VII

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- Colin. Colin. – era quase um sussurro que saía da boca de Francesca quando começou a ganhar sentido, Gina precipitou-se para junto dela.

- Francesca, estás no hospital.

- Gina? – levou as mãos à barriga com expressão de pânico no rosto como se tivesse acabado de se lembrar tudo o que tinha acontecido – como está o bebé Gina?

- É melhor ser o médico a falar contigo. Vou chamá-lo.

- Gina...

- Sim?

- O Colin?

- Está na sala de espera desde que chegamos, já o mando entrar.

- Não! Não lhe digas que acordei, não o quero ver agora. Por favor!

- Ele já sabe Francesca.

- Não consigo olhar para a cara dele agora.

- Está de rastos, se o visses.

- Depois Gina por favor.


Gina esperou na sala com os amigos e Colin enquanto Francesca falava com o médico que a informava do seu estado, tinham passado já uns bons vinte minutos quando Colin foi chamado para ir ao seu quarto.


- Francesca, por favor diz-me que estás bem. – claramente ela não estava bem porque tinha os olhos cheios de lágrimas e o rosto cheio de sofrimento.

- Eu estou bem.

- Porquê que não me disseste?

- O quê Colin?

- Porquê que não me disseste que estavas grávida?

- Como tu bem disseste andei com tantos como haverias de saber que o meu bebé era teu?

- Eu sei que é meu Francesca, eu sei.

- Tens razão, ele era teu. – lágrimas começam a cair pelo rosto de Francesca e uma expressão de horror surge no rosto de Colin.

- Como assim era meu?

- Já não existe bebé nenhum Colin, podes voltar para a Penelope.

- Não! Isso não pode ser verdade, diz-me que não é verdade.

- Sai daqui Colin por favor, não suporto olhar para ti por favor sai.

- Perdoa-me Francesca por favor perdoa-me.

- Tu deixaste-me sem aviso, brincaste comigo e ainda me fizeste perder o meu filho, eu nunca te vou perdoar Colin. NUNCA.

- Eu não sabia. Eu não queria Francesca. Lamento muito.


Ela não conseguiu falar, nem conseguia perdoar Colin pelo que a havia feito passar, abandonara-a sem lhe ter dito nada, envolvera-se com Penelope e porque ele estava bêbedo e tinha entrado numa confusão ela tinha caído das escadas e estava no hospital. Ele partiu com lágrimas a cobrir-lhe todo o rosto e ela ficou exatamente no mesmo estado. Mas eram os dois demasiado teimosos para falar tudo que sentiam.


- Posso entrar?

- Claro que podes Gina.

- Estás melhor?

- Estou, tomei uma decisão, já estava decidido antes de termos saído hoje mas não houve altura certa para o fazer.

- Conta-me estás-me a deixar preocupada.

- Vou para a Suíça Gina. Parto depois de amanhã.

- Não podes ir, o que vai ser de mim sem ti?

- Eu não aguento ficar aqui, não posso.

- Querias estar perto do Colin por isso foste para a lanchonete perto do liceu, ele agora já sabe, está tudo como tu querias. – Francesca forçou-se para prender as lágrimas mas não conseguiu.

- O Colin é a ultima pessoa que eu quero ver perto de mim, a culpa de eu estar aqui é dele, jamais o vou perdoar.

- Oh Francesca. – Gina ficou sem forças para tentar convencer a amiga a ficar e no fundo sabia que ela precisava disto, era o melhor para ela, mudar de vida esquecer aquilo que tanto a magoou. Abraçou-se a ela e as duas choraram durante largos minutos. – Vou sentir saudades tuas.

- Sabes que me podes visitar tonta.

- Eu sei, e eu vou mas não vai ser a mesma coisa acabar o liceu sem ti.


§


Ele estava perdido, tinha bebido fumado e estava perdido, sentia uma dor que nunca tinha sentido antes, uma dor demasiado forte para um jovem de 18 anos. Quando Colin voltou para visitar Francesca no hospital no dia seguinte ela já não estava lá e então ganhou coragem e foi até a casa dela mas o informaram de que ela não estava e não voltaria nos próximos meses, por muito que ele insistisse recusaram-se a dizer-lhe onde ela estava. E aqui estava ele sentado debaixo da mesma árvore que falaram pela primeira vez a sentir-se como um vidro prestes a partir a qualquer segundo. Viu ao longe Tiago aproximar-se e começou a gritar para que ele se despacha-se porque tinham um assunto sério a tratar, pelo seu tom de voz Tiago reparou no mesmo instante que o irmão estava fora do seu estado e deu uma ligeira corrida na sua direção.


- Colin vamos para casa olha para o teu estado.

- Onde é que ela está Tiago?

- Não sei, não sei mesmo, só sei que...

- Só sabes o quê?

- Só sei que saiu do país por isso não é provável que a vejamos em breve.

- Como assim saiu do país? Ela não me pode deixar.

- Desculpa dizer isto mas foste tu que a deixaste.

- Ela é que andou ai a beijar... ela é que andou ai a enrolar... ela é que andou ai a beijar outros... a beijar outros nas minhas costas.

- Estás bêbado não dizes coisa com coisa, vamos para casa.

- Sabias?

- Sabia o quê Colin?

- Sabias que ela tinha outro?

- O único namorado que ela teve foste tu, até a teres deixado sem dizer porquê.

- Não preciso... não preciso dizer porquê... ela estava... eu estava... eu vinha ter com ela aqui... aqui Tiago nesta mesma árvore... eu vinha ter com ela e... e foi quando eu tava a sair de casa que... que a vi...

- Viste o quê?

- Via aos beijos com outro. – palavras cuspidas com raiva, nojo e dor.

- Onde é que a viste então espertalhão?

- Vi numa fotografia... uma fotografia que... uma fotografia que a... que a... como se chama? A Penelópe (fala o seu nome com um tom zombeteiro francês) me mostrou. – Tiago cerra ligeiramente os olhos o suficiente para que Colin perceba o que acabou de dizer – claro! Que burro, não havia beijo nenhum pois não?

- Não Colin e se foste imbecil ao ponto de acreditares em qualquer coisa que a Penelope te mostrou sem mesmo teres questionado a Francesca devias pensar no que sentias realmente por ela. Mas vamos deixar isso para outro dia que hoje não é o melhor.


Colin passou o caminho para casa agarrado ao irmão, a fazer constantes paragens para vomitar e lamentar-se de ter sido tão obtuso e ter acreditado sem mesmo ter questionado Francesca e a ter deixado sem uma única justificação, mas o que ele sentia doía demais para ele correr o risco de a ouvir negar e mentir-lhe na cara.

Eterno AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora