Três semanas antes:
- Como é que tens a lata de estar aqui com esta gaja como se nada se tivesse passado? – era muito raro o João falar pelas amigas mas quando chegaram os quatro ao liceu no dia 15 de setembro e viram Penelope agarrada, literalmente, ao pescoço de Colin, João ao ver que Francesca estava com os olhos esbugalhados e cheios de lágrimas sem conseguir reagir sentiu-se na obrigação de intervir.
- Vê lá como falas, não sou uma simples reles como tu e as tuas amigas. – Penelope sempre no seu pedestal imaginário com uma voz tão irritante como o entoar de uma gaivota.
- E tu não dizes nada Colin? – Gina preparava-se para dar início a um grande discurso e sobretudo a uma grande discussão mas seguiu Francesca que sem desprender um único som entrou pelas portas do liceu e desapareceu com ar sofrido.
- Não vos devo justificações nenhumas. Posso estar com quem quiser até onde sei, é melhor correres atrás da tua amiga histérica e da outra que saíram daqui com ar desconfortável.
- Eu acabo contigo! – João precipitou-se para a frente prestes a esmurrar o rosto de Colin que provocava, precisamente à espera disso porque não aguentou ver os olhos cheios de tristeza de Francesca e queria ser castigado por ter causado tanta dor naquela rapariga que ele tanto adorava. Adorava no passado, sim porque isso acabou há cerca de 48 horas quando viu uma fotografia dela agarrada aos beijos a outro rapaz que ele ainda desconhecia a identidade mas não tardava muito até descobrir. Mas o Tiago amarrou o braço do amigo a tempo e começou a arrastá-lo para dentro com alguma dificuldade, mas não foram sem antes dizer umas palavras ao irmão.
- Espero que te estejas a sentir como realmente és Colin, uma grande merda! – virou costas e continuou com o João no braço o que era um bocado difícil tendo em conta que tinha quase o dobro do seu tamanho.
E Colin continuava estático enquanto Penelope disparatava coisas que eram impossíveis para ele de ouvir, tinha o pensamento demasiado perdido para prestar atenção a qualquer palavra que ela dizia, e a verdade é que o irmão tinha razão ele sentia-se mesmo uma merda, para além de ter dado o troco deixando uma rapariga atirar-se a ele em frente a Francesca, deixou que fosse precisamente Penelope a fazê-lo, não a podia ter magoado mais, ele sabia que esta já lhe tinha tornado a vida num inferno vezes sem conta no passado, mas no momento a raiva que sentia era tanta que só a queria magoar como ele se sentia magoado. A verdade é que quando ele se sentiu demasiado mal, já tinham passado uns dias e ela já não estava mais no liceu e ao que tudo indicava tinha até um interesse amoroso novo, interesse esse que era amigo de Colin, Rodrigo, e então Colin com o desgosto de ter sido esquecido tão rápido e o orgulho de ter sido trocado pelo amigo decidiu deixar as coisas como estavam e nunca tirar satisfações sobre a fotografia que o afastara.
§
Colin sabia, ele sabia assim que abriu a porta da lanchonete para entrar que Francesca estava de pé junto a uma mesa perto da janela grande, mas Colin também sabia que não podia olhar para ela e correr o risco de correr na sua direção e pegá-la nos braços, e como ele desejava fazer isso, desde que ela começou a trabalhar no cantinho há duas semanas que Colin passa mais tempo a beber cafés e águas com gás do que bebeu em toda a sua vida, embora nunca tenha voltado a falar com Francesca e ela nunca atenda a mesa deles, facto esse que ele acha ser propositado, a simples sensação de estar no mesmo metro quadrado que ela bastam para ele se sentir bem.
Deixa-o de facto triste que ela pareça sempre tão infeliz, se pelo menos ele soubesse o que lhe aconteceu para ela estar a trabalhar naquele lugar e ter deixado a escola, não se pode dizer que ela precise do dinheiro ou que não gostasse da escola, é uma das melhores alunas que ele conhece, então o gosto que ela nutre pela arte, o gosto pela arte que os uniu em primeiro lugar, Colin começa a ficar perdido nos seus pensamentos de como se conheceram, ou mais precisamente de como começaram a falar, porque na realidade já se conheciam fazia pelo menos 2 anos que partilhavam algumas aulas e mesmo que não partilhassem, todos conheciam Francesca Roquefor, filha do presidente da câmara Charles Roquefor e da decoradora por diversão Silvana Roquefor, o que o fazia entender ainda menos o porquê de ela trabalhar numa lanchonete.
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Eterno Amor
RomanceColin e Francesca vivem um amor de adolescência, sofrem consequências de adolescentes. Separados por uma mentira durante anos vão voltar a reencontrar-se. Mas estarão eles dispostos a viver um amor adulto e deitar o passado para trás das c...