequências se criou espontaneamente.
A cada esquina que viro... A cada beco que entro, posso sentir a presença de alguém me perseguindo. Não sei bem quem é ou o que é, mas há. Isso ninguém pode descordar.
Os anos foram se passando gradativamente. Eu não saia mais do esconderijo em que ficava. Até mesmo o ruído de ratos me assombravam e me deixavam apavorada. Sei que é covardia me esconder assim. Sei que provavelmente, por eu ser uma bruxa, não deveria temer, mas eles são a minha família. Não posso garantir, mas se existe a possibilidade de eu estar sendo seguida, é por eles. E por mais que eu possa, coisa que sei, não conseguiria matá-los. A razão para eles estarem assim, é justamente por conta do medo que tenho em ficar sozinha novamente.
Isso, e o fato de serem meu marido e meus filhos, deveria justificar a razão de eu não fazer nada para pará-los. Mas eu tenho medo. Medo do que possa sentir quando encontrá-los mais uma vez. Medo do que eles possam fazer comigo se me encontrarem novamente. Mesmo que não possam me matar.
A imagem perturbadora daquela criança sendo despedaçada em uma quantidade de pedaços que não pude contar, não sai da minha cabeça. Todas as noites, quando vou dormir, ela vem à minha mente e dizima com quaisquer chances que eu poderia ter, de ter uma boa noite de sono.
Ainda assim, vi os anos se passarem lentamente e não fiz nada. Chegou num determinado momento, em que comecei a acreditar que eles não me caçavam mais, e aos poucos, claro, ainda temendo muito, passei a sair. Primeiramente, eram saídas rápidas, depois, uma certa confiança tomou conta do meu ser, e eu mais nada temia.
Não tive coragem de voltar ao vilarejo que vivia antes. Mesmo que quase trinta anos tenham se passado, e nesse meio tempo, eu somente conseguia o necessário para sobreviver, ainda não tinha estômago para reviver aquele dia.
Fiz novas amizades. Arrumei um emprego como garçonete em um bar local, e tentava manter uma vida estável, normal, e sem a prática de magia. Meus sentimentos permaneciam abalados, e emoções aniquilam com mágica. Aniquilam com poderes de qualquer ser sobrenatural.
— Acho que já deu por hoje. — Leandro, o dono do bar, e que me ofereceu esse emprego quando me encontrou sentada em um banco numa noite de chuva, falou.
Contei a ele que perdi minha família numa grande tragédia, em parte era mesmo verdade. O achei confiável mesmo sem a magia, entretanto, a cabeça dos seres humanos são muito fechadas para acreditarem em coisas teoricamente impossíveis para eles.
— O expediente ainda não acabou. Você me contratou para trabalhar. Eu recebo um salário, mesmo não sendo muito, vale ressaltar, para isso. Não é? — Ele riu, e eu acabei o acompanhando.
— Você está cansada.
— Não estou. Faz mais de uma ano que trabalho com você, estou acostumada a tudo isso. E estou, principalmente, feliz por estar aqui com você. Você é um grande amigo e me ajudou.
— Aquilo ficou no passado. Eu faria com qualquer pessoa. — Olhei para o bar que estava cheio de pessoas bebendo e rindo à toa. — Está uma noite cheia, precisa de ajuda.
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Me apaixonei por um Vampiro (História Gay)
VampiriKen Kern, com apenas dezessete anos, corpo magro contrastando com sua pele branca e cabelos negros, com olhos tão verdes que assemelham-se a esmeraldas, mergulha de cabeça num mundo completamente incomum. Vive com seus pais e irmãos mais novos, e te...