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Dez anos depois

V. Carolina

Finalmente chegou o grande dia, em frente ao espelho acabo de meter o rímel e asseguro-me de que o cabelo está exatamente como eu queria. Olho para o relógio e restam-me apenas alguns minutos então coloco o vestido cor champanhe que está pendurado na porta do armário onde a minha mãe o deixou mais cedo e quando me olho ao espelho não podia estar mais feliz.

Batem à porta e apresso-me para abrir mas o meu pai antecipa-se e abre-a antes de mim.


- Posso entrar filha?

- Sim, já estou pronta.

- Estás tão linda.

- Obrigada, e o pai todo charmoso de smoking.

- Posso-te acompanhar?

- Com todo o prazer.


Desço as escadas de braço dado com o meu pai e o tio Tiago já está no sofá à espera dele.


- Estava a ver que não. Estamos a ficar atrasados. Querida sobrinha estás linda, como sempre.

- Sim tio leva lá o meu pai que eu preciso de ver da minha mãe.

- Ela está no quarto há horas com a Gina.

- MULHERES! – exclamam os dois em uníssono.

- EIH! Vão-se lá embora.


Eles saem e eu volto a subir mas desta vez para tratar da minha mãe que deve estar mais nervosa que nós todos juntos. Bato à porta e quando me respondem que posso entrar é o que faço e quando os meus olhos pousam naquele anjo vestido de branco que se encontra à minha frente sei que estou na família certa.


- Carolina. – vejo a emoção nos olhos da minha mãe e impeço-a de se emocionar ou vai estragar a maquilhagem toda, e a nossa também.

- Mãe não temos tempo para conversas. Vamos embora!

- A noiva tem de chegar atrasada.

- Se a noiva se atrasa muito desconfio que o Colin vem buscá-la não tarda.

- O meu pai acabou de sair com o tio.

- E os gémeos?

- Também já foram. Já só faltamos nós.


Chegamos ao parque onde os meus pais se conheceram, o mesmo onde eu também o conheci afinal de contas, ainda não sabia quem era mas lembro-me de ter gostado dele, conhecia-o apenas dos retratos que a minha mãe tinha expostos na galeria ou escondidos na gaveta do armário, estava longe de pensar que a estrela de futebol era também o meu pai. Mas desde que fomos apresentados oficialmente como pai e filha nunca mais me deixou, nem se afastou. Por momentos chega a ser aborrecido o pai galinha que ele acaba por ser. Passou o secundário a afastar os rapazes que mostravam interesse por mim, e passou horas a dar-me lições para que assim eu pudesse saber se as intenções eram boas ou não, acho que no fundo ele só não queria que eu encontra-se alguém como ele que engravidou e abandonou a minha mãe. Mesmo ele não sabendo do que se passava compreendo que não queira que o mesmo me acontecesse, claro que nem precisava de me dar essas lições todas porque a única coisa que me interessava era entrar para uma universidade com equipa de futebol feminina, e digamos que ser filha dele ajudou e muito, viver numa cidade em que só a equipa masculina é que tem louros, mas tudo isso mudou quando a filha do famoso goleador entrou para a equipa de futebol feminina. Pela primeira vez em anos apareceram em capas de revistas.

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