VI

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Francesca estava sentada aos pés de uma grande árvore com uma cor verde e com um odor que fazia sentir o verão em toda a sua plenitude, o odor a relva acabada de cortar, os pássaros a cantar pousados nos ramos que serviam para a aliviar ligeiramente do calor insuportável do sol que batia especialmente forte naquele dia. Estava concentrada a desenhar uma paisagem que se encontrava na sua frente quando de repente deixou de ser possível ter noção das sombras que tentava fazer com a ajuda de um lápis. E lá estava ele, a razão da sua dificuldade em se aperceber dos bons traços de sombra, Colin Laqueiulle postado na sua frente obrigando-a a olhar para cima para onde ele se encontrava com um sorriso travesso e provocante estampado no rosto, ele sabia como mexer com os nervos de Francesca sem ter de se esforçar muito, mas assim que os olhos dela tocaram nos dele sentiu um calor eminente e inexplicável percorrer-lhe o corpo desde a ponta dos pés até à nuca.


- Isso tem solução? – perguntou Colin com um tom de voz bastante sincero e interessado.

- Estás a tentar fazer-me sentir mais ridícula por não ter segurado bem os meus desenhos ao ar livre?

- Claro que não, está um dia abafado ninguém podia prever aquele vento, e se me tivesse apercebido de que eram desenhos não os tinha segurado com o pé. – de certa forma aquela confissão fez Francesca sentir uma ligeira afeição por ele e com um sorriso sincero respondeu-lhe.

- Não tinhas como saber.

- Desculpa se os estraguei, são mesmo muito bons.

- Obrigada, e eu é que me desculpo por ter gritado contigo e ter-te insultado. – Colin não conseguiu resistir àqueles olhos sinceros e aquele sorriso cativante que fez a sua coluna se retesar toda e sem que se desse conta estava sentado ao lado dela debaixo de uma árvore de jardim.

- Posso ver?

- Ver o quê?

- O resto dos teus desenhos?

- Não sei, os meus amigos não costumam ver os meus desenhos Colin. – Deus como ele adorava ouvir o seu nome nos lábios daquela rapariga.

- Ainda bem que não somos amigos então, posso ser mais sincero.

- Pois talvez uma opinião sincera não seja má ideia.- estava com vergonha de os mostrar, nunca se sentiu à vontade para os mostrar a ninguém mas por algum motivo sentia uma enorme vontade de saber a opinião da estrela de futebol do liceu.

- Então posso?


Não foi preciso responder que sim Francesca tinha acabado de lhe entregar o seu dossier que continha diversos desenhos, de paisagens campestres, citadinas, desenhos de animais, rostos que Colin desconhecia e outros que ele conhecia bem entre estes o do seu irmão Tiago. Com uma expressão séria no rosto virou os olhos penetrantes para Francesca que o observava como se a sua opinião valesse diamantes.


- Importaste de não ficar tão calado a olhar para mim?

- Não sei o que dizer.

- Um simples são bonitos bastava.

- Mas eles não são bonitos Francesca. – e quando os olhos dela começaram a encher-se de deceção não com ele mas com ela própria ele apressadamente acrescentou – são muito bons mesmo, este por exemplo parece quase uma fotografia do meu irmão.


O seu rosto pálido ganhou então duas rosetas bem vermelhas em cada lado e os olhos brilhavam de alegria graças ao elogio de Colin.


- Obrigada, dizeres que eram bonitos teria bastado.

- Não consegues aceitar um elogio uma vez que seja e agradeceres sem rodeios.

- Obrigada Colin.


E lá estava ele novamente, este arrepio constante ao ouvir o seu nome sair daqueles lábios. Ela gostava de dizer o nome dele, gostava da sensação que tinha na boca quando o mencionava e gostava ainda mais de ver a reação que isso causava no corpo dele.


- Queres vir comer um gelado comigo? – por que diabos ele a convidara para irem comer um gelado, tinha os olhos arregalados de admiração, por vezes gostava de conseguir controlar tudo que dizia. Francesca ficou admirada com o convite que ele lhe fizera mas acabara por aceitar sem saber bem porquê, talvez fosse apenas o facto de estar imenso calor e um gelado saber bem, ou talvez mesmo o facto de que agora que tinham finalmente falado não quisesse que deixassem de o fazer.

- Obrigada pelo gelado, com este calor é perfeito.

- Não foi nada demais, posso-te deixar em casa?

- Não te precisas de incomodar eu vou de metro é num instante.

- Eu vou-te levar Francesca estou de mota é ainda mais rápido.

- Tudo bem então não digo mais nada.

- Linda menina.

- Desculpa?

- Nada! Vamos lá.


Estavam em frente à casa dela mas nenhum dos dois parecia ter vontade de se afastar, desceram ambos da mota e ali continuavam a olhar um para o outro a olhar para os pés para o céu, ela não entrava ele não ia embora, foi então que ele deu um passo em frente na direção de Francesca de modo a que apenas uma corrente de ar passava entre os dois, colocou os dedos no seu queixo e a forçou a olhá-lo nos olhos, tinham um olhar intenso e profundo e cheio de desejo, ela arfava e ele conseguia sentir o peito dela subir e descer de forma descontrolada e acelerada, foi então que ela abriu ligeiramente os lábios incentivando-o a beijá-la. Ele fechou ou olhos e os seus lábios tocaram nos dela ligeiramente de um lado para o outro, ela estava ereta sem mover um único membro do corpo, Colin passou de um beijo ligeiro a um beijo mais profundo e intenso começando então a explorar a boca dela com a língua e as mãos foram do queixo até à nuca e então desceram pelas costas até ao rabo, todo aquele corpo inocente a ser saboreado por ele.


- Francesca, sabes que um beijo se dá a dois. – assim que murmurou estas palavras ao seu ouvido foi como se ela tivesse realizado o que se estava a passar em frente à porta de sua casa, Colin Laqueuille estava a beijá-la, aliás ele estava a fazer mais do que isso, ele estava a despertar nela sensações e emoções que não tinha sentido de todas as vezes que havia sido beijada, aquele beijo sabia bem, ela começou então a mexer as mãos agarrando-lhe o rosto e mexendo os dedos nos cabelos escuros e sedosos, tinha uma mão a passear pelas largas costas definidas. 


O beijo deles estava cada vez mais exigente, os corpos ardiam e as unhas de Francesca já começavam a arranhar as costas de Colin mesmo sobre a fina t-shirt, os cabelos dela já não estavam presos com um lápis mas sim a cambalear de um lado para o outro. Todo aquele ardor foi interrompido pelas primeiras gotas que começavam a cair do céu, um enorme temporal os fez separar e desfazer em gargalhadas enquanto Francesca corria para dentro de casa e Colin rezava em cima da sua mota para não chegar a casa muito molhado e constipar.

Eterno AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora